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Intel detalha arquitetura Alder Laker para voltar à competição nas CPUs

Por| 19 de Agosto de 2021 às 10h00

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Divulgação/Intel
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O clima é de comemoração na Intel, à medida que a empresa vê tomar forma as novas tecnologias que devem alçá-la de volta à competição no mercado de CPUs. Foi essa a sensação que a fabricante transpareceu durante o Intel Architecture Day 2021 nesta quinta-feira (19), com anúncios importantíssimos para o portfólio de produtos e soluções voltados para negócios, data centers e, principalmente, consumidores.

"Hoje apresentamos nossas maiores mudanças em arquiteturas em uma única geração", anunciou o vice-presidente sênior e diretor geral do Accelerated Computing Systems and Graphics Group da Intel, Raja Koduri. "Essas revoluções arquitetônicas formam a base da nossa próxima era de produtos, cujo início será marcado pela chegada do Alder Lake".

O anúncio é histórico por pelo menos dois motivos bem interessantes: primeiro que estamos falando da primeira arquitetura híbrida de processadores da marca, numa abordagem ousada e disruptiva para alcançar os adversários e voltar à concorrência; segundo que, finalmente, estamos vendo a mudança completa de foco para a litografia de 10nm, depois de anos e anos refinando o processo de fabricação em 14nm.

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Mas, mais do que a tão comentada nova arquitetura de processadores de 12ª geração, a Intel também detalhou suas duas novas microarquiteturas de núcleos x86 e como tudo isso deve impactar o mercado ainda neste ano de 2021.

Dividir para conquistar

No mundo da tecnologia, o ditado "dividir para conquistar" é usado em diversos segmentos, desde a gestão de projetos ao desenvolvimento de software. Em resumo, a ideia é que, para resolver um problema mais facilmente, você o divida em pequenos pedaços e os delegue para pessoas, processos e/ou sistemas diferentes. No âmbito do hardware não seria diferente, e foi justamente nessa abordagem que a Intel apostou para resolver os problemas que vinham assolando seus processadores nos últimos anos.

"Sempre fomos conhecidos pelo desempenho bruto single-core, mas hoje há uma preocupação muito maior com eficiência energética. Por isso optamos pela abordagem híbrida que vai estrear agora com a Alder Lake", disse o diretor de marketing da Intel Brasil, Carlos Augusto Buarque, em entrevista ao Canaltech. Na prática, isso significa que a empresa abandonou o antigo esquema de processadores apenas com núcleos de alto desempenho e altíssimo consumo energético para focar numa abordagem mista, implementando tanto núcleos de alto desempenho quanto focados em consumo eficiente.

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Para isso, foi necessário trabalhar em duas microarquiteturas x86 diferentes, as quais são chamadas pela empresa de "Efficient" e "Performance". Os nomes são autoexplicativos, mas o funcionamento de cada tipo de core é bastante distinto.

Antes chamados de "Gracemont", os núcleos Efficient são voltados para tarefas leves e que normalmente são executadas em segundo plano. A ideia é que, embora sejam acionados mais vezes, eles compensem isso por operarem em baixa voltagem e não precisem rodar sempre em frequências tão altas.

E não, você não precisa se preocupar com se esses núcleos são mais "fracos" ou sem poder de fogo. Para efeito de comparação, a Intel garante que eles conseguem entregar desempenho single-thread 40% maior com o mesmo consumo de energia que a geração Skylake, ou o mesmo desempenho consumindo 40% menos energia. Já num cenário multicore com 4 núcleos, os Efficient cores oferecem taxas de transferência até 80% maiores consumindo o mesmo tanto de energia que a 6ª geração, ou taxas iguais economizando até 80% de energia.

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Na outra ponta, os processadores de 12ª geração da Intel contarão com os chamados núcleos Performance, antes conhecidos como "Golden Cove". Como o nome sugere, aqui o foco é completamente diferente: clock alto, baixa latência e desempenho bruto single-thread para executar tarefas complexas e pesadas, como a execução de um jogo. Esses núcleos também receberam melhorias no sistema de branch predict, que tenta "adivinhar" quais instruções executará em seguida para já tê-las prontas; além de otimizações na latência do cache L1 e na largura de banda para gravação no cache L2, e novas instruções para aceleração de recursos de inteligência artificial e deep learning.

Na prática, o que tudo isso significa? "Em média, os núcleos Performance entregam até 19% mais desempenho single-core em comparação com os processadores Rocket Lake-S de 11ª geração para desktops", garantiu o diretor de marketing da Intel Brasil ao Canaltech.

