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Análise | Lenovo Legion Y530 agrada com desempenho básico, mas peca no preço

Por| 31 de Maio de 2019 às 09h19

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Sergio Oliveira
Sergio Oliveira
Lenovo Legion Pro

O mercado de PCs gamer está cada vez mais atraindo a atenção das fabricantes tradicionais de computadores, que há poucos anos viram nesse nicho o segmento perfeito para vender máquinas mais parrudas, deixando de lado, pelo menos no papel, o conceito de Ultrabooks. Também não é para menos: o público gamer é voraz e quase sempre está disposto a pagar mais algumas centenas de reais para ter o que há de mais novo para jogar.

Com isso em mente, e vendo o surgimento de cada vez mais marcas especializadas no tema, a tradicional Lenovo, maior fabricante de computadores do mundo, resolveu participar da festa e reivindicar sua fatia de mercado. Para isso, ela lançou os notebooks gamer Legion, que, no Brasil, atualmente contam com duas linhas: a Y530, de entrada, e a Y720, com especificações intermediárias.

Falando especificamente da Y530, a chinesa comercializa dois modelos diferentes por aqui. São eles:

  • Legion Y530 81GT:Intel Core i5-8300H, GeForce GTX 1050 com 4 GB, 8 GB de RAM e 1 TB de HDD (5400 RPM)
  • Legion Y530 81M: Intel Core i7-8750H, GeForce GTX 1060 com 6 GB, 16 GB de RAM, 1 TB de HDD (7200 RPM) e 128 GB de SSD PCIe
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As especificações e propostas dos equipamentos são bem distintas, com o primeiro servindo como porta de entrada para quem está em busca de seu primeiro notebook gamer. Já o segundo é uma versão revisada, lançada recentemente, e com especificações mais robustas. Com ela, a fabricante mira um público que está querendo sair do basicão, mas que ainda assim não tem condições de saltar para modelos intermediários, tampouco pagar uma fortuna em uma máquina topo de linha.

O Canaltech teve a oportunidade de testar a versão mais básica (81GT) desse conjunto para ver como ela se sai rodando não só os jogos mais recentes, mas também executando tarefas do dia-a-dia no trabalho. Será que o Legion Y530 é bom? É o que vamos conferir a seguir.

Design

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O Legion Y530 é um notebook gamer curioso. E falo isso não porque ele vem equipado com LEDs e recursos de pirotecnia, não. Não é nada disso. É, na verdade, justamente o contrário. O equipamento da Lenovo segue o que aparenta ser uma tendência recente para esse tipo de produto e conta com um visual muito, mas muito sóbrio. A discrição é tamanha que dá para confundi-lo facilmente com um notebook da linha ThinkPad.

O visual é quadradão, com linhas bastante conservadoras e cantos levemente arredondados. Sabe aquelas cores vibrantes e que contrastam com a coloração principal da carcaça? Então, nem isso o Legion Y530 tem. Ele é todo preto e fosco, e as únicas duas coisas que "destoam", por assim dizer, são a iluminação do teclado (que tem três tons de branco) e do símbolo que fica na parte de fora da tampa coberta por uma textura de sulco.

Ao abrir essa tampa, duas surpresas: uma boa e outra ruim. A boa é que este notebook tem bordas finíssimas nas laterais e na parte superior, dando a sensação de um equipamento mais compacto, que pesa apenas 2,3kg, mesmo com um display de 15 polegadas. A ruim é que isso fez a Lenovo sacrificar a posição da webcam: em vez de colocá-la na parte superior, como já é tradição, a câmera foi para a parte inferior, junto à logomarca. Se só isso não faz a ideia parecer estranha, basta ligar a câmera para se convencer. Ela não filma o seu rosto, mas sim o seu peito e queixo. Para fazê-la pegar sua cara, é preciso abrir a tampa em cerca de 135º, mas aí já não é possível ver muita coisa que está na tela. Por isso, a webcam acaba se tornando inútil.

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O teclado é outra coisa bacana do Y530. Sempre reclamo das empresas que insistem em colocar um teclado numérico e espremer teclas importantes para o gameplay, como é o caso das setas. Embora possua teclado numérico, esse problema não acontece no Legion. Aqui as teclas são grandes e espaçadas, num layout pouco usual que permite o teclado numérico viver em harmonia com as setas, o ENTER e outros botões que normalmente ficam espremidinhos. É o mais próximo que podemos ter de um teclado convencional em um notebook. Ah, e já falei da retroiluminação em branco, né? A escolha por essa cor não poderia ser mais acertada, e ela ajuda bastante quando precisamos recorrer ao recurso.

