Giro da Saúde: nova onda de covid-19; varíola dos macacos será a nova pandemia?
Por Luciana Zaramela |

Com novos casos de varíola dos macacos surgindo a cada dia, o noticiário da semana foi marcado pela doença. Mas, enquanto isso, a pandemia da covid-19 ainda continua, e especialistas temem uma nova onda aqui no Brasil. Confira, agora, os destaques da última semana!
Varíola dos macacos é a nova covid?
Sim, a varíola dos macacos, que até esta sexta (27) já somava mais de 200 casos pelo globo, representa um risco à saúde pública, mas não que seja algo no patamar da pandemia da covid-19. Existem diferenças significativas entre os dois agentes infecciosos: “à medida que a vigilância se expande, esperamos que mais casos sejam vistos. Mas precisamos colocar isso em contexto, porque não é a [nova] covid”, afirma Maria Van Kerkhove, diretora técnica da Organização Mundial da Saúde para covid-19.
A principal diferença entre a covid e a varíola dos macacos é que a primeira foi uma completa desconhecida. Ninguém sabia, no início da pandemia, como o coronavírus era transmitido, nem como a infecção evoluía no organismo. Não existiam nem vacinas. Já a varíola dos macacos é conhecida pela ciência desde 1970 e já existem imunizantes para combatê-la.
Inclusive, o imunizante contra varíola humana é eficaz contra ela, mas parou de ser aplicado no Brasil na década de 1970 — e é aí que mora o problema. Grande parte da população mundial não é imunizada, o que demanda uma nova corrida por vacinas, caso a doença se espalhe ainda mais rapidamente.
Anvisa recomenda máscaras contra varíola dos macacos
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou, na última terça (24), que o uso de máscaras e o distanciamento social usados na proteção contra covid podem impedir ou adiar a chegada da varíola dos macacos ao Brasil. Para isso, é necessário que as medidas continuem em uso em aviões e aeroportos.
"Tais medidas não farmacológicas, como o distanciamento físico sempre que possível, o uso de máscaras de proteção e a higienização frequente das mãos, têm o condão de proteger o indivíduo e a coletividade não apenas contra a covid-19, mas também contra outras doenças", lembra a agência.
Especialistas temem nova onda de covid-19
E por falar em máscaras, de acordo com entrevista concedida por especialistas ao Jornal da USP na semana passada, "ainda é cedo" para dispensar o uso do item. Segundo Esper Kallás, professor do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP, dados de diversos países sugerem que a pandemia ainda não acabou, e que uma nova onda de casos é possível mesmo considerando o avanço da vacinação, capaz de conter a maioria das mortes e quadros graves da doença.
O problema reside nas mutações genéticas do vírus. O surgimento de novas variantes faz com que o vírus escape parcialmente da proteção produzida pela vacina. Até o momento, a maior parte do perfil de hospitalizados por covid é composta por idosos e imunossuprimidos, o que exigiria mais doses.
Para conter uma possível nova onda, a vacinação infantil também parece exercer um papel de grande importância. “Se a gente protege as crianças, consequentemente protege também os adultos em seu entorno", opina Kallás.
Tratamento usa vírus para combater câncer
Pesquisadores de Los Angeles trabalham em uma nova técnica que usa um vírus para destruir tumores malignos. Trata-se do CF33-hNIS (chamado comercialmente de Vaxinia), vírus testado pela primeira vez em um paciente nos EUA. Na primeira fase da pesquisa, realizada com animais, o vírus mostrou eficácia na redução de câncer de cólon, pulmão, mama, ovário e pâncreas em modelos pré-clínicos de laboratório e animais.
"As mesmas características que eventualmente tornam as células cancerígenas resistentes à quimioterapia aumentam o sucesso de vírus oncolíticos, como o CF33-hNIS. Esperamos aproveitar a promessa de virologia e imunoterapia para o tratamento de uma ampla variedade de cânceres mortais", apontam os pesquisadores da instituição City of Hope.
Transplante duplo de mãos dá nova esperança a paciente
Um paciente escocês chamado Steven Gallagher (48) passou mais de uma década de sua vida convivendo com esclerodermia, uma doença que enrijece estruturas como pele, músculos, órgãos e tendões. Há sete anos, suas mãos começaram a se fechar em um punho cerrado permanente, com dores horríveis e impossibilidade de abrir os dedos. A solução, que parecia distante, apareceu em forma de um pioneiro transplante duplo de mãos para tratar a condição — já que estava fadado a perdê-las no futuro, caso não o fizesse.
Steven se tornou o primeiro paciente com esclerodermia a fazer um transplante duplo de mãos. A operação foi bem-sucedida e envolveu 30 profissionais de várias áreas, sendo feita no prazo de 12 horas, em 2021, após encontrar um doador compatível. O paciente ainda ficou no local por quatro semanas, para acompanhamento, e hoje depende de fisioterapia e monitoramento das novas mãos. Satisfeito, o homem já consegue realizar tarefas simples, como fazer carinho no cachorro, abrir a torneira e encher um copo de água.
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