Review Moto G22 | Celular de entrada com visual premium
Por Bruno Bertonzin • Editado por Léo Müller |
No começo de abril de 2022, a Motorola atualizou a sua popular linha Moto G e lançou mais um modelo de celular de entrada, o Moto G22. O celular chega para ser o sucessor direto do Moto G20 e conta com poucas melhorias em relação ao seu antecessor.
- Review Redmi Note 11 Pro Plus 5G | Muita potência e desempenho
- Review Redmi Note 11 Pro 5G | Bom desempenho e câmeras respeitáveis
Entre as novidades está um chip de escolha questionável — explicarei isso mais para frente —, câmeras com resoluções ligeiramente superiores e outras vantagens a mais.
Mas será que vale a pena passar de um Moto G20 para um Moto G22? Ou melhor, será que compensa comprar o novo celular básico da marca? Nessa análise levanto os principais aspectos positivos e negativos do dispositivo, a fim de tornar a sua decisão mais fácil. Confira:
Design e Construção
O Moto G22 traz um importante avanço em relação ao seu antecessor. Apesar de manter toda a construção em plástico nas laterais e na traseira, o acabamento atrás é feito com um material mais duro e fosco — o que dá a impressão de que ele é feito de vidro. Isso torna o telefone muito mais elegante, com um visual quase premium.
Apesar de não ter aspectos tão sofisticados, o bloco que abriga o conjunto de quatro câmeras traseiras também tem sua beleza e deixa toda a parte de trás do Moto G22 com um ar mais limpo, sem "poluição visual”. Para um modelo de entrada, a marca acertou bem nas escolhas de design.
Na frente, ele é bem padrão. Em vez do antigo entalhe em forma de gota visto no Moto G20, a Motorola trouxe um furo no display, para abrigar a lente de selfies. Dessa forma, ele não fica para trás em relação a concorrentes ou qualquer outro modelo mais atual.
O smartphone tem todo um aspecto “plano”, e isso é mais uma das escolhas que eu julgo que foram acertadas. Além da traseira toda reta, as laterais também seguem esse aspecto e só são levemente curvadas na borda.
Em sua construção, o aparelho ainda traz uma grade para o speaker na parte inferior, ao lado do conector USB-C, e uma entrada para fones de ouvido em cima. O sensor de impressões digitais não fica mais na traseira. Em vez disso, ele é acoplado à tecla de energia, na lateral. Essa é mais uma decisão que segue as tendências do mercado.
Para finalizar a parte estética, toda a construção oferece uma boa ergonomia. Mesmo sem capa, ele tem uma boa pegada. A traseira escorrega um pouco, mas as laterais mantém o aparelho firme na mão. De qualquer forma, não deixe de usar uma capinha, já que esta já é inclusa no kit.
Por fim, ele é consideravelmente leve — pesa apenas 186 gramas. Já as suas dimensões são de 163,95 x 74,94 x 8,49 mm.
Tela
O Moto G22 conta com uma tela IPS LCD de 6,5 polegadas com resolução de 720 x 1600 pixels. Essa é uma configuração basicamente “padrão” em modelos neste segmento, mas o aparelho traz uma vantagem a mais, que é sua taxa de atualização de 90 Hz, enquanto possíveis concorrentes param em 60 Hz.
A tecnologia utilizada no display só incomoda um pouco para enxergar o conteúdo quando o sol está muito forte. Nesses casos, o brilho máximo nem sempre é o suficiente para que possamos ver o display com conforto. Mas não chega a ser um problema exclusivo do G22, mas sim uma característica dos painéis IPS.
As cores exibidas também não são tão vívidas e, mesmo que você mexa nas configurações da tela para aumentar a saturação ou escolher modos diferentes, o display ainda será um pouco “sem graça”, com tons mais simples.
Configuração e Desempenho
No começo desta análise eu comentei que a escolha do chip para o Moto G22 é “questionável” e, agora, eu explico o porquê. O Moto G20 é equipado com o Unisoc T700 e seu sucessor chegou com o MediaTek Helio G37.
Apesar de o aparelho mais recente ter um processador que roda a uma frequência maior, testes de benchmark mostram que o Unisoc tem um “poder de fogo” melhor, já que o chipset atingiu pontuações mais altas no Geekbench 5 e no AnTuTu 9 — plataformas populares para mensurar a performance dos aparelhos.
Outras especificações do G22 incluem uma memória RAM de 4 GB e armazenamento interno de 64 GB — o que fica bem no básico nos padrões atuais.