Se o teclado agrada, o mesmo não pode ser dito do touchpad. Talvez inspirada demais no visual dos ThinkPad, a Lenovo colocou no Legion Y530 um touchpad pequenino e com dois botões físicos duros, barulhentos e bem tradicionais, o que dificulta bastante a vida de qualquer pessoa louca o suficiente para jogar algo usando ele. Mesmo assim, o componente cumpre com o seu papel quando não há um mouse à disposição, não fazendo nada de extraordinário.

Agora olhando para o restante da carcaça, percebemos mais algumas escolhas curiosas da Lenovo para este notebook. Fugindo do lugar-comum, a fabricante chinesa optou por colocar apenas uma entrada USB 3.1 em cada lateral e uma combo de áudio e microfone na esquerda. Todas as demais — uma porta USB-C, mini Display Port, uma porta USB 3.1, HDMI, Ethernet 100/1000, alimentação e trava de segurança Kensington — estão posicionadas na parte de trás do Legion Y530, numa espécie de "rabinho" do equipamento. Se essa escolha é boa ou ruim, isso fica a critério de cada um. Com a maioria das portas na traseira, fica melhor de organizar os cabos e o setup como um todo, sem fios passando da esquerda para a direita e vice-versa; por outro lado, é incômodo plugar qualquer dispositivo depois que as portas laterais estão ocupadas, exigindo baixar a tampa para ver exatamente onde aquele cabo deve ir.

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Aproveitando que falamos do "rabinho", essa foi uma solução muito inteligente encontrada pela Lenovo para favorecer a refrigeração do Legion Y530. É nesse "puxadinho" na parte de trás onde a companhia instalou as duas ventoinhas que resfriam o notebook, criando mais espaço para circulação do ar e, portanto, para o arrefecimento do dispositivo.

Finalmente, a parte de baixo do aparelho não possui nenhuma porta facilitadora para acesso ao disco rígido ou à memória RAM. Portanto, se você quiser fazer algum upgrade nesses dois componentes, terá de desparafusar toda a tampa de baixo (são 11 parafusos) e abrir o notebook. No caso da memória RAM, os pentes de memória são protegidos por uma armação de metal que exige remoção meticulosa — algo desnecessariamente trabalhoso.

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Especificações

Pronto. Já conhecemos o Legion Y530 por fora e conferimos as escolhas de design da Lenovo para o equipamento. Agora é hora de ver o que esse notebook gamer traz consigo dentro da carcaça. Vamos começar pelo chipset.

Aqui a escolha foi pelo Intel Core i5-8300H de oitava geração (Kaby Lake Refresh), modelo anunciado no começo de 2018 que tem clock base de 2,3 GHz e pode chegar a até 4 GHz em Turbo. Entre os seis modelos fabricados para essa linha de processadores Core i5, o 8300H fica à frente apenas dos 8269U e 8259U, denunciando que ele é essencialmente um chip de entrada, no máximo intermediário de entrada, com desempenho 50% inferior em relação ao topo de linha i7-8750HQ. Mesmo assim, graças ao processo melhorado de fabricação batizado pela Intel de 14nm++, o Core i5-8300H alcança desempenho semelhante ao antigo Core i7-7820HQ de sétima geração, além de ser capaz de executar até oito threads graças ao suporte ao Hyper Threading.

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Quanto à memória RAM, o Legion Y530 vem equipado com um pente da Samsung de 8 GB DDR4 de 2.666 MHz, que em matéria de clock pode ser considerado um modelo intermediário premium, perdendo apenas para os componentes de 2.933 MHz e 3.200 MHz. Caso o usuário sinta que essa quantidade de RAM é insuficiente, é possível instalar um outro pente, já que a placa-mãe tem dois soquetes e apenas um deles vem ocupado.

Falando agora em GPU, a que vem embutida no chipset é uma Intel HD Graphics 630 da geração passada. Ela vem com 1 GB de memória e opera a um clock base de 350 MHz, podendo chegar a até 1.000 MHz. Obviamente que isso não é suficiente para rodar nenhum jogo, mas dá conta de atividades cotidianas como navegar na internet, digitar textos, montar apresentações etc. Quando a coisa aperta de verdade, aí entra em ação a GeForce GTX 1050.

