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O que é elo perdido?

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hairymuseummatt/DrMikeBaxter/CC-BY-S.A-4.0
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Quando se fala de arqueologia, um dos termos mais conhecidos aos leigos é o do “Elo Perdido”, popularizado inclusive pela série de mesmo nome, de 1974, e pelo filme baseado nela, de 2009. Mas o que seria ele? Um ancestral desconhecido, que deixou uma lacuna na evolução humana? O meio termo entre macaco e homem?

A resposta curta é que não existe um “elo perdido” em si. Na verdade, o termo descreve um fóssil de transição imaginado entre uma espécie e outra, um intermediário que ainda não teria sido descoberto. A criação e popularização do termo, antes da Origem das Espécies, de Charles Darwin, no entanto, propunha que existisse de fato um único e desconhecido ancestral no meio da linha evolutiva.

Onde está o Elo Perdido?

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A origem do termo Elo Perdido fica no século 18, quando pensadores como Alexander Pope e Jean-Jacques Rousseau, antes da existência da obra de Charles Darwin, imaginaram que o ser humano seria o animal final da “Grande Cadeia do Ser”, uma escala hierárquica onde os animais selvagens seriam seres “menos evoluídos”, com Deus no topo e nós, humanos, abaixo apenas Dele.

Pensadores como Jean-Baptiste Lamarck, que propôs a evolução progressiva de uma espécie para outra, pouco antes da seleção natural de Darwin, mudaram a ideia para um tipo de “esforço” das criaturas mais simples em direção à vida mais complexa e, entre muitas aspas, “perfeita”. O primeiro a usar o termo Elo Perdido, no entanto, foi Robert Chambers, o definindo como uma lacuna no registro fóssil.

Mesmo depois de A Origem das Espécies ter sido publicada, pensadores como Ernst Haeckel continuaram com a ideia de uma linearidade na evolução humana, imaginando literalmente que um macaco iria se aperfeiçoar até se tornar uma criatura mais complexa, como um Homo habilis ou um neandertal, chegando ao Homo sapiens no final.

O próprio Haeckel imaginou 24 estágios na evolução humana, imaginando o 23º ser como o Elo Perdido, que teria o nome teórico de Pithecanthropus alalus (“homem-macaco que não fala”, em tradução livre), mas que nunca teria sido encontrado.

Porque essa visão não está correta? Parece fazer sentido, não é? A questão é que, especialmente com a descoberta recente de que os seres humanos antigos, como neandertais e denisovanos, acasalaram uns com os outros, a evolução humana não foi linear.

Antigos ancestrais, como os Australopithecus e os Homo erectus, tiveram descendentes que cruzaram com diversas outras espécies, gerando “caminhos sem saída” até que, por acaso do destino, um deles acabou dando origem a nós, H. sapiens. Tivemos muitos parentes tão inteligentes quanto nós, mas que acabaram sendo extintos no meio do caminho.

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Mais complexo não quer dizer mais evoluídoo mais adaptado é que sai ganhando. Mesmo que tenham vivido por dezenas de milhões de anos, os dinossauros foram extintos, por exemplo, mesmo que tenham sido animais bastante complexos.

Se fôssemos elencar os elos perdidos já considerados na evolução humana, alguns cientistas descreveram o Pithencathropus erectus (“homem-macaco ereto”) como sendo esse elo, depois virando o Homo erectus, sendo chamado coloquialmente de Homem de Java à sua época. Confira mais alguns dos antigos seres já chamados de Elo Perdido:

  • Homo neanderthalensis: sim, os famosos neandertais já foram vistos com elos perdidos entre nossos ancestrais e nós, mas agora são considerados uma espécie irmã;
  • Homem de Piltdown: um fóssil encontrado em 1912, mas que, mais tarde, descobriu-se ser uma farsa arqueológica;
  • Homem de Nebraska: outra farsa, desta vez em 1922, com base na descrição de um dente;
  • Criança de Taung: um Australopithecus africanus descoberto em 1924, já chamado de Elo Perdido;
  • Homo heidelbergensis: uma espécie ancestral dos Homo sapiens e H. neanderthalensis, hoje com controvérsias dizendo que seriam H. erectus ou H. rhodesiensis;
  • Homo habilis: espécie da evolução humana descrita em 1964 e que seria intermediária entre Australopithecus e H. sapiens, mas cuja determinação ainda é nebulosa;
  • Lucy, talvez a mais famosa a receber o nome, sendo uma Australopithecus afarensis;
  • Australopithecus sediba, espécie com vários esqueletos descritos na África do Sul, descobertos entre 2008 e 2010.

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