Benchmarks do Snapdragon X Elite mostram rival de peso para Intel, AMD e Apple
Por Wallace Moté | •
O Snapdragon X Elite foi apresentado pela Qualcomm durante o Snapdragon Summit na última semana como seu mais novo processador para PCs, e chocou o mundo ao apresentar resultados que chegam a superar chips entusiastas de Intel, Apple e AMD, com consumo incrivelmente mais baixo. Agora chegou a hora de colocar o novo chip à prova e ver se isso realmente se confirma na prática, e rodamos vários benchmarks com modelos de referência do Snapdragon X Elite para descobrir.
- Google e Qualcomm fazem parceria para levar IA generativa a celulares
- Snapdragon 8 Gen 3 encosta no Apple A17 Pro em testes oficiais
Foram separadas duas configurações distintas pela Qualcomm, onde a Versão A trazia configurações dignas de um notebook gamer, enquanto a Versão B focava em portabilidade e autonomia. Curiosamente, a performance de ambos não foi tão diferente quanto se pode imaginar, mas já falaremos sobre isso.
Os modelos de referência
Para mostrar a versatilidade de seu novo chip para PCs, a Qualcomm produziu dois modelos de referência que foram usados nos benchmarks e devem ajudar as fabricantes a otimizarem seus produtos. Ambos contam com a configuração padrão de 12 núcleos rodando a até 3,8 GHz e 32 GB de RAM, mas trazem diferenças consideráveis em outros pontos.
A Versão A vem com um corpo com espessura de 16,8 mm, bateria de 87 Wh e tela TFT com 15,6 polegadas e resolução UHD de 3840 x 2160 pixels, contando com um TDP total no dispositivo de 80 W. Já a Versão B tem espessura de 15 mm, tela OLED QHD (2800 x 1800 pixels) de 14,5 polegadas, bateria de 58 Wh e TDP total do dispositivo de apenas 23 W.
Segundo o VP Sênior e Gerente Geral de Mobile, PCs e Infraestrutura na Qualcomm, Alex Katouzian, o Snapdragon X Elite será extremamente customizável, podendo assumir diferentes papéis de acordo com as necessidades e o público-alvo da fabricante do notebook. Ou seja, veremos em 2024 modelos focados em portabilidade, mas também opções gamer mais robustas — incluindo até modelos com GPU dedicada.
Será possível ainda habilitar o “modo turbo” onde dois núcleos assumem clock ainda maior de 4,3 GHz, porém isso deve ser feito de maneira mais limitada em momentos onde uma performance extra é realmente necessária, e não para o uso diário.
Versões mostram eficiência assustadora do Snapdragon X Elite
O Snapdragon X Elite tem ótimos números, o que já foi visto na apresentação da Qualcomm e reforçado nos benchmarks, mas o que impressiona mesmo é a eficiência energética alcançada pela Qualcomm com a versão de TDP mais limitado que testamos.
Mesmo com quase um quarto do consumo, o dispositivo com a Versão B manteve valores muito próximos da Versão A em vários cenários, com ganhos na casa dos 10 - 30% para a versão mais robusta.
Isso pode ser explicado pelo design térmico do modelo de referência, que apesar de ser maior não é exatamente um notebook gamer “trambolho” como estamos acostumados a ver no mercado, mantendo ainda uma silhueta bem discreta e apenas uma ventoinha e uma saída de ar pequena na parte inferior.
Snapdragon X Elite supera rivais em todos os benchmarks
Indo ao que interessa: os números. Como era de se esperar, os resultados apresentados pela Qualcomm ao comparar o Snapdragon X Elite com os modelos rivais diziam respeito à Versão A com TDP mais alto, porém ainda é possível conseguir uma economia notável de consumo com uma performance superior na maioria dos testes.
Usando o Geekbench 6.2 na versão Linux, o chip foi capaz de apresentar 3227 pontos em single core, batendo os 3192 pontos do Core i9-13980HX da Intel. Isso seria feito com até 70% menos consumo, ou seja, você precisa de apenas 30% da energia do chip da Intel para ter performance superior no modelo da Qualcomm — ao menos em teoria.
Já na versão do Geekbench 6.2 para Windows, tivemos pico de performance até 10% superior no desempenho single core quando comparado a rivais como Core i7-13800H, Ryzen 9-7940HS e Apple M2. Foram 2940 pontos na Versão A de referência da Qualcomm e 2780 pontos na Versão B, contra 2755, 2695 e 2658 pontos dos chips mencionados, respectivamente.
Quando passamos para a versão multi core do mesmo teste a situação ficou ainda mais favorável para a Qualcomm — provavelmente pelo uso exclusivo de núcleos de alta performance a até 3,8 GHz, enquanto rivais tentam balancear o consumo com núcleos de eficiência. Foram 15130 pontos na Versão A do Snapdragon X Elite e 14 mil na Versão B. O Core i7 ficou entre eles com 14342, mas Ryzen 9 e M2 ficaram para trás, com 12181 e 10088, respectivamente.