Na mesma medida que está alinhada com a proposta de notebook gamer básico da Lenovo, a escolha por uma GTX 1050 também destoa dos demais componentes. Veja bem: temos aqui um chipset relativamente novo, de oitava geração, anunciado em 2018, e um pente de memória operando a uma velocidade considerável. Então, optar por uma GPU antiga, lançada em 2017, parece ter sido uma decisão tomada levando em consideração apenas o preço final do produto e não necessariamente seu desempenho. Prova disso é que, embora tenha 640 unidades shader, taxa de transferência de dados de 7 Gbps e suporte a HDR, a GTX 1050 para notebooks tem performance inferior que sua contraparte para desktops e é equiparável à antiga GTX 965M. Entre os "micreiros", o consenso é que essa placa de vídeo é capaz de rodar em alta, e de maneira satisfatória, jogos AAA lançados em 2016.

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A solução para equilibrar a questão do desempenho sem comprometer o custo-benefício do equipamento, então, seria optar por um processador de sétima geração mais potente (e teoricamente mais em conta) e adotar uma GTX 1050 Ti, que entrega desempenho até 30% superior em relação à GTX 1050.

Seguindo adiante, o display de 15,6 polegadas da AU Optronics utiliza tecnologia IPS e entrega gráficos Full HD. Apesar de ser um painel basicão, sem qualquer requifife, ele cumpre seu papel entregando 141 ppi, bons contrastes e brilho de até 266 nits.

Em matéria de som, o Legion Y530 vem com alto-falantes certificados pela Harman Kardon que favorecem levemente os graves e quebram um galho bacana quando não há um headset por perto. Só não espere um milagre, já que o som é básico e um pouco abafado devido aos alto-falantes serem virados para baixo e ficarem bem próximos à mesa.

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Para fechar, o armazenamento fica por conta de um disco rígido Western Digital de 1 TB e 5.400 RPM, enquanto uma bateria de 3 células, 53 Wh e capacidade de 4.670 mAh fica responsável pela alimentação do equipamento. Em matéria de conectividade, o notebook gamer da Lenovo vem com Wi-Fi 802.11 ac, Bluetooth 4.2 e todas as outras portas mencionadas anteriormente.

Desempenho

Agora que conhecemos até as entranhas do Lenovo Legion Y530, chegou a hora de colocá-lo à prova e analisar como tudo funciona em conjunto. Para esta parte da análise, utilizamos alguns softwares de benchmark renomados do mercado e executamos alguns dos principais jogos lançados de 2016 para cá.

O primeiro teste foi executado rodando o 3DMark Fire Strike, específico para notebooks gamer de alto desempenho que mede a capacidade deles de lidarem com cálculos de física, processamento de partículas e, claro, gráficos. O resultado foi o esperado: o Legion Y530 ficou à frente de todos os modelos que utilizam GTX 1050 e Core i5 de sétima geração devido justamente ao seu chipset mais novo, mas atrás de modelos que utilizam GTX 1050 Ti e Core i7 da geração passada, totalizando 5402 pontos.

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Como os testes no Fire Strike apresentaram pequenos travamentos, sobretudo quando havia muitas partículas em cena (algo sintomático devido à GPU de entrada), e a taxa máxima de quadros alcançada foi de apenas 37 FPS, resolvemos executar um segundo teste: o 3DMark Sky Diver. Diferentemente do Fire Strike, este daqui é voltado especificamente para notebooks gamers de entrada, maneirando nas partículas e exigindo um pouco mais da CPU, não da GPU. Nesse teste em específico, o notebook gamer basicão da Lenovo entregou picos de 247 quadros por segundo.

Partindo para um cenário mais próximo da realidade do jogador que compra um PC gamer para curtir os títulos mais recentes, executamos alguns testes de gameplay com alguns dos jogos mais recentes e exigentes do mercado. Quando o título possuía um teste de desempenho próprio, a medição foi feita por ele mesmo; quando não, foi utilizado o software da própria Nvidia para exibir a taxa de quadros por segundo ao longo de cerca de 30 minutos de gameplay, sempre observando a taxa média, os picos e as quedas.

