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Médicos e pacientes sofrem com vácuo de informações sobre a covid longa

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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s_kawee/envato
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Após três anos do início da pandemia de coronavírus, tanto pacientes quanto médicos têm lutado contra a covid longa, desde aspectos básicos como identificação de sintomas até estigma social e falta de medicamentos eficazes. Enigmática, a condição sofre de falta de pesquisas, que ainda não conseguiram encontrar biomarcadores efetivos e determinar, definitivamente, todos os sintomas possíveis.

Em muitos países, a pandemia acalmou a ponto de sentirmos que já não sofremos mais com a covid-19, que parou de apinhar hospitais e exigir foco dos profissionais de saúde. Para quem sofre de covid longa, no entanto, o pesadelo nunca terminou. Não sabemos o que causa a condição, fora contrair o vírus — e isso é a base de todos os problemas subsequentes envolvendo a condição.

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Como identificar sintomas?

Além de ser difícil direcionar medicamentos e tratamentos para uma condição para a qual ainda não descobrimos uma base biológica, os sintomas são dos mais variados. Entre os que a medicina já identificou, estão fadiga, problemas respiratórios, dificuldade para pensar e se concentrar, mas também inflamações e outros distúrbios em órgãos variados. Para piorar, a condição não afeta todos os pacientes da mesma forma, dificultando a identificação da patogenia.

Enquanto alguns pacientes melhoram dos sintomas com o tempo, outros observam um vai-e-vem deles, e outros pioram. Isso confunde os pesquisadores acerca do período pelo qual as pesquisas sobre o tema deve durar ou como comparar medicamentos com placebos.

Com isso, as empresas farmacêuticas esbarram em um paradoxo: quando uma condição tem características bem definidas, é fácil investigar em pesquisas para descobrir remédios efetivos. Como para a covid longa isso não foi descoberto, as companhias não investem em estudos caros que poderiam identificar biomarcadores, ou seja, motivos biológicos para o surgimento do problema.

Até agora, muitos dos esforços para compreender a condição focaram muito nos sintomas, muito variados, e não nas possíveis causas subjacentes, o que também dificulta seu entendimento. Especialistas comparam o caso ao uso de um Band-aid para curar uma ferida para a qual não se sabe a causa — ela provavelmente continuará aparecendo, até que descubramos de onde vem.

Indo até a raiz do problema

Embora 3 anos não seja um tempo longo, comparativamente, para fazer pesquisas e descobrir potenciais tratamentos, é um período extenso para quem sofre de covid longa. Alguns cientistas fundaram, em conjunto, o Colaborativo de Pesquisa Liderada por Pacientes, do qual participam pesquisadores que sofrem de covid longa e apresentam até mesmo problemas cognitivos e fadiga crônica, impedindo de trabalhar em campos nos quais eram líderes.

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Enquanto não conseguirmos descobrir a origem do problema, a identificação de sintomas só pode ser feita ao relatar o que se está sentindo, ao contrário de condições como anemia, por exemplo, facilmente detectada por exames de sangue e relatada a círculos sociais com normalidade. Além de tudo, pacientes da covid longa sentem-se sem apoio e com estigmatização social por indivíduos que até mesmo duvidam de seus sintomas.

Mesmo com todos esses problemas, há algum norte. Um estudo de 2022, por exemplo, conseguiu detectar restos do vírus SARS-CoV-2 no sangue de pacientes de covid até um ano após a infecção — um possível marcador biológico para detectar covid longa.

Quando finalmente descobrirmos como o patógeno afeta o sistema imune dos pacientes, poderemos saber mais sobre outras doenças crônicas e agudas, o que poderá impactar significativamente o campo da imunologia humana.

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Fonte: The Guardian