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Linhas temporais? Realidades paralelas? Entenda o Multiverso Marvel

Por| 16 de Junho de 2023 às 13h30

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Já faz um tempinho que o conceito de Multiverso é explorado na cultura pop, especialmente nos quadrinhos, nos cinemas e em séries de TV. É uma forma de reimaginar personagens e cenários, de maneira que os criadores possam “brincar” com a trama. E, embora isso seja bastante divertido, pode causar um “nó” na nossa cabeça.

Com o anúncio de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura e a estreia de Loki, sabemos que o Multiverso Marvel terá grande importância para o futuro do Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla, em inglês). Mas como funcionam exatamente as linhas temporais e realidades paralelas da Casa das Ideias? De que maneira isso vem sendo adaptado e por que os conceitos serão tão relevantes nas próximas fases do cinema?

O Canaltech te explica logo abaixo.

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Temos que falar sobre espaço e tempo

Antes de mais nada, preciso alertar que a proposta deste texto não é debater a fundo teorias científicas; mas, claro, o conceito de Multiverso nos quadrinhos se apoia na lógica que conhecemos há décadas sobre espaço e tempo. O mais importante aqui nesta conversa é definirmos bem a diferença de linhas temporais e realidades paralelas.

Um mundo pode ter infinitas linhas temporais, que podem ser a razão pela geração de realidades paralelas em determinado universo. De forma semelhante, um universo pode ter vários mundos alternativos, a partir da combinação das linhas temporais e/ou realidades paralelas. E o Multiverso seria a reunião desses vários universos. Parece complicado — e é. Mas conforme explico, você vai notar que fica mais fácil compreender.

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Na DC Comics, isso é estabelecido de forma mais clara, já que a editora costuma brincar muito com seus personagens de outras realidades; e a própria natureza de heróis como Flash explora bastante os conceitos de mundos alternativos, universos e linhas temporais.

O Hipertempo da DC, por exemplo, lida com as realidades criadas a partir de linhas temporais, enquanto o Multiverso agrega as várias Terras da editora. Atualmente, isso até escalou para o Omniverso, que é uma junção de Multiversos — mas vamos deixar isso para outra hora, porque a ideia aqui é explicar o que acontece na Marvel.

O Multiverso Marvel

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O conceito de Multiverso apareceu pela primeira vez na Marvel em 1977, com a revista What If?, que explorava personagens conhecidos em diferentes versões e cenários. “O que aconteceria se o Homem-Aranha tivesse se juntado ao Quarteto Fantástico?”, “O que aconteceria se o Homem de Ferro fosse um traidor?”, entre outras perguntas, projetaram tramas e heróis conhecidos em situações vistas sob outra perspectiva — vale lembrar que uma série animada baseada nesse título chega em agosto no Disney+.

Desde então, nunca houve uma explicação muito clara, mas há algumas coisas estabelecidas sobre o assunto na Casa das Ideias. O Multiverso Marvel “é uma coleção de universos alternativos que compartilham uma hierarquia universal”, diz a definição da própria editora. Algumas das Terras paralelas nascem de eventos com entidades cósmicas que zoam os mundos, a exemplo dos Celestiais ou dos Beyonders; mas a maioria acaba sendo formada por viagens temporais — algo que se tornou frequente na editora em certo período (falaremos sobre isso mais abaixo).

O Multiverso Marvel é protegido pela entidade conhecida como o Tribunal Vivo, que é um dos poucos seres com a mesma representação em todas as realidades. É o Tribunal Vivo que evita que um universo acumule mais poder do que qualquer outro e perturbe o equilíbrio cósmico mantido pelo Aquele Acima de Tudo — também conhecido como One Above All, que é a representação de Deus na Casa das Ideias.

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Com o tempo, a Marvel se viu obrigada a explicar melhor seu Multiverso. Para isso, acrescentou em seu cânone a agência temporal Time Variance Authority (TVA), que ficou famosa com a estreia de Loki e observa discrepâncias temporais para manter a “continuidade oficial”; e a Captain Britain Corps, grupo formado pelos Capitães Britânia e liderado pelo mago Merlin para manter a coesão da Terra-616, que é a Terra do principal universo.

O Multiverso Marvel possui infinitas realidades, nas quais sempre há um personagem destacado como epicentro das histórias. Isso facilita identificar cada uma delas. Além disso, há alguns seres e grupos que existem em uma espécie de “limbo”, posicionado fora de linhas alternativas ou mundos paralelos. É o caso da TVA, do Tribunal Vivo e da Corporação dos Capitães Britânia — aliás, nos bastidores de Hollywood haviam rumores sobre a chegada do Capitão Britânia às telonas, e a abertura do Multiverso Marvel ao MCU poderia ser uma boa oportunidade para isso.