O mesmo padrão é visto no Cinebench 2024, outro popular benchmark focado em CPU. Na versão single core o chip da Qualcomm assumiu até 20% de ganho no pico, enquanto no multi core tivemos até o dobro da performance em relação aos concorrentes, reforçando que a ideia de usar núcleos mais poderosos pode realmente fazer a diferença. Foram marcados até 132 pontos no single core e 1220 pontos no multi core, ambos pela Versão A do chip, enquanto o mais fraco no primeiro teste foi o Ryzen 9 (109 pontos) e no segundo foi o Apple M2 (572 pontos).
Passando para os testes de GPU, a Qualcomm mostra o porquê de focar tanto na performance da placa integrada, com até 2,5x mais performance no Aztec Ruins e 67% maior desempenho no Wildlife Extreme. No primeiro teste, tivemos as versões A e B com 350 fps e 295 fps, respectivamente, com a segunda empatando com o Apple M2 e ainda assim sendo capaz de superar Core i7 (177 fps) e Ryzen 9 (139 fps).
Já no teste do 3D Mark o M2 mostrou força e ficou entre as versões do Snapdragon X Elite, onde o modelo A apresentou 44,5 fps e o modelo B chegou a 38,5 fps. O chip da Apple teve 40,8 fps, e as últimas posições ficaram para Ryzen 9 (28,9 fps) e Core i7 (26,6 fps).
Por fim, o teste de Inteligência Artificial UL Procyon AI é simplesmente covardia. Ambas as versões do Snapdragon X Elite chegaram a 1750 pontos, enquanto Core i7 e Ryzen 9 marcaram 232 e 172 pontos, respectivamente. Vitória por mais de 10x para o chip da Qualcomm em relação à solução da AMD.
Todos os resultados podem ser conferidos na tabela abaixo, sendo mostrada a média de três iterações dos testes:
Pontuação média config A | Pontuação média config B | |
Cinebench Single Core (CPU) | 131 - 132 | 122 - 123 |
Cinebench Multi Core (CPU) | 1211-1233 | 925 - 973 |
Geekbench Single Core (CPU) | 2939 - 2979 | 2722 - 2798 |
Geekbench Multi Core (CPU) | 15087 - 15382 | 13849 - 14007 |
Aztec Ruins (GPU) | 355 - 357 fps | 294 - 296 fps |
3DMark WildLife Extreme (GPU) | 44,65 - 44,78 fps | 39 - 39,2 fps |
UL Procyon AI (IA) | 1750 - 1800 | 1750 - 1800 |
PC Mark (Sistema) | 12869 - 13112 | 12433 - 13516 |
Afinal, o Snapdragon X Elite é isso tudo?
Números em benchmarks são importantes para ver como um componente se posiciona, mas precisam ser olhados com cuidado. A primeira conclusão que podemos tirar é que, sim, a Qualcomm tem finalmente um chip capaz de movimentar o mercado de PCs. Se as fabricantes de notebooks serão capazes de extrair o máximo dele, e se os desenvolvedores irão otimizar seus softwares, é algo que ainda vamos precisar esperar para ver — e foi justamente um ponto que impediu a popularização de soluções ARM no Windows até então.
O que podemos dizer é que a Qualcomm trabalhou bem, e a customização permitida para entregar ótima performance independente do design térmico pode ser um ótimo trunfo para convencer as fabricantes de notebooks a embarcarem na ideia. Em teoria, a solução pode permitir modelos ultrafinos muito poderosos que demandam menos componentes para resfriamento, entregando desempenho mais interessante e preço mais baixo que soluções com Intel ou AMD.
Inclusive, durante o nosso papo com o VP Sênior e Gerente Geral de Mobile, PCs e Infraestrutura na Qualcomm, Alex Katouzian, o executivo comentou que a ideia da Qualcomm é entregar diversos designs para se adequar às necessidades das próprias fabricantes, incluindo até mesmo o lançamento de versões com diferentes contagens de núcleos no futuro — foram comentadas versões com 10 e 14 núcleos de CPU.
Além disso, Alex acredita que o uso de IA irá cada vez mais “reduzir a distância entre máquinas e humanos”, com PCs cada vez mais proativos, inteligentes e que se adaptam para entregar a melhor experiência de forma personalizada para cada um. E nesse ponto a Qualcomm vem nadando de braçada, sendo pioneira ao explorar processamento local de IA e apresentando ganhos consideráveis a cada nova geração de seus chips.
Os primeiros notebooks com Snapdragon X Elite devem ser apresentados ao longo dos próximos meses, e só então poderemos ver ao certo como eles se sairão lado a lado com rivais embarcados com chips de Intel e AMD dentro do ecossistema Windows. Em relação à Apple, teremos o anúncio dos novos M3 ainda nesta segunda-feira (30), movimentando ainda mais o cada vez mais disputado mercado de chips ARM para PCs.