O que sabemos sobre a variante BA.2.86 Pirola da Ômicron
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
A partir do monitoramento da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma nova cepa de coronavírus foi identificada recentemente — nomeada BA.2.86, com o apelido de Pirola, ela rivaliza com a Éris, ou EG.5, como variante de interesse por todo o mundo. Ela foi detectada em poucos países, ainda não tendo chegado ao Brasil. Por que ela seria, então, preocupante?
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O médico epidemiologista Paul Hunter foi entrevistado pela revista online Science Focus, da BBC, e contou tudo sobre a subvariante da Ômicron. Ela é filha da BA.2, que apareceu pela primeira vez em 2021, tendo de 35 a 36 mutações a mais do que sua “ancestral”. Até o dia 8 de setembro deste ano, 34 casos haviam sido reportados no Reino Unido, onde o espalhamento da variante é mais sério.
Suécia, Canadá, Dinamarca, Israel, África do Sul, Portugal, Tailândia, Suíça e Estados Unidos também viram infecções pela Pirola, segundo autoridades de saúde destes países. Mesmo assim, o interesse pela cepa se dá mais pelas mutações que ela apresenta — embora já tenhamos lidado com as anteriores, é bom monitorar seu desenvolvimento para entender o que há de diferente.
De onde veio a variante Pirola?
Não se sabe a origem exata da variante Pirola, mas seus primeiros casos foram identificados em Israel e na Dinamarca. Segundo Hunter, a comunidade científica não acredita que esses países sejam de fato a origem da cepa, com sugestões de que ela teria realmenta se originado no sul da África.
A BA.2.86 é mais severa ou mais transmissível?
O epidemiologista afirma que, pela quantidade pequena de casos identificados no mundo, é difícil definir o perfil de sintomas da variante Pirola, mas, com base nas cepas derivadas da Ômicron até agora, o perfil tem sido de infecções menos severas. Isso melhora ao notar que muitas pessoas adquiriram imunidade híbrida, ou seja, foram vacinadas e tiveram covid-19 anteriormente, protegendo da severidade da infecção. Mesmo quem apenas foi vacinado também já tem uma proteção extra.
Em termos de transmissibilidade, a BA.2.86 parece ter vantagens em escapar da imunidade e das vacinas em relação à BA.2, segundo Hunter, mas não mais do que variantes recentes, como a Éris. Vale lembrar que esta última teve um pico no final de julho e início de agosto pelo mundo, e parece estar em declínio. Testes comuns de covid-19 também deverão funcionar como esperado na identificação da cepa, caso chegue ao Brasil.
As vacinas serão eficientes contra a variante Pirola?
Hunter lembra que, além das vacinas, a imunidade cruzada é realidade para uma vasta maioria da população, dando uma chance a mais contra a infecção pela BA.2.86. Mesmo assim, as vacinas garantem um pico de imunidade por quatro a seis meses, então é necessário receber reforços e novas doses, especialmente em casos de surto, ao menos uma vez por ano.
Um exemplo é um aumento no número de casos da variante Éris no Estados Unidos, agora que o verão chegou ao fim no hemisfério norte e o comportamento humano no frio facilita a transmissão de vírus.
Ainda esta semana, na última segunda-feira (11), a US Food and Drug Administration (FDA), agência análoga à Anvisa no Brasil, aprovou a atualização do esquema vacinal das empresas Moderna e Pfizer para novas doses, mais potentes contra subvariantes da Ômicron, como as EG.5.1 e BA.2.86, respectivamente, Éris e Pirola. Basta manter as vacinas em dia e confiar na ciência.
Fonte: US Centers for Disease Control and Prevention, Science Focus BBC com informações de Metrópoles