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Dente de possível menina denisovana de até 160 mil anos é encontrado no Laos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 18 de Maio de 2022 às 10h01

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Universidade de Tel Aviv
Universidade de Tel Aviv

O dente molar de uma possível menina denisovana de 164.000 anos atrás foi encontrado dentro de uma caverna no Laos, o que pode indicar um novo habitat da espécie extinta, que era conhecida por ter vivido na Sibéria e na China. Os denisovanos foram uma linhagem do gênero Homo, ou seja, faziam parte da família biológica humana, da qual apenas o Homo sapiens sobreviveu.

A partir de análises de datação radioativa e luminescente, os pesquisadores concluíram que o dente tem de 131 a 164.000 anos de idade, o que o coloca em meados do período Pleistoceno, que foi de 2,6 milhões a 11.700 anos atrás. Estudos genéticos recentes mostram que os humanos modernos e seus parentes denisovanos se encontraram no sudeste asiático nesse tempo geológico.

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Denisovanos na Ásia

Segundo os paleoantropólogos que estudaram o molar, a descoberta mostra que os denisovanos eram potencialmente adaptados a condições extremas, desde as montanhas Altai na Rússia e no Tibet até as florestas tropicais do sudeste asiático. Estudos genéticos indicam que eles suportavam altitudes elevadas e climas frios, mas a evidência de sua presença em habitats mais quentes e úmidos é novidade.

O dente foi encontrado em 2018, em uma formação chamada Caverna Cobra, nas Montanhas Anamitas do Laos, cuja entrada fica a 34 metros do chão. A caverna de calcário, que tem o nome técnico de Tam Ngu Hao 2, foi encontrada enquanto suas proximidades eram escavadas em busca de fósseis dos humanos modernos, que já haviam sido encontrados no local. Também na Caverna Cobra, foram encontrados fósseis de rinocerontes, antas e veados sambar (um cervídeo asiático).

A pesquisa descobriu que o molar, que ficava na mandíbula esquerda inferior da criança, ainda não havia irrompido, indicando ter pertencido a uma criança de 3,5 a 8,5 anos. Analisando a terra e as pedras que circundavam o dente com datação de luminescência (que verifica há quanto tempo os minerais foram expostos à luz solar) e datação radioativa (que verifica o decaimento radioativo de elementos químicos), chegou-se à data estimada de 131 a 164.000 anos atrás.

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Analisando o esmalte do dente, foi confirmada a origem Homo, e a ausência de proteínas associadas ao cromossomo Y mostraram que o dente veio de uma menina. O comparando com dentes de outros hominídeos, verificou-se uma estrutura semelhante à dos neandertais, mas com uma variação um pouco fora do gênero, o colocando mais próximo do físico de um denisovano.

Ainda há muito mistério acerca dos denisovanos: sabemos que os ancestrais dos humanos modernos se separaram da linhagem deles e dos neandertais há 700.000 anos, e que a linhagem dos dois se separou há 400.000 anos. Análises dos fósseis, no entanto, mostram que híbridos de humanos, denisovanos e neandertais eram possíveis entre si.

Até o momento, apenas cinco fósseis foram ligados aos denisovanos com certeza: três molares superiores, um fragmento de dedo e uma mandíbula, além de um crânio que suspeita-se ser do gênero, mas também indica-se ser de uma nova espécie, Homo longi. Há evidência de que os denisovanos viveram na Oceania, vindo do continente asiático, e humanos modernos vivendo nestes locais e em ilhas do sudeste asiático têm heranças genéticas do gênero.

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O estudo com a análise da dentição provavelmente denisovana foi publicado na última terça-feira (17) no periódico científico Nature Communications.

Fonte: Nature Communications