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Como será a evolução da espécie humana nos próximos 10 mil anos?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 04 de Março de 2022 às 08h30

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Haru1/Envato Elements
Haru1/Envato Elements

É possível imaginar como a evolução afetará os humanos nos próximos 10 mil anos? Ter 100% de precisão nesse campo da "futurologia" é algo impossível, mas a trajetória do Homo sapiens nos últimos milênios pode contribuir — e muito — para entender os futuros possíveis da espécie humana. Até chegarmos neste futuro, será necessário evitar um apocalipse climático e impedir uma possível Terceira Guerra Mundial.

Caso a espécie humana sobreviva por mais 10 mil anos, é provável que possamos viver por ainda mais tempo. Além disso, os humanos devem se tornar mais altos, só que a constituição óssea deve ficar mais leve e estes indivíduos terão menos força física que os seus antepassados. O cérebro também deve diminuir, mas ainda não se sabe quais podem ser as implicações desta redução.

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"O quanto a perda de massa cerebral afeta a inteligência geral não está claro. Talvez, percamos certas habilidades, enquanto aprimoramos outras que são mais relevantes para a vida moderna", explica Nicholas Longrich, professor de paleontologia e biologia evolutiva da Universidade de Bath, na Inglaterra, em artigo para o site The Conversation,

O cérebro deve diminuir nos próximos 10 mil anos

Quando se pensa no futuro, o senso comum aponta para a espécie humana ter um cérebro ainda maior do que tem hoje. No entanto, está pode não ser uma realidade na evolução humana. Na verdade, "nossos cérebros já estão ficando menores", revela Longrich.

Nas populações da Europa, o tamanho do cérebro atingiu o pico há cerca de 10 a 20 mil anos — pouco antes de os humanos terem inventado a agricultura. Daquele período histórico para cá, os humanos modernos têm cérebros menores. Até agora, ninguém sabe o porquê.

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"Curiosamente, os animais domésticos também desenvolveram cérebros menores", conta o professor Longrich. Por exemplo, as ovelhas perderam cerca de 24% de massa cerebral após a domesticação. Nos cachorros, a perda foi de 30%.

Fique de olho no golden retriever!

Para ilustrar como pode ser o humano do futuro, o paleontologista compara, de forma divertida, a espécie humana com um cachorro da raça golden retriever. "Provavelmente, seremos menos agressivos e mais agradáveis, mas teremos cérebros menores", explica o professor.

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Além disso, "seremos amigáveis ​​e alegres, mas talvez não tão interessantes. Pelo menos, este é um futuro possível", completa o professor sobre comparação, no mínimo, curiosa.

A era da seleção sexual definirá o futuro da espécie

Atualmente, alguns cientistas defendem que a seleção natural não tem mais um valor significativo para a evolução humana, desde que a civilização ascendeu na forma como a conhecemos hoje. Por exemplo, predadores naturais, fome, peste e guerras são fenômenos muito menos comuns quando comparamos com a importância que desencadeavam na existência de nossos antepassados.

"A fome terminou, em grande parte, com colheitas de alto rendimento, fertilizantes e planejamento familiar. A violência e a guerra são menos comuns do que nunca, apesar de existirem forças armadas modernas com armas nucleares ou, talvez, por causa delas", explica o pesquisador. Nesse cenário, surgem alguns contrapontos, como a pandemia da covid-19, mas não são regras.

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No entanto, Longrich defende que a evolução humana não parou. "A evolução não tem tanto a ver com a sobrevivência do mais apto, mas com a reprodução do mais apto. Mesmo que a natureza tenha menos probabilidade de nos matar, ainda precisamos encontrar parceiros e criar filhos, então, a seleção sexual, agora, desempenha um papel maior em nossa evolução", detalha.

Nesse sentido, é como se a espécie humana vivesse a era da seleção sexual, na qual as regras do ambiente criado artificialmente é que comandam a evolução. Afinal, pouco importa as habilidades de corrida de um indivíduo perto da sua capacidade intelectual e de sua beleza.

Maturidade sexual deverá demorar mais para chegar

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Na natureza, quando as taxas de mortalidade são altas, os animais tendem a se reproduzir jovens ou podem não terem esta oportunidade mais tarde. Agora e no futuro, a expectativa de vida tende a crescer cada vez mais, principalmente nas sociedades com maior poder aquisitivo.

Neste cenário, não é uma demanda emergencial atingir a maturidade sexual e os indivíduos podem levar um maior tempo para alcançá-la. "Também é útil ter adaptações que prolongam a vida útil e a fertilidade, dando-lhe mais tempo para se reproduzir", explica o professor sobre a possibilidade do tempo de reprodução aumentar conforme avança a expectativa de vida.

"Como nossa expectativa de vida dobrou, as adaptações para prolongar a vida e os anos férteis são agora vantajosas", reforça. De modo geral, "animais com poucos predadores — animais que vivem em ilhas e no fundo do oceano ou são simplesmente grandes — crescem por mais tempo", lembra o pesquisador. Nessa classe de animais, estão as tartarugas de Galápagos e os tubarões da Groenlândia.

No futuro: mais altos e com menos força

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Se olharmos para os hominídeos, as espécie humana deve crescer nos próximos 10 mil anos. "Os primeiros hominídeos como Australopithecus afarensis e Homo habilis eram pequenos, com 1,20 m a 1,50 m de altura. Os hominídeos posteriores — Homo erectus, neandertais, Homo sapiens — ficaram mais altos. Continuamos a ganhar altura em tempos históricos, em parte impulsionados pela nutrição aprimorada, mas os genes parecem evoluir, também", defende Longrich.

Por outro lado, a história da evolução aponta que os ossos humanos estão mais leves nos últimos dois milhões de anos. A explicação pode estar na menor necessidade da força bruta conforme a vida se tornava mais sedentária e a energia do trabalho era centralizada na agricultura.

Agora, com o maior tempo atrás de telas e smartphones, a tendência deve se manter. "Os empregos modernos exigem cada vez mais trabalhar com pessoas, palavras e códigos — eles exigem cérebros, não músculos", comenta o paleontologista.

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Impacto dos algoritmos das redes na evolução

Apesar de todos os benefícios e da melhora da vida humana com o uso da tecnologia, Longrich questiona o possível impacto dos algoritmos na evolução da espécie, já que desencadearam uma pressão seletiva inteiramente nova. Por enquanto, o foco está nos apps de relacionamento, mas podem ter desdobramentos inimagináveis.

"À medida que mais e mais encontros são feitos a partir de smartphones, estamos delegando decisões sobre como será a próxima geração aos algoritmos de um computador, que recomendam nossas possíveis correspondências", comenta.

Nesse cenário, é como se o algoritmo ajudasse a escolher o código genético que será transmitido às gerações futuras, "assim como [ele] molda o que você transmite ou compra online", ressalta. Nesse processo, outros artifícios humanos para reprodução, como ferormônios, perdem parte da função original.

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"É difícil saber aonde isso leva, mas me pergunto se é totalmente sensato entregar o futuro de nossa espécie aos iPhones, à internet e às empresas por trás deles", completa o paleontologista com um lembrete sobre a importância do nosso poder de decisão para que a espécie humana possa continua a se perpetuar.

Fonte: The Conversation