Questões técnicas à parte, o desempenho do Moto G22 é bem baixo para um celular que foi lançado pela marca por cerca de R$ 1.700 (apesar de agora já existir ofertas melhores).
O dispositivo mal consegue executar games mais pesados, como CoD Mobile ou LoL: Wild Rift. Nestes, o Moto G22 teve um desempenho muito ruim, mesmo com as configurações gráficas definidas no mínimo — que é o padrão recomendado em ambos os títulos.
Para games mais básicos, como Candy Crush ou 8 Ball Pool, ele até dá conta do recado, mas não recomendo comprar o G22 se você quer aproveitar jogos que exijam mais do processador e da placa gráfica.
Já se o foco é apenas a navegação em redes sociais ou o uso de mensageiros, já fica também um alerta: use um aplicativo de cada vez, nada de abrir Twitter, Instagram e Facebook e ficar alternando entre eles, caso contrário terá um pouco de engasgos para rolar o feed.
Nosso teste padrão de desempenho consiste em verificar a pontuação que o aparelho atinge nas análises Wild Life Unlimited e Wild Life Extreme Unlimited do 3D Mark, mas o Moto G22 não tem o hardware necessário para isso.
Neste caso, rodei o app nos Sling Shot Unlimited e Sling Shot Extreme e as pontuações foram de 927 e 540 pontos, respectivamente. Como efeito de comparação, o resultado do Sling Shot Unlimited foi inferior até mesmo ao do Moto G7 Power — intermediário lançado pela marca em 2019 — que registrou 945 pontos.
Usabilidade
O Moto G22 chega com o Android 12 já instalado de fábrica, junto com a interface My UX da marca. O sistema operacional conta com bastante mudanças visuais em relação à versão passada, principalmente para a área de notificações, que agora conta com bordas arredondadas e uma divisão melhor dos controles de configurações rápidas.
Outra diferença, principalmente para quem está acostumado com um celular da Motorola, é que o G22 não tem aquele app “Moto” para gerenciamento de gestos — como o movimento do punho para abrir a câmera ou acender a lanterna. Em vez disso, essas definições podem ser encontradas no menu de configurações.
Por falar nos gestos, o Moto G22 conta com basicamente todos os comandos presentes em outros modelos — mover o pulso para abrir a câmera, balançar para acender a lanterna e clicar com três dedos na tela para tirar um print.
Outra diferença em relação ao Android 11 é que, agora, os controles de dispositivos de casa conectada não ficam mais no menu de energia, mas na área de notificações — similar ao que acontece na One UI da Samsung.
Câmera
O Moto G22 conta com um conjunto de quatro câmeras traseiras: um sensor principal de 50 MP, um ultrawide de 8 MP, um macro e um de profundidade, com 2 MP cada. As imagens obtidas com eles até que são boas para o segmento em que ele foi lançado.
Câmera Principal (50 MP)
A câmera principal do Moto G22 tira fotos muito boas. Por se tratar de um celular de entrada, é natural que as imagens tenham um pouco de perda de detalhes, mas ainda assim o resultado é satisfatório.
Mesmo com bastante interferência solar, o branco não fica estourado, e as cores apresentam um ótimo equilíbrio e até mesmo vivacidade — algo não tão comum em telefones mais básicos.
O modo retrato também utiliza a câmera principal e, para auxílio, há ainda uma lente de profundidade de 2 MP. Graças a ela, o recorte é perfeito e consegue destacar bem a pessoa do plano de fundo.
Ultrawide (8 MP)
A lente ultrawide consegue capturar imagens ainda mais chamativas do que a principal. Em algumas imagens, é possível ver que o azul do céu ou o vermelho de uma ponte são bem mais intensos com esse sensor.
A perda de detalhes é basicamente a mesma, e objetos como árvores ou arbustos não têm tanto destaque. Mas, mais uma vez, nada muito incomum para a categoria.
Macro (2 MP)
A câmera macro foi a que mais me surpreendeu. Isso porque, mesmo sem o auxílio de um suporte ou tripé, eu consegui tirar fotos bem estáveis — algo praticamente impossível com esse tipo de sensor até mesmo em modelos mais avançados.
Por ter uma resolução mais baixa, o nível de detalhes é bem inferior— uma característica presente em qualquer celular com câmera de 2 MP. Ainda assim, consegui ótimos resultados aproximando bastante de flores ou folhas de plantas.
Câmera frontal (16 MP)
As selfies obtidas com o Moto G22 também se destacam entre outros modelos da categoria. A qualidade de imagem é muito boa e o nível de detalhes é ótimo.
