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Análise | Nova Fiat Strada une modernidade e robustez para seguir na liderança

Por| Editado por Jones Oliveira | 30 de Agosto de 2020 às 09h30

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Felipe Ribeiro/ Canaltech
Felipe Ribeiro/ Canaltech

Quando chegou em 1996, a Fiat Strada, que nada mais era do que um Fiat Palio com caçamba, veio para concorrer em um segmento para lá de aquecido: o das picapes compactas. Com a missão de substituir a guerreira Fiorino Pick-Up, a Strada tinha como rivais a Volkswagen Saveiro e Ford Courier, e depois ganhou concorrentes importantes, como a Chevrolet Montana e a Peugeot Escapade.

Apesar das semelhanças e capacidades parecidas, o pós-venda da Fiat, aliado à robustez e à suspensão quase que inquebrável da Strada (além de uma série de versões lançadas), ajudou a picape da montadora italiana a liderar o mercado desde o primeiro instante em que surgiu nas concessionárias. Mas o sucesso é alugado e é preciso pagá-lo em dia.

Há algum tempo nas pranchetas da Fiat, a nova Fiat Strada finalmente chegou e trouxe a modernização que todos esperávamos. Além de ficar muito mais bonita, a ponto de ser chamada de Mini Toro, ganhou vários equipamentos de segurança e conforto, reforços estruturais, conjunto óptico de primeira linha e, o que talvez seja a principal novidade para a nova geração: uma cabine dupla de verdade, com quatro portas.

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A versão testada pelo Canaltech é a atual topo de linha, chamada de Volcano, tal qual sua irmã maior, a Toro. Nesse modelo, fica claro que a Fiat Strada pretende brigar não apenas entre as picapes comerciais, mas também com carros de passeio com preço semelhante e, ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, o sucesso da Fiat Toro pode ajudá-la a abocanhar uma fatia de consumidores que procuram um carrinho para o lazer.

A prova disso é que, desde que foi anunciada, a Strada segue no top 5 de vendas gerais no mercado brasileiro e, sem surpresas, lidera com folga seu segmento. Apesar de todos esses predicados, a Fiat Strada segue sendo prioritariamente para o trabalho, e nisso ela segue dando show.

Pode chamar de Mini Toro

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Sempre que chega a hora de avaliar o design dos automóveis, precisamos deixar claro que se trata do gosto individual do repórter, mas, pelo menos em 2020, um ano em que já avaliamos muitos modelos aqui no Canaltech, poucos chamaram tanta atenção nas ruas quanto a nova Fiat Strada. Talvez pelo efeito novidade, em cada semáforo que parávamos era possível ver os olhares atentos dos populares.

Não é para menos. Maior e com um design mais moderno, a Strada, dependendo do ângulo em que olhamos, lembra, e muito, a Toro. E pode nos dar algumas pistas de como a irmã maior irá ficar em sua reestilização, agendada para 2021. A dianteira da picapinha está mais robusta e apresenta um conjunto óptico em Full LED e seu raio de ataque aumentou, o que pode ajudar em situações de terreno mais complicado.

Na versão Volcano, em específico, temos rodas de 15 polegadas, santantônio diferenciado na caçamba, proteção de caçamba, capota marítima, detalhes cromados na grade dianteira e diferenciações no interior, que abordaremos mais adiante.

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Segundo Márcio Tonani, diretor de desenvolvimento de produto da FCA e que participou tanto do projeto da antiga Strada quanto da nova, parte do sucesso do carro é que ele sempre esteve à frente do seu tempo, oferecendo itens que, geralmente, não eram vistos nos concorrentes. "A Strada é um dos veículos de maior sucesso na história da indústria automobilística brasileira. Suas inovações sempre impulsionaram suas vendas, conquistando mais e mais clientes, como por exemplo a cabine estendida, as versões Adventure, cabine dupla e três portas. Este modelo sempre esteve à frente do seu tempo e com a Nova Strada isso não foi diferente", disse Tonani, em entrevista ao Canaltech.

