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Análise | Honda Civic Touring é purista e divertido, mas precisa se atualizar

Por| Editado por Jones Oliveira | 11 de Outubro de 2020 às 09h30

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Felipe Ribeiro/ Canaltech
Felipe Ribeiro/ Canaltech

O primeiro Honda avaliado pelo Canaltech não poderia ser outro. Lançado em 1972, o Civic é um dos carros mais vendidos da história do mercado automotivo, sendo hoje um dos sedãs mais desejados no Brasil mesmo com uma demanda cada vez mais crescente por SUVs. Em sua 10ª geração, este automóvel é um dos poucos capazes de aliar desempenho apimentado com conforto e ótima dirigibilidade, apesar de, neste momento, apresentar algumas defasagens de projeto que precisam ser corrigidas urgentemente.

Apesar de seus predicados, é necessário entender, também, sua proposta. O Civic, há algum tempo, tem tentado se descolar da imagem de "carro de tiozão" e conseguiu isso, com muitos méritos, em sua oitava geração, chamada de "New Civic". Depois de na nona ser muito criticado por quem já havia se adaptado ao estilo mais esportivo, a Honda resolveu abraçar de vez a "causa" e apresentou um produto muito atraente em 2016.

E isso pode ser justificado não apenas por sua aparência, que é bem mais agressiva que a dos rivais, mas também por seu desempenho na versão topo de linha, chamada de Touring. É nela que o Civic brilha e pode, de fato, ser chamado de um sedã médio de respeito, capaz de botar medo na concorrência.

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Mas, indo para o quinto ano de projeto, o Honda Civic já escancara que precisa de uma atualização, sobretudo na parte tecnológica, para poder combater não apenas o Toyota Corolla, seu principal rival, mas também os inúmeros utilitários que são lançados semana após semana no Brasil e no mundo.

O Canaltech teve a oportunidade de testar o Honda Civic Touring, a versão topo de linha do sedã japonês, e vai trazer todos os detalhes para vocês agora.

Sensação esportiva

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O grande mérito do Honda Civic Touring é reconhecidamente seu motor 1.5 turbo, que estreou nesta geração do sedã. Seus 173cv e 22,4 kgf/m de torque a apenas 1700rpm tornam o automóvel, sem dúvidas, o mais divertido de guiar entre os modelos de sua categoria considerados acessíveis no mercado brasileiro (leia-se com exceção aos BMW, Mercedes e Volvo) — não, o Volkswagen Jetta GLI não compete com ele, e sim com o Civic Si, versão esportiva do japonês. Seu 0 a 100km/h é feito em apenas 8,6 segundos e a relação peso-potência é de 7,7 kg/cv (para ser divertido, abaixo de 9 já basta).

Mas, essa sensação divertida de guiar não é apenas proporcionada pelo motor extremamente eficiente do Civic, mas também por sua projeção na cabine. Por ter uma carroceria mais baixa, o sedã te passa a impressão de estar mais colado ao chão. A suspensão, que é independente nas quatro rodas, ajuda com esse feeling, e o hip line (linha do quadril, em tradução livre), mais ainda. Ao entrar no automóvel, você se sente mais conectado a ele pelo seu posicionamento no banco e isso ajuda em curvas e manobras mais apimentadas.

Não que a versão 2.0 do Civic não seja legal de guiar, mas seus 150cv já parecem cansados, principalmente se levarmos em conta que se trata de um motor aspirado e já antigo em comparação aos demais, incluindo o Toyota Corolla, também 2.0 aspirado, mas com tecnologia mais atual e eficiente.

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O único pecado do Civic Touring em termos de motorização é, talvez, sua modalidade de abastecimento. A Honda optou por trazer este motor apenas na versão à gasolina e, apesar dos bons números de consumo obtidos em nossos testes, com média de 10 km/l no circuito misto cidade/ estrada, a opção flex poderia dar até mais potência e eficiência energética ao sedã.

Ainda sobre o consumo, esses números podem ficar ainda melhores quando adotado o sistema "Econ", já conhecido da linha Civic há algumas gerações. Com essa função ativada, o carro fica bem mais anestesiado, mas é capaz de consumir, no mesmo trajeto misto, algo na casa dos 12 km/l.

Design, conforto e acabamento

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Se compararmos com a geração anterior, o Civic evoluiu absurdamente em todos os quesitos, mas nenhum outro como o design, acabamento e conforto. O projeto apresentado em 2016 tornou o sedã muito mais agressivo e musculoso, com linhas mais modernas e atraentes, o que escancara, claro, a intenção em atrair um público mais jovem ao segmento.

