Cigarro eletrônico é mais usado por curiosidade do que para deixar de fumar
Por Augusto Dala Costa | Editado por Luciana Zaramela | 29 de Setembro de 2023 às 18h09
Segundo uma pesquisa realizada eletronicamente no Brasil, os cigarros eletrônicos são mais utilizados por curiosidade do que para redução de danos em relação ao cigarro comum — os dados vêm do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel), realizado pela organização Vital Strategies Brasil em conjunto com a Universidade Federal de Pelotas.
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Isso foi descoberto em entrevistas realizadas com mais de 9.000 brasileiros, entre janeiro e abril de 2023, com perguntas sobre hábitos de saúde e questões relacionadas. É a primeira vez que os motivos de uso dos cigarros eletrônicos figurou no questionário, cujos resultados têm uma margem de erro de 3%.
O que leva os brasileiros a usar cigarro eletrônico?
O uso dos vapes, ou cigarros eletrônicos, ocorre principalmente pela curiosidade — é o que disseram 20,5% dos respondentes. Em seguida, vem a moda, com 11,6%, porque gosta, com 11,4%, para acompanhar amigos ou familiares, com 7,5%, e pelos sabores, com 6,8%.
Os motivos relacionados ao cigarro comum só aparecem depois de todos estes, como por poder usar o aparelho onde o cigarro tradicional é proibido (4,3%), para parar de fumar (3,0%), para não voltar a fumar o cigarro industrializado (1,8%), por fazer menos mal que o cigarro (1,0%) e por vício (0,3%).
Mesmo com a prevalência baixa, o argumento principal da indústria responsável pelos cigarros eletrônicos é o de que ele seria útil para reduzir o uso do tabaco na forma tradicional, mesmo com pesquisas apontando que o dispositivo ainda possa causar inflamação pulmonar e queda na imunidade. A Covitel ainda levantou que o principal público interessado no vape é o dos jovens, com 17,3% entre 18 e 24 anos tendo usado pelo menos uma vez, 6% usando, porém, não diariamente, e 0,5% usando diariamente.
A tendência diminui com a idade, e a população geral até 64 anos usou 5,7% uma só vez, 2% usa, mas não diariamente, e 0,30% usa diariamente. Entre os motivos apontados pelos usuários, também está o fato de que o cigarro eletrônico não deixa cheiro, o que ajuda a fumar em alguns lugares onde o cigarro tradicional é proibido, bem como próximo de familiares.
Melhor disposição para exercícios físicos também é citada. Mesmo com o motivo da redução de danos sendo citado, no entanto, muitos perdem o controle do número de tragadas quando usam o vape. Mesmo com a proibição do cigarro eletrônico sendo mantida pela Anvisa em 2022, a maioria dos usuários compra em lojas físicas — 43,1%.
Em segundo lugar, vêm as lojas online, com 29,9%, e outros locais, 11,60%. Embora existam argumentos de que a regulamentação poderia facilitar o controle das vendas, informação ao público e prevenção do acesso aos menores de 18 anos, a Anvisa mantém a resolução de que isso só normalizaria o uso e a curiosidade para experimentá-lo.
Na última quinta-feira (28), foi realizada uma audiência pública no Senado acerca do cigarro eletrônico, e não chegou-se a consenso, com opiniões apontando que o produto seria porta de entrada para maconha e cigarro tradicional, como já mostrado em pesquisas da Fiocruz, mas houve discordâncias por parte de autoridades no assunto.
Já na última terça-feira (26), a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou diretrizes para o banimento do dispositivo nas escolas. Vale lembrar que, como é um produto novo, ainda não há estudos sobre as consequências de seu uso a longo prazo.
Fonte: OMS, Senado Notícias, Vital Strategies Brasil