Começamos por Gears of War 4, título do Microsoft Studios lançado em 2016 e que, por isso, está dentro do consenso de "jogos que rodam bem na GTX 1050". O primeiro teste foi executado com as configurações recomendadas pelo jogo com base nas especificações de hardware da máquina. Aqui, os ajustes foram definidos automaticamente para tela cheia em 1920 x 1080 pixels, detalhes da textura em alta, detalhamento de personagens e mundo em médio, sombras médias e reflexos baixos. No benchmark disponibilizado no próprio jogo, o notebook da Lenovo se saiu bem e apresentou raros pontos de travamento. Apesar de sua dificuldade em renderizar partículas, as configurações ajudaram nisso e ele se manteve firme, cravando uma média de 56 FPS.

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Para espremer o hardware o máximo possível, também executamos o teste com as configurações no Ultra. Com todos os opcionais ativados e detalhes no máximo, o Y530 segurou Gears of War 4 numa taxa média de 39 FPS, embora tenha apresentado travamentos mais frequentes em explosões e momentos com mais personagens em cena.

Também do Microsoft Studios, Forza Horizon 4 foi o segundo título usado para testar o Legion Y530. Dispondo das mesmas ferramentas de Gears 4, o jogo identificou as especificações de hardware e definiu automaticamente as melhores configurações gráficas. Surpreendentemente, a indicação era de que o jogo poderia ser rodado em Alta (tela cheia, 1920 x 1080 pixels, V-Sync ativado, nível de detalhes, texturas e reflexos altos), mas tem uma pegadinha aí: a otimização dinâmica estava ativada. Esse recurso faz com que o jogo verifique a todo instante se o hardware está dando conta de tudo o que está acontecendo; se não tiver, reduz a qualidade de uma e outra característica para favorecer o gameplay. Graças a isso, o desempenho do notebook foi excelente, sem apresentar nenhum ponto de travamento e cravando média de 59 quadros por segundo.

No Ultra e com a otimização dinâmica ligada, o jogo rodou a uma taxa média de 42 FPS, com um desempenho aceitável na maior parte do tempo. Houve alguns engasgos e, por se tratar de um jogo de corrida, os momentos de queda de quadro foram bem perceptíveis. Outra observação importante é que a GPU trabalhou a todo instante com mais de 95% de carga, no talo. Nesse mesmo teste, quando desligamos a otimização dinâmica, o jogo travou e fechou devido à sobrecarga.

Assassin's Creed Odyssey* também fez a identificação automática do hardware e setou as melhores configurações gráficas para o Legion Y530. Como este daqui é um título de mundo aberto, a tendência é que ele exija mais da máquina e, se ela não aguentar, derrube os ajustes para garantir um mínimo de desempenho. E foi exatamente isso que aconteceu, com o jogo recomendando tela cheia com apenas 1280 x 720 pixels de resolução, V-Sync desabilitado e antisserrilhamento setado para o nível mais baixo possível. Os detalhes variaram de baixo para médio e mesmo assim o game da Ubisoft rodou a apenas 43 FPS e apresentou travamentos e elementos sendo renderizados tardiamente. Aqui a solução é baixar ainda mais os ajustes, colocando-os no mínimo possível para garantir uma gameplay satisfatório.

Mas o que fizemos foi justamente o contrário, para testar os limites da máquina. No segundo teste, as configurações foram elevadas para as mais altas possíveis, o que acabou tornando o game injogável: a taxa média de quadros, por exemplo, foi de apenas 21 FPS.

Para fechar os testes com jogos, analisamos como o Legion Y530 lida com Resident Evil 2* e o badaladíssimo Fortnite.

No jogo de survivor horror da Capcom, as configurações recomendadas com base nas especificações de hardware foram bem altas: tela cheia em 1920 x 1080 pixels, suavização FXAA+TAA, qualidade de texturas e filtro de textura altas, sombras médias e iluminação geral média. Com isso definido, percorremos as ruas de Raccoon City e os corredores da delegacia de polícia da cidade a uma média de 40 FPS, com pouquíssimos pontos apresentando queda de frame — e mesmo quando ocorriam, eles não baixavam para menos de 30 FPS. Nas cutscenes, a taxa média de quadros por segundo variou entre 45 e 60. No geral, o Y530 conseguiu lidar muito bem com este game, entregando uma experiência muito balanceada e satisfatória.

