Como cigarros eletrônicos se tornaram um problema para a reciclagem?
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper | •
Enquanto os cigarros tradicionais já possuem um longo histórico de estudos sobre seus impactos à saúde humana, menos se sabe a respeito dos cigarros eletrônicos. E não é somente nessa área — seus danos ao meio ambiente também são conhecidos em menor escala. O que já tem se tornado evidente, como mostra o jornal britânico The Guardian, é que os aparelhos estão sendo um problema para a reciclagem no Reino Unido.
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Com 1,3 milhão de cigarros eletrônicos — também conhecido como vapes ou pods — não recarregáveis sendo descartados toda semana em território britânico, companhias de reciclagem apresentam dificuldades para manejar o material e até garantir o seguro de suas plantas. Apesar de conterem baterias de íons de lítio, a grande maioria destes aparelhos tem sido descartada como lixo comum, o que proporciona o potencial de iniciar um incêndio e liberar poluentes na atmosfera.
Empresas que trabalham com o manejo de resíduos no Reino Unido, como a Grundon — que recicla cerca de 80.000 toneladas de resíduo por ano — reportam que coletam de 100 a 150 dos vapes descartáveis por dia. Owen George, gerente da empresa, declarou ao Guardian que “Como eles são vendidos como descartáveis, algumas pessoas simplesmente os jogam no chão.” Além disso, o restante, que é colocado em latas de lixo ou públicas ou junto com o resíduo residencial, pode se perder entre os demais materiais e causar incêndios no processo de compactação e destinação do lixo. Em apenas um ano, uma planta da Grundon pegou fogo quatro vezes por este motivo.
Seguradoras estão hesitando em atender o setor de reciclagem por este risco crescente. Como alternativa, as empresas têm empregado sistemas de inteligência artificial para detectar os cigarros eletrônicos e suas baterias, além disso, materiais metálicos podem ser separados magneticamente dos demais.
A questão das baterias não se limita aos vapes — muitos outros eletrônicos com elas são descartados inadequadamente, mas olhando somente para os 138 milhões destes aparelhos vendidos por ano no Reino Unido, o lítio que eles contêm seria o suficiente para a fabricação de 1.200 baterias para veículos elétricos. No Brasil, o comércio de cigarros eletrônicos não é permitido, mas o produto circula irregularmente em território nacional.
Fonte: The Guardian