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Consumo moderado de álcool pode fazer bem para o intestino

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Kelsey Chance/Unsplash
Kelsey Chance/Unsplash

Diversos estudos apontam para impactos negativos do consumo excessivo de álcool no intestino, que pode causar disbiose (um desequilíbrio entre bactérias boas e ruins no órgão) e deixar as paredes intestinais mais permeáveis. Avaliações dos efeitos de poucas quantidades de bebida, no entanto, não são muito conclusivas: algumas apontam benefícios do álcool, e outras, malefícios.

A disbiose está associada a mais inflamações e doenças do que ocorre com intestinos com microbiotas saudáveis, e, quando o órgão está permeável, bactérias e toxinas podem acabar saltando para a corrente sanguínea e chegar ao fígado, causando inflamações e problemas diversos. Para piorar, a falta de saúde intestinal pode levar ao “desejo”, o vício pelo álcool.

Abuso de álcool e o intestino

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Um estudo realizado em 2023 envolveu o microbioma de 71 pessoas entre 18 e 25 anos de idade sem distúrbios relacionados ao álcool, como alcoolismo. Nele, quem bebia demais — ou seja, virava quatro bebidas ou mais dentro de duas horas, no caso das mulheres, e cinco ou mais no caso dos homens — apresentou mudanças no microbioma relacionadas a uma vontade maior de beber.

Sintomas de inflamação no sangue também surgiram nesses consumidores, o que já foi mostrado em outros estudos. Não foram vistos, no entanto, sinais de disbiose. O problema é visto com clareza em estudos envolvendo animais, mas, em humanos, é muito mais difícil encontrar a associação — não é tão fácil controlar fatores como dieta e outras condições de saúde neste caso.

E o consumo moderado de álcool?

Embora alguns países considerem o limite de uma bebida por dia, para homens, e duas, para mulheres como consumo moderado de álcool, poucos estudos investigam os efeitos dessa quantidade no corpo. Alguns estudos notaram que, em comparação com quem não bebe, os consumidores alcoólicos leves e moderados têm uma microbiota intestinal mais diversa, algo associado a um intestino saudável.

Isso pode estar relacionado a outros fatores, como dieta e estilo de vida, ou a algo nas bebidas alcoólicas que beneficie o intestino, mas, de acordo com cientistas, definitivamente não é um benefício do etanol em si. Já um estudo de 2020, envolvendo 916 britânicas, mostrou que as consumidoras de vinho tinto (e, em menor escala, vinho branco) tinham mais diversidade na microbiota do que as que não bebiam.

Com cerveja e licor, a associação não apareceu. Os pesquisadores apontam que isso pode ser por conta dos polifenóis, compostos presentes na casca da uva e abundantes no vinho tinto, mas eles não vêm apenas do vinho — podem estar presentes na uva, no café, no chá e em outras frutas, vegetais e ervas. Se alimentar de plantas e alimento fermentado, como iogurte, kimchi e kombucha pode melhorar a diversidade da microbiota intestinal também.

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No microbioma de pacientes tratados de distúrbios com bebida, entre duas a três semanas após a abstinência, o intestino mostrou recuperação nas bactérias, além da diminuição da permeabilidade do órgão. Geralmente, os pacientes tratadas para a condição também começam a comer e a dormir melhor, o que também pode melhorar o microbioma intestinal.

Para quem bebe moderadamente, não se sabe se parar de beber ou beber menos poderia influenciar o microbioma do intestino, mas a substância pode causar azia, inflamação do tecido estomacal e sangramentos gastrointestinais, além de aumentar o risco de alguns tipos de câncer, incluindo no esôfago, cólon e reto. Beber menos vale a pena na melhora da saúde, segundo cientistas — mas, se você bebe pouco, poder ser que não haja problema algum nisso.

Fonte: Frontiers in Psychiatry, Microbiome, AMJ Gastrointestinal and Liver Physiology, Biological Sciences, eBioMedicine, PLOS One, Addiction Biology, GastroenterologyEJCN, Gut Microbes, Hepatology Communications