O game sensação do gênero Battle Royale também indicou que poderia rodar nas configurações alta com base na ficha técnica do notebook da Lenovo. Com todas as definições setadas dessa forma, com a taxa de FPS ilimitada e o V-Sync desativado, Fortnite rodou tranquilamente a cerca de 55 FPS, suficiente para gamers casuais que querem apenas se divertir no título. Quem busca jogar mais competitivamente, talvez queira priorizar uma maior taxa de quadros por segundo — nesse caso, é só reduzir os ajustes para médio ou baixo para alcançar até 100 FPS no game. Para além disso, cabe uma ressalva: lembre-se de desativar o recurso do GeForce Experience que faz a captura automática de clipes das suas eliminações. Embora muito bacana, essa funcionalidade acaba travando o game sempre que é acionada automaticamente, o que pode comprometer toda uma partida e mandar você de volta para o lobby.

Além das medições gráficas em todos esses jogos, não pudemos deixar de perceber uma questão que incomodou bastante: o tempo de carregamento. Em alguns deles, algumas telas de carregamento persistiam por dois, três e até quatro minutos, quebrando bastante a experiência de gameplay, sobretudo quando essas pausas forçadas acontecem in-game. Muito disso é culpa da escolha da Lenovo de colocar um disco rígido de apenas 5.400 RPM como principal meio de armazenamento em um equipamento como esse — e isso compromete não só os games, mas também as tarefas do dia a dia.

Veja bem: o Legion Y530 tem especificações de sobra para executar desde aplicativos básicos como navegadores de internet e pacote Office até alguns mais pesados, como Photoshop, Premier e Visual Studio. Porém, assim como acontece nos jogos, o que pega de verdade é o tempo de carregamento devido à incapacidade do disco rígido em lidar com muitas requisições de leitura e escrita simultaneamente. A coisa é tão grave que é literalmente impossível utilizar o computador quando o Windows 10 está fazendo uma daquelas atualizações das quais ninguém consegue escapar ou o software de segurança inicia uma varredura. Esqueça. Deixe o notebook quietinho num canto e vá fazer outra coisa. Quando tudo termina e não tem mais nada exigindo do HDD em segundo plano, aí sim o notebook se comporta muito bem.

Assim como a GTX 1050, a escolha por um disco rígido mecânico deve estar diretamente associada ao preço final do produto aqui no Brasil, já que uma visita rápida à página da Lenovo nos Estados Unidos revela que há versões do Y530 que vêm com as mesmas especificações deste que o Canaltech recebeu, mas com a opção de substituir o disco mecânico por um drive de estado sólido ou ainda mesclar HDD com SSD para agilizar as coisas. Fica à cargo de cada um, então, ou ter paciência com essa lerdeza ou investir um dinheirinho a mais nem que seja em um SSD de 120 GB.

Bateria e arrefecimento

É lei: notebooks gamers não têm boa bateria. Sabendo que essas máquinas muito provavelmente não sairão de cima da mesa, as fabricantes poupam nesse componente para dar atenção a outras áreas. Mas toda lei tem uma exceção (ou algumas), e o Legion Y530 é uma delas.

Levando em consideração os demais players do mercado, o equipamento da Lenovo até que vem com uma bateria interessante. Ela tem formato de "L" e, graças a isso, conta com uma capacidade acima da média para esse tipo de produto, com 4.670 mAh. Em nossos testes com o PCMark 8 no modo Office - Bateria, que basicamente consiste em executar tarefas do dia a dia, como navegar por alguns sites, utilizar processadores de texto e lidar com algumas imagens — tudo isso sendo feito em loop até a bateria pedir arrego —, o componente de três células e 53 Wh segurou o computador por 5h33 longe da tomada antes de desligá-lo.

Levando em consideração que dificilmente alguém vai querer jogar sem o computador estar ligado à tomada (nesse caso a autonomia cai para cerca de 2h20), o valor é significativo e dá tempo suficiente para executar várias tarefas do dia a dia ou numa viagem, por exemplo, sem precisar estar preso a uma tomada. Tanto é que, no comparativo, o Legion Y530 fica entre os aparelhos com maior duração de bateria em sua faixa de atuação, atrás apenas do Inspiron Gaming 15, da Dell.

