Como é diagnosticada e quanto tempo pode durar a perda de olfato na covid longa?
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
A covid-19 pode afetar as pessoas de diferentes formas, inclusive alguns indivíduos podem ter a doença de forma completamente assintomática. No entanto, esta não é a regra para todos, sendo bastante comum a perda do olfato (chamado anosmia) ou ainda a redução na capacidade de sentir cheiros (hiposmia) nos infectados. Infelizmente, o problema olfativo pode permanecer por meses, e é considerado um sintoma da covid longa.
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Observando o desfecho das pessoas que desenvolvem a perda ou alterações no olfato, é possível afirmar que a maioria irá recuperá-lo em algumas semanas. Só que existem algumas exceções, segundo pesquisadores do Karolinska Institutet, na Suécia.
A equipe descobriu que, de 12 a 18 meses após o diagnóstico inicial da covid-19, 34% a 46% das pessoas ainda podem apresentar alguma redução clínica nas funções olfativas, como sequela da fase aguda da doença. Apesar da alta porcentagem, a maioria das pessoas não tem consciência do problema, especialmente quando é menos evidente.
Como descobrir a perda ou alterações no olfato?
Se a pessoa desenvolve anosmia, o diagnóstico da perda de olfato é óbvio, já que o indivíduo não irá sentir o cheiro de um perfume ou dos alimentos que consome. O principal desafio do diagnóstico ocorre quando as alterações são mais sutis. Aqui, cabe destacar que algumas pessoas podem desenvolver a fantosmia, um tipo de alucinação olfativa. Nestes casos, invés de sentir do café recém-feito, identifica um odor de gasolina, por exemplo.
Dentro do consultório de um médico otorrinolaringologista, alguns testes podem ser feitos para medir a intensidade da perda olfativa. O mais tradicional é a olfatometria, também conhecida como avaliação do olfato, que consiste no uso frascos com aromas ou papéis com microcápsulas que contêm fragrâncias. Após ser exposto aos aromas, o paciente deve identificar qual cheiro sente.
Com tecnologia adaptada do mercado de perfumaria, a startup brasileira Noar tem um dispositivo de cheiro digital que funciona conectado a um tablet. Sem a necessidade de frascos ou papéis, a ferramenta libera as fragrâncias, através de uma tecnologia de ar seco.
Segundo a startup, a fragrância é liberada, sem deixar resíduos no ar, no demonstrador ou no usuário. Isso permite uma maior testagem de cheiros, sem comprometer e bagunçar o ambiente com uma mistura de essências. Por fim, os resultados da testagem são enviados simultaneamente, de forma virtual, facilitando o diagnóstico.
Treinamento de olfato pode ser boa estratégia
Após a identificação do problema, a melhor forma de acelerar a melhora da capacidade olfativa é a partir do treinamento de olfato, segundo o Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido. Basicamente, a pessoa deve cheirar diferentes "fragrâncias" e tentar associá-las com o seu nome.
"Quanto mais cedo você começar o treinamento do olfato, mais ele poderá ajudar", afirma artigo do NHS. No entanto, a atividade só vale para aqueles que já conseguem distinguir pelo menos dois cheiros, mesmo não sabendo o que são.
Entre os cheiros recomendados para o início da terapia, os especialistas britânicos orientam o uso de materiais que já existem em casa e são conhecidos do paciente, como:
- Café;
- Perfumes;
- Frutas cítricas;
- Óleos essenciais.
Outras doenças podem provocar a perda do olfato
Embora a perda olfativa pareça ser algo exclusivo da covid-19 e da covid longa, isso não é exatamente verdade. "A perda olfativa pode ser causada por outros vírus ou infecções, traumatismo craniano ou uma série de doenças neurodegenerativas", comenta Johan Lundström, do Karolinska Institutet, em artigo para o site The Conversation.
Para evitar o risco de parosmia no contexto da pandemia, a solução 100% eficaz é não contrair a infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2. No entanto, estar vacinado e ter recebido as doses de reforço podem reduzir significativamente o risco de um indivíduo desenvolver a covid longa, segundo cientistas do Instituto Nacional de Estatísticas Britânico.
Fonte: The Conversation, NHS e MedRxiv