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Fábricas de celulares no Brasil adotam medidas para não parar em meio a pandemia

Por| 27 de Março de 2020 às 16h40

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Fábricas de celulares no Brasil adotam medidas para não parar em meio a pandemia
Fábricas de celulares no Brasil adotam medidas para não parar em meio a pandemia

Enquanto o país enfrenta a pandemia de COVID-19 e tenta minimizar os problemas trazidos pelo novo coronavírus, causador da doença, as fabricantes de celulares tomam medidas para proteger seus trabalhadores. Apesar de nem todas terem paralisado as atividades completamente, ao menos a maioria afastou funcionários dos grupos considerados de risco, com férias coletivas e uso de banco de horas.

A Samsung enfrentava resistência por ter tomado posicionamento considerado insuficiente pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, mas, agora, anuncia que vai liberar todos os trabalhadores das duas fábricas, em Manaus e Campinas a partir da próxima segunda, 30. LG e Multilaser adotaram medidas de distanciamento social, com redução de jornada, enquanto Positivo e Semp TCL dizem apenas seguirem recomendações da OMS.

O Canaltech entrou em contato também com a ASUS, que optou por não se posicionar sobre o assunto.

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Samsung resiste, mas resolve parar

De acordo com nota do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, a Samsung foi pressionada desde a semana passada por uma posição mais firme em relação aos trabalhadores da fábrica no interior paulista. A entidade lembra que, em fevereiro, foi acordada uma paralisação de três dias por conta da falta de peças vindas da China enquanto o país asiático enfrentava o surto inicial do novo coronavírus.

“A exportação de peças no país foi temporariamente proibida ao resto do mundo, afetando a produção na fábrica de Campinas. Após o Sindicato realizar assembleias com os trabalhadores, foi acordado uma paralisação de três dias, com dois dias de compensação em março”, diz a nota do sindicato. Agora, a entidade cobra da Samsung um acordo para proteger os trabalhadores no Brasil, uma vez que a pandemia chegou aqui.

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Em contato com o Canaltech, a Samsung confirmou que vai paralisar a fábrica de Campinas a partir da próxima segunda, 30, enquanto a de Manaus já está fechada desde o começo desta semana. A previsão de retornar às atividades é 12 de abril.

“Na Samsung, a saúde e a segurança de nossos colaboradores são nossa maior prioridade. Como medida de precaução para proteger nossos funcionários e suas famílias contra a COVID-19, decidimos suspender as operações em nossas fábricas no Brasil até o dia 12 de abril. Além disso, os colaboradores do nosso escritório em São Paulo e do nosso Centro de P&D em Campinas já trabalham em casa desde 23 de março”, diz comunicado da companhia, que vai monitorar a situação e dando a entender que as medidas de distanciamento social podem ser estendidas.

Multilaser mantém operações parciais

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Com fábrica em Extrema-MG, a Multilaser anunciou que está funcionando com 50% dos funcionários, deixando o restante em férias coletivas. Os turnos foram reduzidos e a companhia também mostrou, em um vídeo enviado à reportagem, diversas medidas de segurança para garantir a saúde dos trabalhadores, como medição de temperatura logo na entrada, máscaras e vestimentas especiais e distanciamento entre os colaboradores.

De acordo com o diretor executivo da Multilaser, Alexandre Ostrowiecki, as medidas são semelhantes às adotadas na China, epicentro inicial da pandemia. O executivo ainda apoiou as medidas de isolamento social adotadas por governos estaduais brasileiros, mas alertou que “é muito importante também pensar em formas de fazer a economia continuar”.

Positivo segue orientações da OMS

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Outra empresa que respondeu à reportagem foi a Positivo, que garantiu ter adotado “rigorosamente as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Aliás, algumas das ações que implementamos nas unidades fabris ultrapassam as sugeridas pelas autoridades sanitárias”, afirma o presidente da Positivo Tecnologia Hélio Rotenberg.

Entre as medidas para o pessoal da fábrica, a empresa realizou orientação médica com os funcionários, intensificou ações de higienização do ambiente de trabalho e refeitório, disponibilizou ônibus fretados para o transporte dos trabalhadores e alterou horários dos turnos. Além disso, “distribuímos máscaras cirúrgicas descartáveis, remanejamos pessoas classificadas como grupo de risco e reorganizamos posições de trabalho para favorecer a distância social”, explicou Rotenberg, citando ainda outras medidas, como melhoria na ventilação natural dos ambientes e treinamentos constantes com especialistas para prevenção à COVID-19.

“Estamos convictos de que estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para garantir o bem-estar e preservar a saúde de nossos funcionários”, garantiu o executivo. A empresa segue operando dentro da normalidade nas fábricas tanto em Manaus como em Curitiba.

LG e Motorola também preferem não parar

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O Canaltech entrou em contato com a LG em busca de uma posição oficial, mas não recebeu resposta. O site Mobile Time, no entanto, informa que, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté (Sindmetau), a fábrica da companhia no interior de São Paulo está com férias coletivas desde 23 de março, que será ampliado a partir do dia 31 para os funcionários do grupo considerado de risco — ou seja, pessoas acima dos 65 anos, com doenças crônicas, respiratórias ou gestantes. Outros devem voltar a trabalhar na próxima semana.

E, para garantir a segurança dos funcionários na ativa, a companhia adotou medidas de distanciamento social e outras precauções, como o uso de roupas especiais no ambulatório médico, máscaras em caso de necessidade, esterilização dos ônibus fretados e refeitório, e orientações para que os trabalhadores se mantenham a pelo menos dois metros de distância uns dos outros.

Medidas semelhantes às tomadas pela Flextronics, fábrica responsável pela montagem dos smartphones da Motorola no Brasil.

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A SEMP TCL, por fim, informou à reportagem que a fábrica segue em operação. A empresa "vem acompanhando de perto a evolução da COVID-19 desde o início da pandemia e seguindo todas as orientações e recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde) e das autoridades médicas e governamentais locais a fim de preservar e assegurar o bem-estar e a saúde de seus funcionários, colaboradores e prestadores de serviço". Além disso, a companhia liberou o pessoal do escritório administrativo para trabalhar de casa.

Além da preocupação com a saúde dos funcionários, também há outro problema: peças. Há algumas semanas, havia informação de que alguns navios com componentes que saíram da China antes do surto ainda não haviam chegado. Mas a situação no país asiático ainda não normalizou, e pode ser que um novo isolamento seja necessário. Sem componentes, as fábricas podem se ver obrigadas a adotar férias coletivas no final das contas.

Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e RegiãoMobile Time