O arrefecimento é outro ponto positivo do notebook gamer da Lenovo. Ao todo são quatro entradas/saídas de ar distribuídas nas laterais e traseiras do Legion, além de uma grande grade inferior por onde as duas ventoinhas puxam o ar que é jogado para dentro do sistema. Esses dois coolers, inclusive, são bem avantajados e trabalham de maneira silenciosa em conjunto, fazendo pouco barulho até mesmo quando giram a toda velocidade para dar conta das altas temperaturas durante o gameplay. Ponto positivo, já que não há aquela sensação de que a máquina vai levantar voo.

Ah, lembra do "rabinho" lá do começo desta análise? Pois bem, ele faz toda a diferença na hora de manter o Y530 refrigerado. Como as ventoinhas estão instaladas mais afastadas da bateria, disco rígido e memória RAM, elas têm mais espaço para jogar mais ar para dentro do sistema, fazendo-o circular muito mais livremente pelo equipamento. Junte isso ao fato de a GeForce GTX 1050 operar a temperaturas mais baixas que a GTX 1050 Ti, e aí você tem um sistema que funciona a temperaturas bastante razoáveis, mesmo quando está sob estresse intenso.

Para comprovar isso, executamos dois testes diferentes para medir a temperatura máxima de operação tanto do Core i5-8300H quando da placa de vídeo da Nvidia. No primeiro deles, rodando o BurnIn Test, a CPU alcançou temperatura máxima de 86ºC, uma das melhores já registradas por aqui. Enquanto isso, durante o teste de alto desempenho do 3DMark Fire Strike, a GTX 1050 operou a no máximo 67ºC, pelo menos 5ºC abaixo dos modelos testados com GTX 1050 Ti.

Vale a pena?

Muito bem. Depois de toda esse tour, a pergunta que não quer calar é esta: o Lenovo Legion Y530 vale a pena?

O equipamento cumpre muito bem seu papel de notebook gamer básico, segurando bem a onda com jogos mais atuais sacrificando a qualidade gráfica em troca de desempenho. É perfeitamente possível jogar os lançamentos mais recentes, desde que o usuário esteja ciente dessa limitação e OK com ela. Se jogos um pouco mais antigos, com mais de dois anos de lançamento, ainda forem apreciados por quem optar por comprar este aparelho, ele vai conseguir lidar com esses games muito bem — o Gears of War 4, por exemplo, foi o que se saiu melhor em nossos testes.

Lembra dos Ultrabooks mencionados no começo desta análise? No papel eles não existem mais, mas o Legion Y530 faz as vezes de um Ultrabook para quem também está em busca de uma máquina com visual sóbrio e com especificações avantajadas, capaz de lidar com aplicativos mais pesados no cotidiano, seja para uso pessoal ou profissional. É aquela coisa: de dia ele é arrumadinho para trampos no escritório e no home office; à noite, lida muito bem com os joguinhos. O usuário só precisa estar atento à questão do disco rígido, que é muito lento e acaba sendo o principal gargalo de desempenho do produto.

Ponderados esses pontos, é hora de discutir uma questão bastante importante: preço. Oficialmente, o modelo de entrada do Legion Y530 que o Canaltech recebeu está sendo vendido no site oficial da Lenovo por R$ 4.999, enquanto que no varejo nacional ele pode ser encontrado por cerca de R$ 4.500. O valor é salgado e pesa bastante na hora de decidir pela compra, principalmente por termos opções na mesma faixa de preço que entregam um desempenho superior — como é o caso do Acer Nitro 5 e o Dell G3 15, sucessor do Inspiron Gaming 15. No fim das contas, o custo-benefício fica comprometido muito provavelmente pela Lenovo ter preferido adotar um chipset mais novo e mais caro para compor o conjunto.

Por conta disso, o veredito é o seguinte: o Legion Y530 é um equipamento que cumpre tudo aquilo que a Lenovo propõe, mas fica para trás em relação à concorrência devido ao preço. Se mesmo assim você quiser esta máquina, a recomendação é esperar por uma promoção ou saldão para pegá-lo por um valor mais em conta.

*A análise do Lenovo Legion Y530 contou com a colaboração da Capcom, que nos forneceu uma cópia de Resident Evil 2 para PC, e da Nuuvem, maior loja de jogos digitais da América Latina, que nos enviou uma cópia de Assassin's Creed Odyssey para testarmos no PC. O game está à venda na plataforma.