O modo retrato, infelizmente, não faz um recorte tão bom em alguns cenários, mas isso acontece porque o celular usa o software para identificar o fundo. Dessa forma, o contorno em volta do cabelo tem algumas falhas e pode incluir um pedaço do plano de fundo.
Sistema de Som
O Moto G22 conta com apenas uma saída de som, que fica localizada na parte inferior do dispositivo. Isso é normal, já que falamos de um modelo de entrada e até mesmo muitos intermediários possuem uma configuração mono.
Mas, falando especificamente deste aparelho, a saída de som até que oferece um som com volume bem agradável, mas no nível máximo as músicas podem ficar com agudos bem estridentes, o que pode incomodar um pouco.
Ajuda bastante o fato de que o aparelho conta com uma entrada dedicada para fones de ouvido com o acessório já incluso no kit. Não é dos melhores, mas ele é bem confortável, com o design bem parecido com os AirPods da Apple, mas com fio.
Bateria e Carregamento
A bateria é um dos pontos mais positivos do Moto G22. Com 5.000 mAh de capacidade, ele está dentro da média esperada para dispositivos do segmento. No entanto, a forma como o chipset gerencia o consumo de energia deixa sua autonomia ainda melhor.
No nosso teste padrão, reproduzi três horas de filmes na Netflix com brilho configurado na metade e o celular consumiu apenas 10% da bateria. Isso indica que, neste cenário, ele poderia chegar a 30 horas de reprodução com apenas uma carga.
Com um uso normal — no qual alternei entre a navegação em redes sociais e mensageiros, com Wi-Fi ligado na maior parte do tempo e redes móveis em poucas ocasiões — ele também se mostrou bem eficiente para passar um dia inteiro longe das tomadas.
Carregamento não é o seu forte e nem a sua proposta. O kit inclui um carregador de 20 W e, com ele, o aparelho pode ter sua bateria completamente abastecida em cerca de 2 horas.
Concorrentes Diretos
Se a gente for colocar apenas as especificações no papel, o Realme C25Y é um dos melhores concorrentes para o Moto G22. Também lançado neste começo de 2022, o celular chinês chegou com o chip Unisoc T618 e tem um processador com frequência equivalente à do Helio G37 presente no Motorola.
O Motorola se sobressai com seu conjunto de câmeras mais encorpado, enquanto o Realme tem uma configuração tripla, que também traz uma câmera principal de 50 MP, assim como o Motorola. A diferença é que o G22 tem uma câmera ultrawide de 8 MP que seu rival não tem.
A bateria também é a mesma, apesar de o gerenciamento de energia ser melhor no Motorola. No fim das contas, porém, a autonomia deve ser bem parecida nos dois telefones.
O Realme, no entanto, é bem mais barato. É possível encontrá-lo com preços que vão de R$ 900 a R$ 1.100, enquanto o Motorola, atualmente, está na casa dos R$ 1.500. Por ser um lançamento recente, no entanto, esse preço pode baixar nos próximos meses.
Em contrapartida, por esse preço atual do Moto G22, é possível encontrar alternativas melhores, como o Galaxy A23 da Samsung. Ele tem valores que giram em torno de R$ 1.400 e R$ 1.500 e tem um chipset mais potente, o Snapdragon 680.
Em um aspecto geral, o aparelho sul-coreano deve entregar uma performance superior e é outro aparelho lançado no começo de 2022, então não fica tanto para trás se formos falar de “idade”.
Ótimo design, mas o desempenho nem tanto
O Moto G22 teria tudo para se destacar entre modelos de entrada, se não fosse seu preço elevado no lançamento. O celular é equipado com o chip Helio G37 e seu desempenho fica um pouco aquém do esperado, principalmente durante a execução de jogos.
O conjunto de câmeras, por outro lado, surpreende para um modelo de entrada. As fotografias são bem nítidas e com cores bem vívidas, principalmente do sensor ultrawide. Até mesmo a frontal faz bons registros, com uma resolução muito boa.
O design é um ponto forte do aparelho. Sua construção passa a impressão de ser um modelo intermediário premium, mesmo com o acabamento em plástico. A finalização em um tom fosco contribui bastante para fazer parecer que a traseira é de vidro — mesmo não sendo, é claro.
Talvez, se o preço cair um pouco com o passar dos meses, ele se torne um modelo bem atrativo e custo benefício, mas seu valor entre R$ 1.500 e R$ 1.600 de agora não é nada atrativo.