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Vale destacar que certas dimensões do Multiverso Marvel não fazem parte de um universo paralelo independente e estão em uma zona comum de acesso a várias realidades. Este é caso do Microverso, do Mojoverso, da Zona Negativa, do Outro Lugar, do Inferno e de outros mundos que não estão exatamente atrelados a uma Terra específica.

Há também os chamados “Seres Nexus” e o Nexus das Realidades, que serve como um acesso central para vários universos do Multiverso. Sobre isso, especificamente, já explicamos por aqui durante a exibição de WandaVision. Então, para saber mais a respeito, basta ler a matéria do link abaixo.

As mais famosas Terras paralelas da Marvel Comics

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Muitas aventuras, arcos e edições especiais aconteceram nas mais diversas Terras do Multiverso Marvel, e uma das mais populares é a saga Guerras Secretas (a de 2015). Nesta edição, vimos a junção de heróis e vilões de diferentes mundos em um só lugar, no chamado Battleworld. Abaixo, você confere algumas das Terras presentes na trama, e que também foram palco de histórias famosas.

Terra-616 (Universo principal)

Esta é a Terra do universo da “cronologia oficial” da editora, onde tudo acontece “para valer”. É onde as histórias se entrelaçam de forma ininterrupta, em tramas compartilhadas entre os títulos, com tudo o que foi publicado pela Marvel Comics desde 1939, quando ainda era chamada de Timely Comics. A noção de todos os personagens usando a mesma continuidade foi estabelecida em Fantastic Four #1, em 1961, e segue assim até hoje.

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Terra-1616 (Terra Ultimate)

A linha Ultimate foi criada para revitalizar as propriedades da editora em uma realidade em que nosso Peter Parker morreu e Miles Morales é quem assumiu o manto do Homem-Aranha. Era uma iniciativa experimental que acabou dando certo com vários personagens, como a versão mais realista dos Vingadores, os Supremos, que foi a base para a criação do grupo na Marvel Studios. Nas Guerras Secretas de 2015, a Terra-1616 se fundiu à Terra-616, trazendo alguns dos heróis e vilões de lá para a cronologia oficial — como o próprio Morales. Contudo, histórias recentes mostram que a Terra-1616 ainda existe de forma independente.

Terra-982 (2099)

Nos anos 1990, a Marvel Comics tentou emplacar uma nova linha editorial baseada no futuro breve de seus personagens, em títulos que até deram certo inicialmente. Homem-Aranha 2099, Justiceiro 2099 e Motoqueiro Fantasma 2099 fizeram bastante sucesso durante o lançamento; e a proposta até revitalizou franquias que pareciam perdidas, como as do Justiceiro e do Motoqueiro Fantasma.

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Mas não durou tanto tempo e, agora, algumas dessas versões dos personagens aparecem em eventos especiais. Aliás, o Homem-Aranha de 2099 deve aparecer na animação Homem-Aranha: No Aranhaverso 2.

Terra-811

Esta Terra nasceu de uma linha temporal em que os X-Men foram dizimados, na trama de Dias de um Futuro Esquecido, que até mesmo ganhou adaptação para os cinemas. No arco original, Rachel Summers volta no tempo para evitar que a tragédia aconteça. E aqui vai uma curiosidade: a história foi lançada originalmente em 1981, bem antes de Exterminador do Futuro, de 1984, que tem uma premissa semelhante — e até mesmo o diretor James Cameron admitiu ter sido influenciado pela obra.

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Terra-295

Famoso pelo arco Era do Apocalipse, esse é um mundo em que Charles Xavier não existe, e o então vilão Apocalipse tomou conta da humanidade. Também foi uma anomalia temporal, corrigida no final da saga.

Terra-2149

Este universo é usado pela Marvel Comics para explorar as versões desmortas das propriedades da editora nos especiais Zumbis Marvel.

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Terra-58163

Quando a Feiticeira Escarlate ficou mentalmente desequilibrada após se dar conta de que seus filhos não eram fruto de uma relação real com o Visão, ela criou um universo em que os mutantes eram maioria no planeta, durante o evento Dinastia M.

Terra-65

Esta é uma das únicas Terras do Multiverso em que Peter Parker não é o Homem-Aranha original. Aqui, quem se torna o Escalador de Paredes, ou melhor, a Escaladora de Paredes, é Gwen Stacy. Daí veio a Spider-Gwen que aparece em Homem-Aranha: No Aranhaverso.

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Terra-807128

Neste cenário, os vilões exterminaram quase todos os heróis e Wolverine, já velho, deixou de ser um herói há tempos, após ser levado a executar seus colegas de equipe. E daqui saiu o arco Velho Logan, que inspirou a adaptação Logan.

