Review Mercedes-Benz EQA 250 | SUV elétrico agrada, mas preço é equivocado
Por Felipe Ribeiro • Editado por Jones Oliveira |
Lançado no final de 2022, o Mercedes-Benz EQA 250 nada mais é do que a versão elétrica do SUV de entrada da montadora alemã, o GLA. A empresa, aliás, já havia prometido que as vindouras gerações dos seus produtos já viriam 100% elétricas; agora essa promessa começa a ser cumprida.
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Como testamos o carro algum tempo depois do lançamento, nossa expectativa acabou sendo moldada pela opinião de alguns colegas, mas nada melhor do que o convívio absoluto com o veículo para conclusões mais profundas sobre ele.
Além de testar o carro e contar o que deu certo ou não, procuramos entender qual é o papel do EQA 250 no mercado. A Mercedes-Benz tem planos consistentes de eletrificação, mas a sua participação no Brasil segue misteriosa e a chegada desse e outros modelos ainda não deixa as coisas muito claras.
O fato é que o Mercedes-Benz EQA 250 passa a impressão de ter sido lançado às pressas e que agrada pelo simples fato de ser de quem é. Há elementos de Mercedes aqui, mas algumas falhas pontuais atrapalham o que poderia ser uma briga interessante contra Volvo e afins.
Conectividade, Segurança e Tecnologia
O Mercedes-Benz EQA 250 tem no pacote tecnológico o seu principal trunfo para competir com os demais rivais do mercado de SUVs elétricos. Não podemos reclamar em praticamente nada no convívio com esse carro sob esse aspecto.
Assim como demais modelos da montadora alemã à venda no Brasil, o EQA 250 vem com a MBUX, um sistema operacional interno do pacote de infotenimento que proporciona experiências realmente inteligentes dentro do carro. Esse recurso conta, por exemplo, com a ajuda de uma inteligência artificial para executar comandos no carro, como ajuste de temperatura, mudança de músicas, seleção da cor ambiente, solicitação de percurso no GPS e por aí vai.
A interface é a mesma que estamos acostumados a ver nos demais Mercedes, superintuitiva e com fluidez acima da média dentro do mercado. Dá para dizer, depois de testar tantos carros da marca, que se trata do melhor sistema operacional para carros com exceção ao Android Automotive.
O espelhamento com celulares é feito apenas com fio e há o trabalho em conjunto com um som de ótima qualidade assinado pela Burmester. O ponto fraco no caso do EQA, porém, vai para o aproveitamento da tela. Por melhor que seja a resolução e os recursos, sentimos que o display poderia ser mais bem preenchido com o Android Auto, por exemplo.
Algo que também chama a atenção nesse ecossistema de infotenimento do EQA é o controle da interface. Além da tela touch, há comandos que podem ser feitos no volante e, também, em um touch pad localizado no console central. A ideia é boa, mas nada prática. Já há carros dentro da Mercedes que dispensaram esse recurso, pelo menos na peça do console. O uso no volante, aliás, é algo que até incomoda em alguns momentos, vale ressaltar.
Já no campo da segurança, o EQA 250 não faz feio. Ele vem com um sistema ADAS completo munido de alerta de colisão frontal com detecção de pedestres, ciclistas e medição de distância para obstáculos, frenagem automática de emergência, piloto automático adaptativo com função stop & go, alerta de ponto cego com tráfego cruzado traseiro, sistema de permanência em faixa com correção, sistema de direção semiautônoma com esterçamento automático, assistente de estacionamento semiautônomo e comutação automática do farol alto.
O funcionamento de todos os recursos se mostrou bem competente e com calibração adequada para as nossas ruas, que são lotadas de motoqueiros e pessoas com sérias dificuldades para dirigir nos grandes centros. Pelo menos nesse ponto, a adaptação do GLA para EQA segue bem-feita e muito completa.
Sentimos falta de algumas coisinhas, mas que não atrapalham a experiência. Um sistema de concierge já poderia ter sido trazido pela Mercedes, bem como a internet 4G nativa, disponível na referência desse segmento, que é o Volvo XC40.
Experiência de uso e Conforto
Não podemos, em hipótese alguma, falar que a experiência a bordo do Mercedes-EQA é ruim — muito pelo contrário. Estamos diante de um bom carro elétrico, que cumpre muito bem sua função de ser um veículo confortável, silencioso, dinâmico, ágil e competente para o uso urbano e rodoviário, mas, confesso que esperava mais em se tratando de um Mercedes e o problema está no powertrain.
Em carros elétricos a sensação de pisar no acelerador e sentir o carro é bem parecida entre os diferentes modelos das várias marcas, então, se alguém consegue se destacar positivamente, como o irmão Mercedes-AMG EQS, a coisa muda completamente de figura. Aqui no EQA, tudo foi meio sem graça.
