Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Por que o Android consome mais memória RAM do que o iOS?

Por| Editado por Léo Müller | 15 de Fevereiro de 2023 às 16h47

Link copiado!

Rafael Damini/Canaltech
Rafael Damini/Canaltech

Os celulares com Android consomem bem mais memória RAM do que um iOS, e você já deve ter notado que a maioria dos aparelhos com o sistema do Google trazem mais memória do que qualquer iPhone. Nos topos de linha, principalmente, a diferença chega a ser de 100%.

Como exemplo, o Galaxy S22 Ultra possui até 12 GB de memória RAM, enquanto o iPhone 14 Pro Max tem “apenas” 6 GB. Modelos “gamer”, então, alcançam os 16 GB de RAM, o que chega a parecer um exagero para usuários comuns.

Mas não preciso nem dizer que essa diferença entre Android e iOS não quer dizer nada na prática, não é? Já sabemos que, mesmo com a metade da memória de um celular Android, os iPhones conseguem ter basicamente o mesmo desempenho — ou até mesmo levar alguma vantagem.

Continua após a publicidade

Mas por que isso acontece? Por que, de fato, os celulares Android consomem — e precisam — de uma quantidade muito maior que um iPhone para executar quase as mesmas tarefas? Neste texto, eu explico de uma forma mais simples esse processo e a diferença entre os dois sistemas operacionais.

Para que serve a memória RAM?

Para começar, é preciso entender o que é e para que serve a memória RAM. Diferente do armazenamento interno, esse componente não guarda seus arquivos — como fotos, vídeos ou músicas — mas salva os processos que você abre no seu celular, para que tudo seja executado com fluidez.

Pense na RAM como a nossa memória temporária. Ela salva os processos e apps em uso para serem “lembrados” a curto prazo e reabertos de forma mais rápida quando necessário. Dessa forma, quanto maior a quantidade de memória RAM, melhor é o desempenho, principalmente se você quiser abrir vários apps e alternar entre eles continuamente.

Continua após a publicidade

No entanto, conforme você inicia vários processos e a memória vai ficando cheia, o celular começa a fechar alguns itens para alocar a RAM para outras tarefas que você abrir. Mas isso não é feito de forma aleatória. Em vez disso, cada sistema gerencia essa memória de forma diferente, para decidir quando e o quê deve ser fechado.

Como o Android gerencia sua memória RAM?

O sistema Android é o mais fácil de entender no que diz respeito ao gerenciamento de memória. Ele usa um método chamado “coleta de lixo” (em tradução de Garbage Collection) para decidir o que deve ser “apagado” da memória RAM.

Continua após a publicidade

Vou tentar explicar de forma mais didática: cada processo — ou app — que você inicia e depois fecha, ou joga para segundo-plano, é movido para uma espécie de “lixeira”. Essa lixeira acumula todas as tarefas que você abre até ficar “cheia”. Depois de um tempo cheia, o Android finalmente passa a fazer a limpeza definitiva e esvaziar essa “lixeira”, para que a RAM possa ser aproveitada em novos processos.

Como isso não é feito com tanta frequência, a memória não é liberada de forma tão imediata e, consequentemente, isso faz com que o Android seja mais “guloso” com a RAM.

Como o iOS gerencia sua memória RAM?

Continua após a publicidade

Já o software da Apple é um pouco mais complexo de se entender. Ele utiliza um método chamado Automatic Reference Counting (ARC) — ou contagem automática de referências, em tradução livre. Este sistema já consegue limpar a memória RAM de forma mais ágil, assim que o aparelho percebe que uma tarefa já não está mais em uso ou não é necessária naquele momento.

O ARC registra contagens de referências que outros objetos fazem a uma tarefa. Dessa forma, quando um processo tem zero referências ou perto disso no iOS, o iPhone já identifica automaticamente e fecha a tarefa para liberar RAM.

Como isso é feito de forma mais rápida do que a “coleta de lixo” do Android, a circulação de RAM é muito mais frequente e, logo, o iPhone sempre terá um pouco de memória para iniciar novas atividades.

Continua após a publicidade

Mas, afinal, por que o Android consome mais RAM do que o iOS?

São vários fatores, mas o principal é justamente esse gerenciamento de memória mais eficiente no sistema operacional da Apple. O ARC consegue circular mais a “pouca” memória RAM disponível no iPhone, enquanto o Android aloca certa quantidade por mais tempo com processos que já estão fechados e sem uso.

Processos em segundo plano

Além disso, é válido destacar que o Google também é mais liberal com aplicativos funcionando em segundo plano. Mesmo que o usuário já tenha fechado algum app ou sequer o tenha iniciado, é possível que alguns processos sejam executados de forma automática enquanto realizamos outras tarefas no aparelho.

Continua após a publicidade

Já o iPhone limita mais esse funcionamento automático das atividades. Ainda é possível que um ou outro processo fique aberto em segundo plano, mas é bem menos do que no Android.

Integração entre hardware e software

Outro fator importante — que é um dos que mais influencia, na verdade — é que no iPhone, tudo é feito “dentro de casa”. A Apple desenvolve seu sistema operacional e seu hardware, garantindo que seja padronizado em seus celulares. Sem contar que são poucos modelos lançados anualmente, e os que chegam ao mercado são bem parecidos em termos gerais.

Assim, o chip e a memória conseguem “conversar” de forma mais simples com o sistema operacional, já que não é preciso nenhuma tradução entre eles. Com isso, os apps são executados mais rapidamente e com menos consumo de RAM.

Continua após a publicidade

O Android, por sua vez, roda em uma infinidade de aparelhos, de várias fabricantes diferentes. Samsung, Motorola, Xiaomi, Realme, OPPO, vivo e OnePlus são só algumas delas, e cada uma tem sua própria interface, mas com chipsets diferentes — da Qualcomm, MediaTek, Samsung, e por aí vai…

Isso fez com que o Google desenvolvesse um tipo de código comum para todas as fabricantes — o chamado bytecode, que deve ser interpretado por uma máquina virtual antes de rodar de fato. Esse código é distribuído para as fabricantes que, por sua vez, precisam traduzir para suas próprias interfaces para, então, executar o sistema e rodar os aplicativos.

Em resumo, enquanto no iOS não precisa de nenhum tipo de tradução, no Android isso é feito pelo menos duas vezes. Esse processo todo consome mais memória RAM para executar um app que, em teoria, é quase igual ao que é rodado de forma mais lisa no iPhone.