A nova Strada, aliás, não faz feio quando o assunto é trabalho. Na versão Volcano, sua caçamba tem capacidade de 844 litros e pode carregar até 650kgs de carga. Para reboque, o limite é de 400kgs, mesmo peso que a nova porta do compartimento de carga aguenta com o veículo parado. Em movimento, o limite cai para 80kgs.

Menos potência, mais eficiência

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Quando falamos da parte mecânica da nova Strada, entramos nas brigas dos números, mas por uma boa causa. Agora, a picape será oferecida em, apenas, dois propulsores: o já conhecido 1.4 Fire de 85cv de potência e 12,4 kgf/m de torque e o moderno FireFly 1.3 de 109cv e 14,2 kgf/m, este último o que equipa a versão que testamos no Canaltech, a Volcano.

Por mais que tenha bem menos cavalaria do que o modelo topo de linha antigo, ainda equipado com o 1.8 eTorq de 132cv, o 1.3 é mais eficiente pois traz o torque em rotações mais baixas do que o modelo com maior litragem. Na prática, o que precisamos mesmo no dia a dia é o torque e, nesse quesito, a Strada atende de maneira impecável.

O bom câmbio de cinco marchas, o mesmo usado em toda a linha manual da Fiat, casou bem com o motor e apresenta uma relação de marchas bem curta. No trabalho, isso facilita, pois traz mais força em marchas menores e ajuda para o carregamento de peso. Para o passeio, por sua vez, traz agilidade em ultrapassagens necessárias e apresenta um bom comportamento quando estamos rodando nos limites dentro dos grandes centros urbanos.

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O único problema por aqui é que, na estrada, quando estamos a 110, 120km/h, faz falta uma marcha a mais para baixar os giros e melhorar o consumo de combustível. E falando no consumo, ele é muito bom: em nossos testes, marcou 9km/l na cidade e 11km/l na estrada, sempre com etanol. Na gasolina, segundo a Fiat, é ainda melhor: 12,1/ 13,3.

De acordo com a Fiat, o trabalho para trazer o câmbio automático, que deve ser o CVT, segue a todo vapor, mas sem previsão de estreia. Já os novos motores FireFly turbo, que equiparão Fiat Argo, Fiat Cronos e Jeep Renegade, não devem chegar à picape. "Estamos trabalhando bastante para oferecermos uma transmissão automática o mais rápido possível. Com relação aos motores, essa decisão tem que levar em consideração a concorrência, os clientes, os impactos financeiros e, neste momento, não temos absolutamente nada definido neste sentido. Até mesmo porque, as motorizações disponíveis, tanto Fire 1.4, quanto FireFly 1.3, já oferecem a melhor relação custo-benefício para o cliente e ambas são as mais econômicas da categoria", revela Tonani.

Ao guiar a Strada, uma agradável surpresa. Além de ágil, ela apresenta um bom conjunto de suspensão e mostra-se confortável, mesmo de caçamba vazia. Para quem já andou em picapes, com exceção à Fiat Toro, que faz "mágica", as demais balançam demais e com a antiga Strada isso acontecia demais. No modelo 2021, isso foi bem acertado.

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No interior, tudo novo (ou quase)

Além das profundas mudanças no design, a nova Strada também recebeu reforços estruturais e um novo padrão de acabamento. Segundo a Fiat, a picape tem 80% de componentes novos em seu projeto, tendo como principal novidade o uso de aço de alta resistência no chassi. Ao entrar no carro, porém, também sentimos a diferença no painel frontal, bancos e, claro, na cabine estendida, que, agora, tem quatro portas e oferece espaço para mais dois adultos com relativo conforto.

