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"Intel vai vencer em IA", diz executiva do Time Azul

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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"A Intel vencerá em IA". Foi o que afirmou com convicção a vice-presidente e gerente geral da divisão de client computing da Intel, Michelle Johnston Holthaus. A declaração dada no Intel Tech Tour, no começo de junho, corrobora fala antigas do alto escalão da empresa e mostra que o time azul prepara suas tropas de semicondutores para a Era de IA nos PCs.

A convite da própria companhia, o Canaltech esteve no Intel Tech Tour em Taiwan para conhecer em primeira mão os novos processadores Lunar Lake de notebooks e os Xeon 6 para data centers, além do acelerador de IA Gaudi 3. Mais do que isso, o evento evidenciou como a empresa comandada por Pat Gelsinger quer driblar a concorrência e assumir a liderança em inteligência artificial.

A tarefa não será nada fácil, mas Holthaus esclarece que a Intel trabalha com três pilares-base para concretizar seu plano: plataforma em primeiro lugar, escalabilidade em softwares e liderança. Para complementar esse planejamento, o Canaltech ainda conversou com o diretor de software, gráficos e arquitetura da Intel, Tom Peterson. 

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IA em todo lugar 

A investida da Intel em IA para o consumidor médio começou recentemente, durante o lançamento dos processadores Meteor Lake de notebooks no fim de 2023. Menos de um ano depois, a gigante volta a centrar seus esforços nesse segmento com a geração Lunar Lake, que mais do que dobra a quantidade de Trilhões de Operações Por Segundo para atividades relacionadas.

Contudo, Michelle reconhece que a IA continua em estágios iniciais, principalmente a respeito das capacidades e oportunidades que os usuários terão para usufruir dessa tecnologia:

“Coisas como remoção de objetos, super-resolução ou resumo de texto, e todos esses modelos são apenas uma das muitas camadas críticas da pilha de software que estamos trabalhando para habilitar e trazer para o PC”.

A executiva enxerga que a inteligência artificial está proporcionando mudanças globais e proporcionando ferramentas poderosas que têm “profundo impacto na forma como trabalhamos, vivemos e nos divertimos”. Com muito foco nessa incisão a novos hábitos de consumo para os usuários, a Intel quer levar IA para todos os lugares, partindo da borda até os data centers.

IDM 2.0 para IA 

Já faz algum tempo que Pat Gelsinger e sua equipe falam constantemente no IDM 2.0, um conjunto de práticas e soluções que visam reerguer a dominância da Intel na indústria. Para IA, a questão da plataforma é o primeiro pilar a ser abordado.

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A ideia é que a Intel trabalhe com seus diversos parceiros, como ASUS, Acer, Dell, Compal e Winstron para entregar produtos para os segmentos doméstico e profissional. Segundo Michelle, isso também reverbera em um ecossistema produtivo maior, que envolve toda a cadeia produtiva.

“Do tipo de materiais, o processo de fabricação, a cadeia de recursos, até técnicas para melhorar a performance de bateria entre CPU, NPU e GPU. Estamos pensando nisso como um sistema ao todo”, explica Michelle Johnston Holthaus. 

Além do hardware, o software precisa estar bem alinhado entre o consumidor final e os desenvolvedores, algo que ainda é uma dificuldade na Intel em certos casos, como o de GPUs.

Para não somente contornar a problemática de otimização e compatibilidade, o time azul está trabalhando com diversos parceiros para ativar cerca de 150 funcionalidades de IA, com a expectativa de que o número chegue a 350 até 2025.

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Isso também inclui o pacote de softwares profissionais para desenvolvedores trabalharem com IA generativa ou outras funções. Programas mais complexos, como OpenVino, Hugging Face, Onyx e o popular Pytorch já estão disponíveis e otimizados para a linha de processadores domésticos Core Ultra.

Partindo para o pilar liderança, a vice-presidente e gerente geral da Intel afirma que a ambição da empresa é escalonar o conceito de AI PCs para muito além dos computadores, mirando as massas.

Para isso, a gigante de Santa Clara quer acelerar o impulso da tecnologia em todas as direções, com múltiplas faixas de preços e opções de PCs, desde os notebooks até os vindouros Arrow Lake para o lado gamer.

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Sem medo da concorrência 

Coincidentemente ou não, o Intel Tech Tour e as declarações de Michelle Johnston Holthaus tiveram um toque de alfinetada nos recém-anunciados Copilot+PCs da Microsoft equipados com processadores da AMD e Qualcomm com capacidades de inteligência artificial.

