Variante Éris: OMS monitora nova cepa da covid-19
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •
O fim do estado de emergência provocado pela covid-19 em todo o globo, em maio deste ano, não significou o desaparecimento do coronavírus SARS-CoV-2. É o que confirma a Organização Mundial de Saúde (OMS), após anunciar uma nova variante sob monitoramento (VUM) em meses: a EG.5, popularmente conhecida como Éris.
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A EG.5 foi identificada, pela primeira vez, durante o mês de fevereiro, na Ásia. Desde então, tem se espalhado pelo mundo, de forma gradual. Hoje, é cepa da covid-19 dominante nos Estados Unidos, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Isso significa que a maioria dos novos casos da infecção são provocados pela Éris.
Nas primeiras semanas de julho, as autoridades de saúde estadunidenses afirmam que a EG.5 era responsável por 7,5% dos casos da covid-19. Na última sexta-feira (4), a estimativa é de que a VUM esteja relacionada com 17,3% das infecções, o que faz dela a cepa dominante no país. Dados do Reino Unido também apontam para crescimento parecido.
Brasil registrou casos da variante Éris?
No Brasil, a Rede Genômica Fiocruz, que realiza a vigilância genômica do Sars-CoV-2 nacionalmente, não identificou nenhum caso da cepa EG.5, conforme indica a sua última atualização, feita na segunda-feira (7). Em alguns estados, como Goiás, Bahia e Paraíba, os pesquisadores identificaram a circulação da EG.1. Embora sejam próximas geneticamente, esta não está, por enquanto, no radar da OMS.
OMS monitora variante a EG.5
Desde o final de julho, a OMS monitora oficialmente a EG.5 e todas as suas descendentes diretas. Esta cepa possui características genéticas das variantes XBB.1.9.2 e S:F45600L, ambas descendentes da Ômicron.
No mundo, o movimento identificado nos EUA e no Reino Unido já foi observado, mesmo que em menor grau, pela OMS. Segundo a organização, “a EG.5 mostrou uma tendência crescente na prevalência de 6,2% na semana 24 para 11,6% na semana 28”. Ambas as semanas se referem ao mês de julho.
Só que a estimativa global, muito provavelmente, está imprecisa, o que indica que a predominância pode ser maior que a divulgada. "Atualmente, os casos relatados não representam com precisão as taxas de infecção devido à redução de testes e relatórios globais”, lembra a OMS.
Significado da hashtag no nome da variante
Aqui, vale comentar que em alguns estudos ou informes oficiais a variante Éris pode aparecer como EG.5#. O estranho uso da hashtag indica apenas que o nome é um guarda-chuva para todas as cepas que comecem com EG.5, como a própria EG.5 ou a mais recente EG.5.1. Para a OMS, são variações muito pequenas, o que as impedem de se diferenciarem de forma significativa.
Por que a nova variante recebe o nome de Éris?
Outra observação importante é que Éris é um nome completamente informal em relação à covid-19, já que apenas as Variantes de Preocupação (VOCs, em inglês) recebem o nome de uma letra do alfabeto grego, como Delta.
Só que os especialistas optam por nomear as VUMs, como a EG.5, informalmente com uma referência ao universo mitológico, como já ocorreu com a Arcturus (XBB.1.16), para facilitar a comunicação. No caso da Éris, o apelido foi divulgado por T. Ryan Gregory, professor de biologia na Universidade de Guelph, no Canadá, em suas redes sociais.
Em um primeiro momento, Éris é o nome de um planeta anão. Para ser mais preciso, é o segundo maior planeta anão do Sistema Solar. Para além disso, Éris é também uma referência direta ao universo da mitologia grega, já que é o nome da deusa da discórdia e da Mãe dos Males.
O que sabemos sobre a EG.5?
Hoje, "não há nada particularmente especial sobre EG.5.1 que podemos dizer", afirma Gregory. Em outras palavras, não foi identificado, até o momento, uma possível habilidade extra de transmissão, capacidade de provocar formas mais graves da covid-19 ou de escapar da imunidade gerada pelas vacinas. Inclusive, a OMS não divulgou nenhuma avaliação de risco relacionada a essa nova variante.