Em termos de tecnologia, a nova Strada se mostrou como um dos modelos mais completos da linha "acessível" da Fiat. Na versão Volcano, por exemplo, temos quatro air-bags, assistente de partida em rampa, controles de estabilidade e tração, tracionamento inteligente, volante multifuncional, direção elétrica, entradas USB e 12V, sistema Isofix, câmera de ré, sensor de estacionamento com gráficos dinâmicos e rebatimento do retrovisor do passageiro para as manobras em marcha ré.

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Já quando vamos para o infotenimento, mais um grande acerto da Fiat. A montadora italiana trouxe a nova central uConnect que já é utilizada em carros do grupo dentro da Europa, com uma interface muito mais rápida que as vendidas por aqui e, com o grande destaque: conectividade sem fio não apenas com o Apple Car Play, mas também com o Android Auto, a única entre os modelos testados pelo Canaltech que traz essa feature.

O acabamento, por mais que seja simples, é melhor do que na geração anterior. Com bancos que misturam partes em couro e em tecido de alta qualidade e painel que, apesar de plástico, não traz um material grosseiro. O ponto negativo quando falamos em acabamento, porém, é o isolamento acústico. Ao menos na versão topo de linha, poderia ser melhor.

Por fim, mas não menos importante, o espaço na cabine estendida não é dos melhores, mas uma pessoa com estatura média vai com relativo conforto. A evolução com relação aos modelos antigos é absurdo e as rivais Saveiro e Montana nem de perto possuem tamanho espaço. Com meus 1,84 de altura, a coisa ficou um pouco apertada, é verdade, com o banco do motorista ajustado para mim. Mas, de modo resumido, quatro adultos vão até que bem na Strada.

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De acordo com a Fiat, a tecnologia não se faz presente apenas quando vimos o produto completo e pronto. Segundo a montadora, mais de 90% da nova Strada foi projetada com a ajuda da realidade virtual, uma novidade para a indústria. "Das tecnologias mais recentes presentes neste projeto, o Virtual Center teve papel fundamental. Mais de 90% do desenvolvimento já ocorreu na realidade virtual, com simulações de durabilidade, ruído, vibração, conforto térmico, aerodinâmica e segurança, por exemplo", disse Tonani, à reportagem do Canaltech.

O que precisa melhorar?

A Fiat Strada é um carro voltado para o trabalho, mesmo em sua versão topo de linha. Mas, algumas coisas podem melhorar para fazer com que ela tenha ainda mais sucesso. Logo de cara, o câmbio automático precisa chegar. Em um carro que passa dos R$ 70 mil, esse item deveria ser quase que obrigatório.

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E, por mais que tenha evoluído no aspecto de segurança, a Fiat já poderia ter aproveitado a chance e trazido alguns itens de auxílio ao motorista, como sensores de ponto cego e assistente de descida que, em picapes, fazem a diferença. Ainda no campo da tecnologia, por melhor que o sistema multimídia seja, a tela é pequena demais e incomoda em dados momentos.

O motor 1.3 é eficiente sim, mas, se a montadora já está com o propulsor turbo quase pronto, uma versão com ele também se faz necessária.

Vai liderar com folga

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Como fã de um mercado livre e repleto de concorrência, a chegada da Nova Fiat Strada vai fazer com que os rivais precisem se mexer urgentemente. Com a liderança do segmento bem folgada, a picape compacta começa a vislumbrar posicionamentos melhores até quando comparamos com carros compactos.

Já com sinais de cansaço, a Strada teve um renascimento mais do que necessário, ficando mais bonita, equipada, segura, eficiente e moderna. Chame de Mini Toro ou só de Strada, a Fiat, pelo menos com a picapinha, acertou em cheio.

A Fiat Strada Volcano pode ser encontrada nas concessionárias pelo Brasil por R$ 79.990, sem opcionais. Os preços da nova geração, no entanto, partem de R$ 63.590.

A Fiat Strada Volcano 2021 utilizada nesta análise foi gentilmente cedida ao Canaltech pela FCA do Brasil.