Enfim, 10nm para todos

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A implementação de dois tipos de núcleos para solucionar o problema da eficiência energética sem necessariamente abrir mão da performance é apenas uma das "revoluções" comentadas por Koduri durante o Architecture Day 2021. Outra muito importante é o que foi chamado de "reinvenção da arquitetura multicore" pelo executivo ao se referir à Alder Lake.

E não é para menos: ela não só será a responsável por inaugurar o modelo híbrido da Intel, como o fará utilizando o processo de fabricação 10nm Enhanced Super Fin (agora chamado pela companhia de Intel 7) em todos os segmentos. Ou seja: se antes esse processo de fabricação era restrito a um fator de forma e outro, agora ele atenderá desde dispositivos ultraportáteis, passando por notebooks, até desktops de altíssimo desempenho para gamers, entusiastas e usuários hard core. Embora este ainda não seja o momento para falar dos modelos que vão compor a nova família de processadores, Carlos Buarque antecipou ao Canaltech que eles vão operar na faixa dos 9W aos 125W - mesmo teto da 11ª geração.

O executivo brasileiro também confirmou alguns rumores que já vinham sendo ventilados por aí há algum tempo, afirmando que o Alder Lake topo de linha virá com 16 núcleos (sendo 8 de eficiência e 8 de performance), 24 threads (8 + 16) e 32 MB de cache L3.

Por fim, os Alder Lake terão nada menos que até 1.000 GB/s de largura de banda para comunicação intercore, até 204 GB/s para comunicação com memórias RAM e até 64 GB/s para comunicação com dispositivos IO. E sim, os novos processadores serão compatíveis com PCIe 5.0 e o novíssimo padrão de memórias RAM DDR5.

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A inventividade do Thread Director

Um fato curioso sobre essa nova abordagem da Intel é que, nativamente, o Windows não é otimizado para processadores x86 híbridos. Para "contornar" esse problema, a fabricante trabalhou estreitamente com a Microsoft para desenvolver o que está chamando de Thread Director.

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Até hoje, o sistema operacional só tinha de lidar com um tipo de núcleo e fazia a distribuição de rotinas, processos e recursos com base em estatísticas relativamente simples - principalmente workload. Então, basicamente, o núcleo que estivesse mais livre, recebia mais trabalho. Essa abordagem simplista não funciona numa arquitetura de processador híbrido como a proposta agora pela Intel.

Para solucionar essa limitação, a companhia embutiu o Thread Director nos Alder Lake para oferecer dados avançados de telemtria e, assim, fazer o direcionamento dinâmico de acordo com o nível de exigência, complexidade e eficiência de cada thread para o núcleo mais adequado. Em outras palavras, o recurso funcionará como um sentinela e intermediário na comunicação entre os núcleos do processador e o sistema operacional, monitorando em tempo real e a nível granular o estado do processador e indicando qual núcleo lidará com qual atividade.

Por ser uma etapa adicional na rotina de comunicação, provavelmente o Thread Director impactará na performance do dispositivo em alguma medida. O quanto exatamente, porém, ainda é incerto. "Ainda não temos nenhum benchmark nem dado exato de como será o desempenho do sistema, mas é importante dizer que ele foi desenvolvido em colaboração com a Microsoft e virá nativo na próxima edição do Windows", comentou Carlos Buarque.

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Expectativas e disponibilidade

A aposta da Intel é alta, ousada e promissora. Apesar de ainda não ter fornecido nenhum dado comparativo com a concorrência, a sensação é, sim, que a empresa está de volta aos trilhos e pronta para competir de igual para igual. Apesar do bom momento, ela faz questão de manter a cautela e os pés no chão.

"Nosso time de engenharia está muito contente e empolgado com os resultados obtidos até aqui. Ainda assim, principalmente aqui no Brasil, a gente depende bastante de fatores que não estão sobre nosso controle", ressaltou o diretor de marketing da Intel Brasil. Segundo ele, as novidades apresentadas nesta quinta-feira (19) ainda terão de passar por um período de "maturação" até que possam ser usufruídas em sua totalidade pelos consumidores. Em especial no Brasil, neste primeiro momento ele enxerga a flutuação do dólar como um desafio, já que as primeiras unidades comercializadas por aqui sempre provêm de importação.

Depois dessa fase, muito provavelmente ainda levará um tempo até que o novo padrão de memórias DDR5 e LPDDR5 se popularize e as placas-mãe com suporte a ela e ao PCIe 5.0 atinjam preços competitivos. E, infelizmente, todos nós teremos que mirar em uma dessas, já que os Intel Alder Lake de 12ª geração exigirão o novo soquete LGA-1700.

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Já que ir preparando o bolso? "A gente tem a previsão de que essas novas CPUs chegarão ao mercado no outono americano", apontou o executivo brasileiro referendi-se ao período que vai de setembro a dezembro, sem precisar uma data exata.