O SUV vem apenas com um motor elétrico dianteiro de 190cv e 38,2 kgf/m de torque, tudo chegando de forma imediata quando o carro está com o modo Sport ativado. O desempenho não incomoda, efetivamente, com um 0 a 100 km/h feito em 8,9s. Pelo peso de 2.040kg, até que é satisfatório. Mas, ao olhar para concorrentes de marcas premium, a surra é grande e o preço pago por cada cavalo (cv) é enorme aqui no EQA.
O acerto da suspensão, por sua vez, é voltado ao conforto, mas mole demais em se tratando de um Mercedes. A montadora é conhecida por seu conforto extremo, mas sem perda de dirigibilidade. Em alta velocidade, o EQA não passa uma sensação das mais agradáveis. Tudo bem, ele não é um modelo esportivo, mas, de novo, os parâmetros nesse segmento são altos. No GLA, isso tudo é bem diferente, já que o SUV é conhecido por seu conforto e prazer em dirigir.
Já a autonomia merece todos os elogios. Munido de uma bateria de 66,5 kWh com fabricação própria da Mercedes, o EQA consegue percorrer até 496km no ciclo WLTP e 300km no Inmetro. No nosso uso, porém, rodamos 400km e ainda havia 68km de bateria, mesmo pegando estrada.
Isso é possível graças ao ótimo sistema de regeneração do conjunto, que pode ser gerido manualmente pelo motorista com as aletas no volante ou freios, ou simplesmente pelo carro, que vai efetuando as paradas conforme o carro à frente de modo muito natural e eficiente.
Vale destacar, também, o ótimo espaço interno. O EQA é um SUV compacto, mas as medidas são semelhantes às de um Jeep Compass, com seus 4,46m e entre-eixos de 2,72m (esse, bem superior ao Jeep). Na prática, uma família grande pode conviver com esse carro sem maiores problemas, superando, inclusive, modelos até maiores, como o BMW iX1. O porta-malas é outro ponto positivo, com 340 litros.
Em termos de recursos para o conforto, o Mercedes-Benz EQA está bem servido. Há a conhecida cromoterapia, que seleciona luzes ambientes para te ajudar a relaxar ou a ativar seus sentidos para uma condução mais acordada, além de outros recursos mais triviais, como o ar-condicionado digital e dualzone, ajustes elétricos dos bancos dianteiros, retrovisor interno eletrocrômico, sensores de estacionamento, rebatimento elétrico dos retrovisores externos, câmera de ré, sistema Auto Hold e abertura elétrica do porta-malas.
Design e Acabamento
Dois dos pontos em que o Mercedes-Benz EQA mais brilham são justamente o design e o acabamento. Por mais que o carro seja derivado de um modelo já existente, aqui ele tem personalidade própria e isso é bem positivo, se tornando um diferencial perante à concorrência.
Na dianteira, a grade é fechada e dá um ar elegante e futurista ao SUV, muito em função da junção e LED, que foi bem feita por aqui e casa muito mais com a proposta do carro. Isso não acontece tão bem no VW Taos, por exemplo. O mesmo vale para a traseira, que também tem im filete e LED, mas que não chega a ser exagerado.
O desenho do EQA é mais quadradinho, mas isso não impactou no coeficiente aerodinâmico, que é de ótimos 0,28cx.
Na parte interna, há muito requinte. O uso do soft touch não é exagerado e temos boa mescla com outros materiais, como vinil, aço escovado e até camurça em portas e bancos. As costuras são aparentes e pintadas em vermelho, dando um certo ar de sensualidade, por assim dizer.
Concorrentes
Por ser um SUV compacto, o Mercedes-Benz EQA é incomodado por vários modelos no mercado elétrico, de diferentes preços. Podemos citar, por exemplo, o Chevy Bolt EUV, o Peugeot e-2008 GT e o BYD Yuan Plus, mas também os tradicionais Volvo XC40 e C40, além do BMW iX1.
Os preços variam entre R$ 159 mil e R$ 420 mil.
Mercedes-Benz EQA 250: Vale a pena comprar o SUV elétrico?
O grande problema do Mercedes-Benz EQA 250 não está no que ele apresenta, mas sim no que ele custa. Fosse, ao menos, R$ 100 mil mais barato, poderíamos estar diante de um dos carros elétricos mais competitivos do mercado.
O motor é bom, com certeza, mas fica devendo em relação aos concorrentes de valor parecido no mercado. A autonomia compensa, mas quem compra esse tipo de produto quer um pouco mais de performance. Claro, há o luxo e a tecnologia, que podem ser trunfos, mas uma mudança no powertrain é mais do que bem-vinda.
Se você estiver disposto a gastar R$ 480.900 pelo Mercedes-Benz EQA 250 e ignorar sua potência apenas satisfatória, ele vale a pena.
No Canaltech, o Mercedes-Benz EQA 250 foi avaliado graças a uma unidade gentilmente cedida pela Mercedes-Benz Cars & Vans Brasil.