Durante uma sessão de perguntas e respostas, Michelle e os demais executivos da Intel foram constantemente questionados a respeito das investidas de rivais como a AMD, NVIDIA e, principalmente, a Qualcomm. A companhia, que tem os novos Snapdragon X Elite sob sua tutela, chegou para agitar o mercado de notebooks e AI PCs, mas a Intel não parece tão preocupada.

Ao ser questionada sobre o fato de os novos Copilot+PCs exigirem processadores com NPUs de mais de 40 TOPs para funcionar, e a atual geração Meteor Lake ter apenas 16, e se essas CPUs já estariam defasadas, Michelle foi audaciosa. A executiva diz haver muitas suposições a respeito da concorrência e rebateu o questionamento ao declarar que “qualquer um que comprou um AI PC [com Meteor Lake] estará bem servido por anos.”

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Mesmo sem citar diretamente a NVIDIA, que vem batendo na tecla de que suas placas de vídeo GeForce já têm performance bem superior em TOPS para IA, a vice-presidente da Intel comentou que a empresa continuará investindo no cenário das GPUs. Segundo pesquisas realizadas com parceiros ao redor do mundo, cerca de 40% dos desenvolvedores usarão placas de vídeo para rodar seus fluxos de trabalho.

“Continuaremos a investir em gráficos porque sabemos que precisamos prover escolhas e flexibilidade para desenvolvedores”, comenta a executiva. Holthaus também aponta que esse investimento não se limita ao lançamento de aceleradores como as recentes Gaudi 3, e projeta gráficos integrados em processadores como as Arc Xe2 dos Lunar Lake.

Inclusive, para barrar os avanços da rival verde, a Intel seguirá um caminho de ecossistema aberto. O vice-presidente sênior de data center e IA da empresa, Justin Hotard, enfatizou essa nova estratégia, afirmando que possibilitará que outras companhias usem as fundições da Intel para melhorar e diversificar o suporte para essa tecnologia entre outras companhias. 

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A Intel vai vencer em IA

Michelle Johnston Holthaus não poupou palavras para garantir que o time azul não somente pretende, como irá sair na dianteira na guerra pela inteligência artificial e performance com o lançamento dos novos Lunar Lake:

“Como eu disse, nós venceremos em performance, nós venceremos em gráficos e nós venceremos em IA. Eu realmente acredito que o Lunar Lake reformulará como vocês pensam [a arquitetura] x86 e, por fim, transformará a maneira como as pessoas experimentam seu PC com IA".

Corrida acirrada

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Após uma fala tão impactante como essa, a reportagem do Canaltech entrevistou o diretor de software, gráficos e arquitetura da Intel, Tom Peterson. O executivo admite que o processo de adoção dos AI PCs por parte dos consumidores ainda é gradual e, de fato, pode não servir para todos nesse momento.

Todavia, o executivo enxerga a atual disputa entre empresas sobre a dominância da IA não apenas como uma mera briga entre empresas do mundo tech, mas sim entre potências mundiais.

“Não há dúvida de que há uma corrida pela IA. E não é apenas uma corrida entre empresas, mas sim uma corrida entre países. Há um tipo de consciência global de que a inteligência artificial mudará todos os setores”, explicou Tom Peterson ao Canaltech.
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Para o executivo, o empenho da Intel e de outras companhias está pautado na velocidade de implementação dessas tecnologias, e quanto mais cedo isso for feito, mais eficiente sua companhia será e mais mercado será conquistado: “A parte legal é que para nós isso realmente não importa, porque a nossa questão não é se a IA será gigantesca. Sabemos que será”.

Ao falar sobre países, o diretor evidencia uma disputa tecnológica entre potência como China e Estados Unidos. Nos últimos meses, o mercado chinês sofreu um baque de importações de GPUs GeForce, que foram barradas pela Secretaria de Comércio dos EUA na tentativa de reduzir os avanços em inteligência artificial no país oriental. 

Em outras palavras, Tom Peterson mostra que a estratégia da Intel é realizar a implementação de inteligência artificial em seus produtos o mais rápido possível, visando criar um grande ecossistema em sua própria plataforma. O caminho, no entanto, é árduo, visto que seus competidores não estão atrás nessa corrida, mas somente o futuro mostrará qual big tech — ou país — se consagrará como vencedor. Isso se realmente alguém vencer.