Terra-311

Imagine os heróis da Marvel Comics vivendo no século XV, com histórias contadas pelas mãos poéticas de Neil Gaiman. Essa foi a premissa da minissérie 1602, que destacou essa realidade, em que vemos estranhas e intrigantes versões dos personagens da Casa das Ideias.

O tempo é um organismo na Marvel

Como dá para notar na própria descrição das Terras do Multiverso Marvel, muitas das realidades paralelas existentes nasceram de mudanças na linha temporal. Ou seja, a editora usou muito esse recurso ao longo das décadas, o que trouxe várias incongruências e deixou tudo ainda mais complicado de explicar. Em 2013, quando a primeira turma dos X-Men estava simultaneamente com os X-Men do presente, a editora, então, apresentou um conceito para tentar justificar essas anomalias e os próprios erros cronológicos.

Na trama do especial Era de Ultron, que nada tem a ver com o filme, Ultron tomou conta da Terra e os heróis decidem voltar ao passado para matar Hank Pym, o criador do robô. Wolverine e Sue Richards são designados para essa tarefa e, quando estavam prestes a cumpri-la, um Tony Stark consumido pela tecnologia tenta impedi-los. Ele explica que o tempo é um ser vivo, e que, de tanto “machucá-lo” com as viagens temporais, sofreu uma avaria grave — daí as constantes incongruências cronológicas.

Tudo bem que foi uma explicação meio desconexa e que nem mesmo é lembrada atualmente, mas serviu para deixar os Novíssimos X-Men por um tempo com a turma mais velha. Era muito divertido ver um Ciclope jovem e mais ingênuo, sem as mesmas rusgas com o irmão Destrutor ou com o Professor Xavier.

Nesse período, o Hulk também passou pela interessante fase “indestrutível”, em que Bruce Banner “cedeu” o Gigante Esmeralda para que a SHIELD pudesse corrigir certas anomalias temporais, enviando o herói para diversos períodos no tempo — algo semelhante com o que vemos em Loki. Em troca, Banner recebia tecnologia para provar que é mais inteligente do que Tony Stark e Reed Richards. Em uma semana, por exemplo, ele criou um dispositivo que acabou com a seca na África. Essa versão de Banner, embora muito mais genial do que o cientista medroso que não costuma muito se gabar de seu intelecto avançado, era bem mais cínica e era muito mais destrutiva do que o Hulk. Pena que durou pouco tempo.

Como deve ser o Multiverso Marvel no MCU?

Já sabemos que existem dimensões paralelas no MCU, graças ao Reino Quântico e ao lugar onde fica a TVA — aliás, muitos acreditam que a TVA fica justamente no Reino Quântico. E as viagens temporais foram introduzidas em Vingadores: Ultimato. Com o anúncio de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, os mundos paralelos estão muito perto, ainda mais com dicas vindas de WandaVision, de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa e de Loki — a própria realidade criada por Wanda em seu seriado pode ser considerado um "universo de bolso".

Atenção, nos três parágrafos abaixo há spoilers sobre Loki

Aparentemente, a Marvel Studios vai primeiro explicar como as realidades paralelas foram unificadas em uma só continuidade, a tal de “Linha Temporal Sagrada”. Mas quem padronizou e ergueu diretrizes para impôr ordem ao caos natural do tempo e dos eventos? Na trama da série, isso fica atribuído aos Guardiões do Tempo, tríade misteriosa que nem mesmo nos quadrinhos é explicada com detalhes.

Há grandes chances de que Kang, o Conquistador, possa estar manipulando a continuidade de forma arbitrária, destruindo milhares de realidades alternativas e de seres para “manter a ordem” no que ele acredita ser o ideal. No episódio três de Loki, por exemplo, ficamos sabendo que as pessoas que trabalham na TVA existiam previamente. Ou seja, os tais Guardiões do Tempo estariam também usando pessoas, de forma descartável, para seus planos — algo muito mais próximo da vilania do que do heroísmo, não?

E não para, por aí, há vários outros indícios de que Kang esteja realmente atrelado à trama de Loki, sem contar sua conhecida premissa temporal dos quadrinhos. E, vejam só, o ator que vai viver o personagem, Jonathan Majors, foi revelado como vilão do vindouro longa Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, justamente na época em que Loki estava terminando suas filmagens — seria por que, talvez, ele já teria participado de alguma cena do encerramento da série?

Fim dos spoilers

É bem possível que, após o término de Loki, presenciemos a real natureza caótica do Multiverso Marvel, com as infinitas linhas temporais e realidades paralelas pipocando de todos os cantos. Isso é muito interessante, porque abre muitas possibilidades e torna o MCU mais perigoso… e divertido. E, claro, caberá aos Maiores Heróis da Terra manter a coesão de nosso universo.