Já no interior, o salto também foi gigantesco. O acabamento, que antes esbanjava plástico duro, hoje traz uma oferta maior de materiais sensíveis ao toque, principalmente no painel, que está mais moderno e mais bem construído, passando um ar de mais sofisticação e elegância. No conforto, porém, devemos ponderar.

O Civic, como bom sedã médio, traz boa oferta de espaço e, claro, conforto, mas seu rodar pode não ser dos melhores se você considerar o padrão deste tipo de carro. Sua esportividade e direção mais "direta" cobram o preço com uma viagem mais "dura", com os impactos das nossas ruas esburacadas sendo transmitidos para a cabine quase que a todo momento. Tem quem goste, claro, mas essa característica, ao mesmo tempo que atrai alguns clientes, afasta outros.

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Apesar disso, o salto de qualidade na vida a bordo do Civic é inegável, mas não há nada que não possa ser melhorado, não é mesmo?

Precisa de banho de tecnologia

Quando lançado em 2016, o Civic já estava atrás de alguns concorrentes quando o assunto era tecnologia. O extinto Ford Focus, por exemplo, já vinha equipado com auxiliar de estacionamento e sistema de frenagem autônoma, para citar alguns itens. Mas, o sedã japonês não chega a fazer feio, apesar de precisar de um "banho de loja".

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Seu sistema multimídia de 7 polegadas é um dos mais completos do mercado e é compatível com Android Auto, Apple Car Play e roteamendo Wi-Fi para os demais ocupantes. Além disso, ele reúne os controles de climatização e também de alguns itens de segurança do veículo. Um detalhe curioso, porém, é a possibilidade de conectar dispositivos por meio de um cabo HDMI (!!!), ou seja, em uma viagem longa, nada te impede de espetar um notebook, por exemplo, e assistir a um filminho. O sistema de áudio também é algo que merece destaque. São 10 alto-falantes e um subwoofer, que entregam som premium de 452W.

Entretanto, as diferenciais do Civic no campo tecnológico param por aí. Isso porquê, mesmo em sua versão 2020, o automóvel não conta com pacotes de segurança que outros rivais já possuem, como Jetta, Corolla e Cruze. Itens como alerta de permanência em faixa, sistema de frenagem autônoma, alerta de colisão e sensor de ponto cego já poderiam equipar, ao menos, a versão topo de linha do sedã.

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Nem mesmo a câmera de seta, que mais atrapalha do que ajuda, pode ser considerado um ponto positivo. Por mais que sua resolução seja muito boa e ela, de fato, auxilie na hora de mudar de faixa (sempre da esquerda para direita), não é muito prático — e nem recomendado — mudar o campo de visão para um posicionamento tão abaixo em manobras de risco como essa.

Apesar disso, o Civic é equipado com: seis airbags, ar condicionado de duas zonas, retrovisor eletrocrômico, sensores de ré e frontais para manobras, câmera de ré, sistema Iso Fix, cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos os ocupantes, assistente de partida em rampa, Hold Break, controle de tração e estabilidade, distribuição eletrônica de frenagem, cluster digital, piloto automático, conjunto ótico full LED, partida do motor à distância, carregamento de celular por indução, volante multifuncional, entrada e partida sem chave e controle de volume pela velocidade.

O que pode melhorar?

Além do que já citamos no campo tecnológico, a Honda precisa tornar o Civic mais atraente em suas demais versões. A diferença de desempenho das versões 2.0 para a 1.5 turbo é enorme e, mesmo que ajude no volume de vendas do sedã, é algo que não pode ser ignorado por fãs mais puristas do carro.

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Além disso, uma motorização flex na versão turbo também se faz necessária e seria um atrativo a mais para o automóvel que, em seu modelo topo de linha, custa mais do que seu principal rival que, inclusive, oferece uma opção eletrificada híbrida leve.

Sedã de respeito

Ao passar alguns dias com o Honda Civic Touring fica claro porque este carro carrega uma legião de fãs consigo. Com desempenho divertido e eficiente, posição de dirigir agressiva, design atraente e segurança a bordo (mesmo que com falta de alguns itens), o sedã é sonho de consumo de muitos entusiastas por conseguir aliar o conforto, esportividade e elegância.

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No entanto, a Honda precisa atualizar seu principal carro urgentemente e é algo que já está na mira da montadora japonesa. Segundo flagras e informações de bastidores, o Civic deve ganhar sua 11ª geração em 2022, com o Brasil sendo um dos mercados.

Com mais tecnologia e segurança, além de versões de entrada mais eficientes, o Civic pode — e deve — incomodar mais seu rival japonês.

O Honda Civic Touring avaliadopode ser adquirido por preços a partir de R$ 142.200,00. No Canaltech, o veículo testado foi gentilmente cedido pela Honda do Brasil.