Comparamos o carro da Fórmula E com os elétricos de rua
Por Felipe Demartini • Editado por Jones Oliveira |
Um dos elementos centrais da Fórmula E, além da alta competivividade das corridas, é a conscientização. Como categoria focada na sustentabilidade, ela também deseja ser uma verdadeira vitrine para o mercado de carros elétricos, incentivando os espectadores e fãs a refletirem sobre os impactos dos combustíveis fósseis e considerarem a compra de um eletrificado.
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Acima disso, há também uma verdadeira sinergia entre os dois segmentos, com as inovações tecnológicas que vimos no E-Prix de São Paulo (SP), realizado em 16 de março, chegando rapidamente aos carros de rua. A recíproca também é verdadeira, aliás, com muitos fabricantes e times se aproveitando da experiência com os veículos de passeio para ampliar a performance nas corridas.
É o caso da Nissan, por exemplo, cujos aprendizados com o Leaf, seu principal modelo elétrico, levaram a avanços na caixa de câmbio do carro da Fórmula E que conquistou o terceiro lugar na prova paulistana.
“Essa competição nem faria sentido para nós se não houvesse essa conexão com os veículos de rua”, explicou Tomasso Volpe, chefe do time japonês.
Ele apontou, aliás, uma dinâmica um pouco diferente para o NISSAN e-4ORCE 04, usado pelo time. Ao assumir a fabricação direta das máquinas a partir da temporada 2023, a marca trouxe engenheiros especializados nos carros de passeio para trabalharem no automobilismo, um caminho inverso do que é visto em outros nomes da categoria.
“A Fórmula E] é a competição ideal para o desenvolvimento da tecnologia”, explicou o CEO da categoria, Jeff Dodds. Isso explica, para ele, o interesse de tantas empresas na competição, que tem o maior número de fabricantes de trens de força entre todo o automobilismo — são seis fornecedores entre 11 equipes. “A ideia final é que as pessoas não precisem se preocupar com autonomia e desempenho ao comprar um carro elétrico.”
Performance direto na garagem
As similaridades entre o Gen3, como é chamado o carro da Fórmula E, e o veículo que pode ser adquirido na concessionária mais próxima são maiores do que se imagina. Ainda que você não possa acelerar a mais de 300 km/h nas retas da sua cidade, desenvolvimentos relacionados à bateria, sistemas de recuperação de energia e software caminham lado a lado.
O Canaltech decidiu trazer isso aos números, colocando as máquinas da categoria frente a frente com dois modelos disponíveis no Brasil, de segmentos bem diferentes. De um lado está o BYD Dolphin, carro que custa menos de R$ 150 mil e que costuma aparecer na lista dos mais vendidos, e de outro, o Porsche Taycan Turbo S, um dos principais esportivos da marca notória.
Formula E Gen 3 | BYD Dolphin EV | Porsche Taycan Turbo S | |
Modelo | Gen3 | Dolphin EV | Taycan Turbo S |
Fabricante | Spark Racing Technology | BYD | Porsche |
Configuração | Monoposto | Hatch | Sedã |
Autonomia | 2.933 km (São Paulo E-Prix) | De 240 km a 550 km | De 290 km a 560 km |
Tração | Frontal e traseira | Dianteira | Integral sob demanda |
Potência | 469 HP (350 kW) | 95 HP | 258 HP |
Bateria | 47 kW-h (169 MJ) | 60,5 kW-h | 93,4 kW-h |
0-100 km/h | 2,8 s | 7 s | 2,8 s |
Velocidade máxima | 320 km/h | 160 km/h | 260 km/h |
Recuperação de energia | Até 600 kW por corrida | - | Até 400 kW |
Comprimento | 5.016,2mm | 4.125mm | 4.963mm |
Altura | 1.023,4mm | 1.570mm | 1.378mm |
Largura | 1.700mm | 1.770mm | 1.966mm |
Distância entre eixos | 2.970,5mm | 2.700mm | 2.900mm |
Peso | 760 kg (sem piloto) | 1.405 kg | 2.295 kg |
* O jornalista viajou a convite da Nissan.