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O que é mais nocivo, cigarro eletrônico ou comum?

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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TrendsetterImages/Envato Elements
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Por muito tempo, o uso dos cigarros eletrônicos foi justificado por ser uma alternativa a sua versão original e uma opção para aqueles usuários que quisessem parar de fumar. Atualmente, os potenciais benefícios do dispositivo são questionados pela comunidade científica e, neste Dia Nacional de Combate ao Fumo (28), especialistas chegam a afirmar que os malefícios dos e-cigs podem ser maiores que os do cigarro.

No Brasil, uma parcela significativa dos jovens adultos usa cigarros eletrônicos, segundo levantamento do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel). Entre as pessoas de 18 a 24 anos, 19,7% são adeptos a este tipo de dispositivo que pode ser considerado uma das portas de entradas para o consumo de tabaco.

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Cigarro eletrônico traz mais riscos que o original?

“O cigarro eletrônico causa as mesmas doenças que o cigarro comum e também lesões mais agudas, como a destruição de pneumócitos — as células que revestem os alvéolos pulmonares — por queimadura provocada pelo vapor quente combinado às substâncias tóxicas”, explica Alexandre Todorovic Fabro, médico patologista e associado da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), em comunicado.

Para ilustrar o dano alveolar provado pelo cigarro eletrônico, o médico Fabro compara a situação com a da fumaça tóxica inalada durante um incêndio. Com este tipo de dano, “se a pessoa não morre, forma uma pneumonia que deixa marcas no pulmão como se fossem cicatrizes internas”, afirma.

Inclusive, a doença causada pelo uso dos e-cigs recebe um nome específico: evali. Em inglês, a condição recebe o nome completo de E-cigarette or Vaping Associated Lung Injuries/Illnessess. A nomenclatura é adotada desde outubro de 2019.

Outras complicações decorrentes do hábito de fumar

Além da doença específica dos vapes, os cigarros eletrônicos podem causar os mesmos problemas que o uso do cigarro "normal", como câncer de pulmão e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (Dpoc) — anteriormente, esta condição era conhecida como enfisema. Sobre o Dpoc, o pneumologista Paulo Antônio Morais Faleiros, da SBP, explica que é uma condição evitável.

As duas doenças são as mais comuns relacionados aos usuários deste tipo de produto, mas estudos sobre o cigarro associam o hábito com o risco aumentado para mais de 10 tipos de câncer, incluindo o de bexiga.

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Vape pode ser porta de entrada para o fumo

“Quem fuma há muitos anos não quer cigarro com cheiro de tutti-frutti ou gosto de torta de limão. Ele quer o gosto e o cheiro do alcatrão. Esses novos sabores e aromas são, claramente, chamativos para pessoas que nunca fumaram”, defende o pneumologista Faleiros.

Neste ponto, é difícil observar que o dispositivo seja, de fato, uma alternativa para reduzir o fumo. Por outro lado, pesquisas apontam a popularidade dos e-cigs entre as faixas etárias mais jovens, como os que têm entre 18 e 24 anos.

Cigarros eletrônicos estão liberados no Brasil?

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Vale lembrar que o uso de cigarros eletrônicos é proibido no Brasil e, segundo a Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), a legislação sobre os vapes deve permanecer a mesma diante dos possíveis riscos para o usuário.

Em julho deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou que irá manter a proibição sobre a importação, propaganda e venda de cigarros eletrônicos e cartuchos de e-cigs no Brasil, após publicação de um relatório sobre o tema. Apesar dessas medidas, a venda ilegal ocorre em todo o país.