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Maior macaco da história desapareceu devido a mudanças climáticas

Por| Editado por Luciana Zaramela | 11 de Janeiro de 2024 às 12h10

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Mint_Images/Envato
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Há centenas de milhares de anos, os gigantes macacos da espécie Gigantopithecus blacki, com cerca de 3 m e pesando 300 kg, viviam no sul da China. Até hoje, esses primatas mantêm o título de maiores símios que já habitaram o planeta, mas misteriosamente desapareceram. Agora, paleontólogos reconstroem as circunstâncias daquela época e descobrem o que os levou à extinção.

Liderado por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências (ACC), o recente estudo descobriu que os macacos gigantes foram extintos por não saberem se adaptar em meio às mudanças climáticas enfrentadas na região. Enquanto isso, outras espécies de símios prosperaram, como os orangotangos Pongo weidenreichi.

A extinção do maior macaco

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“A história do maior macaco que já existiu é um enigma na paleontologia — como poderia uma criatura tão poderosa ser extinta numa época em que outros primatas estavam se adaptando e sobrevivendo?”, questiona Yingqi Zhang, cientista da ACC e um dos autores do estudo, em nota.

Em busca de respostas sobre o desaparecimento do Gigantopithcus blacki, os pesquisadores analisaram os vestígios fósseis da espécie, que consistem em cerca de 2 mil dentes preservados e quatro robustos maxilares. Todos esses achados estavam preservados em cavernas da província de Guangxi, no sul da China.

Analisando os fósseis do Gigantopithcus blacki

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É verdade que os registros fósseis não podem “dizer” o que levou a extinção do maior primata que já habitou a Terra, mas eles podem dar vários indícios. Por exemplo, a época em que ocorreu a extinção. Com essa data aproximada, é possível entender o que estava acontecendo na região.

A partir das análises dos dentes e até mesmo do pólen encontrado, a conclusão dos cientistas é que o desaparecimento do macaco gigante ocorreu há cerca de 295 mil e 215 mil anos.

No período, as florestas locais estavam passando por uma transformação, deixando de ter uma densa cobertura vegetal, árvores de grande porte, água abundante e uma diversidade de frutos ricos em nutrientes. Em consequência, a paisagem passou a ser ocupada mais por pastagens e gramíneas, com menos acesso à comida e maior risco de incêndios.  

As mudanças climáticas que ocorreram ao longo de milhares de anos foi a ruína para a espécie. O Gigantopithcus blacki não conseguiu lidar com a escassez de recursos — considerando as suas gigantes proporções, era necessária uma alimentação muito rica para mantê-lo. No oposto, os símios menores e mais aptos conseguiram se destacar, proliferando por toda a região, como os orangotangos.

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Como evitar a sexta extinção?

“Com a ameaça de um sexto evento de extinção em massa [da biodiversidade] pairando sobre nós, há uma necessidade urgente de compreender como as espécies são extintas”, comenta Kira Westaway, da Universidade Macquarie, na Austrália. Ela também é uma das autoras do estudo.

“Explorar as razões das extinções passadas não resolvidas vai nos dar um bom ponto de partida para compreender a resiliência dos primatas e o destino de outros animais de grande porte, no passado e no futuro”, acrescenta Westaway.

Fonte: Nature e Scimex