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Testes de COVID-19 na Islândia mostram que metade dos infectados é assintomática

Por| 27 de Março de 2020 às 15h19

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Autoridades e órgãos de saúde de todo o mundo vêm priorizando o isolamento como a maior arma de prevenção ao novo coronavírus (SARS-CoV-2), contudo, enquanto não há vacina ou medicamentos, uma diferente abordagem de um processo que já vem sendo aplicado em todo o mundo pode ter efeitos mais eficazes para conter a disseminação dos patógenos. O governo da Islândia vem apostando em testes massivos, mesmo em quem não apresenta os sintomas, para isolar os infectados que não desenvolveram a COVID-19 antes que eles contaminem outras pessoas. E uma das conclusões liga o alerta em todo o mundo: metade das pessoas que testaram positivo não apresentam sintomas.

Com uma população de 364,2 mil pessoas, a ilha que fica no norte da Europa é o país com maior quantidade de examinados por morador em todo o mundo. De acordo com a biotecnologia DeCode Genetics, que realiza o procedimento em parceria com a administração islandesa, quase 3,8 mil pessoas foram testadas — isso representa uma proporção de 10.405 indivíduos testados por milhão de pessoas, o dobro da líder nesse quesito até então, a Coreia do Sul, com 5,2 mil indivíduos testados a cada milhão. Para se ter uma ideia é, na Itália esse número é de 2,5 mil por milhão e no Reino Unido é de 764 por milhão de pessoas.

"A população da Islândia coloca-a na posição única de ter recursos de testes muito altos com a ajuda da empresa de pesquisa médica islandesa DeCode Genetics, que se oferece para realizar testes em larga escala. Este esforço tem como objetivo reunir informações sobre a prevalência real do vírus na comunidade, já que a maioria dos países está testando exclusivamente indivíduos sintomáticos no momento", explica Thorolfur Guðnason, epidemiologista chefe da Islândia.

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Dos 3.787 indivíduos testados no país, um total de 218 casos positivos foi identificado até o momento. "Pelo menos metade dos infectados contraiu o vírus enquanto viajava para o exterior, principalmente em áreas de alto risco nos Alpes europeus (pelo menos 90)", disse o governo na segunda-feira (23). Esses números incluem os primeiros resultados de voluntários sem sintomas, iniciados na última sexta-feira (20) . O primeiro lote de 1,8 mil exames confirmou 19 infectados, ou cerca de 1% da amostra.

"Os primeiros resultados da deCode Genetics indicam que uma baixa proporção da população em geral contraiu o vírus e que cerca da metade dos que apresentaram resultado positivo não é sintomática. A outra metade apresenta sintomas semelhantes a um resfriado moderado. Esses dados também podem se tornar um recurso valioso para estudos científicos do vírus no futuro", destacou Guðnason.

Outros estudos apontam a mesma proporção de infectados sem sintomas

Uma pesquisa publicada na segunda-feira (23) na revista Science descobriu que, para cada caso confirmado do vírus, provavelmente há “entre cinco a dez pessoas com infecções não detectadas na comunidade”. Os cientistas, que basearam seu modelo em dados da China, relataram que esses casos geralmente mais leves e menos infecciosos estão por trás de quase 80% das novas transmissões.

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Outro relatório publicado esta semana pela equipe de resposta à COVID-19 do Imperial College, grupo de especialistas envolvido na ofensiva britânica contra a doença, chegou a uma conclusão semelhante. “As análises dos dados da China e dos que retornam em voos de repatriação sugerem que entre 40% e 50% das infecções não foram identificadas como casos positivos. Isso pode incluir infecções assintomáticas e doenças leves”, afirma o documento.

Testes massivos são o próximo passo para conter o avanço da COVID-19

Essas análises e os bem-sucedidos resultados de contenção do novo coronavírus na Islândia e na Coreia do Sul têm mostrado que o isolamento, que é a principal diretriz da maioria dos governos em todo o mundo, precisa do apoio de testes massivos para que a disseminação do patógeno realmente seja controlada.

Além disso, os testes ainda são direcionados somente para casos suspeitos, que então levam ao rastreamento de contatos e isolamento. A medida tem como base não sobrecarregar os serviços de saúde. Contudo, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), ciente de que a ampliação dos exames tem dado resultados, vem recomendando os governos a multiplicar a capacidade para as análises, em um passo adiante e mais proativo no combate à COVID-19.

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"Você não pode combater o fogo com os olhos vendados, e não podemos impedir esta pandemia se não soubermos quem está infectado. Temos uma mensagem simples para todos os países: testem, testem, testem. Testem todos os casos suspeitos. E os governos que lutam contra o coronavírus dizem que testes extensivos levaram a resultados substanciais — e salvaram vidas”, disse o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, o diretor-geral da OMS, nesta semana.

No momento, o teste fica restrito aos que são encaminhados às Unidades de Terapia Intensiva e aqueles com pneumonia ou infecções respiratórias graves. O baixo limite de unidades para exames tem levado os médicos a decidir quem é que deve ser avaliado. A expectativa dos cientistas é de que governos possam trabalhar ao lado do setor privado para aumentar a disponibilidade de verificação, inclusive dos próprios profissionais de saúde, já que muitos não vêm passando por esse processo — além de não saber que estão infectando outras pessoas, vários deles adoecem e até mesmo estão morrendo.

Fonte: BuzzFeed