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CT Entrevista | MediaTek discute 5G NTN e outras novidades da MWC 2023

Por| Editado por Wallace Moté | 14 de Março de 2023 às 12h30

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Entre os dias 27 de fevereiro e 2 de março, aconteceu a Mobile World Congress (MWC) 2023, uma das principais feiras de dispositivos mobile e telecomunicações do ano. No meio das diversas marcas que mais se destacaram na edição deste ano, a MediaTek chamou atenção pelos anúncios de peso que fez durante o evento, incluindo um novo chipset de entrada, sua estreia no segmento de smartphones dobráveis e, principalmente, o lançamento do primeiro celular com a tecnologia de comunicação bidirecional via satélite da gigante.

Para discutir sobre a feira e alguns desses anúncios, o Canaltech teve a oportunidade de conversar com o diretor de desenvolvimento de negócios da MediaTek para a América Latina, Samir Vani. O executivo destacou como a gigante acredita que a comunicação via satélite com o 5G NTN veio para ficar, reforçou que a empresa está pronta para atender ao mercado de dobráveis e confirmou que os novos Dimensity 7000 assumirão o posto dos antigos Dimensity 700 como soluções de entrada na era do 5G.

O saldo da MediaTek na MWC 2023

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A MediaTek foi uma das empresas que mais se destacou na MWC 2023, e perguntado sobre o saldo que a companhia tem da edição deste ano, Samir enfatiza como a participação foi bastante positiva, citando algumas das tecnologias que a marca levou à Barcelona, cidade-sede da feira.

Além do topo de linha para smartphones, o Dimensity 9200, estavam presentes as soluções das famílias Pentonic para TVs, Genio para dispositivos de baixo consumo e as diversas plataformas de rede sem fio da fabricante.

O diretor cita ainda os celulares equipados com processadores MediaTek que foram levados à conferência, com destaque especial para o OPPO Find N2 Flip e o Tecno Phantom V Fold — os dois primeiros smartphones dobráveis do mercado a trazerem chipsets Dimensity.

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[...] Alguns dos produtos que eu acredito que fizeram bastante sucesso na feira [...] foram o smartphone da OPPO, o N2 [OPPO Find N2 Flip], que é um telefone com a tela dobrável, que é um telefone que tem MediaTek como o seu processador principal; também dentro da linha [...] de rede satelitais, um produto junto à Motorola, que ele é um produto separado, que você comunica via Bluetooth com o seu aparelho normal, que você já tem no dia a dia, e aí você tem cobertura satelital. Então esses foram dois produtos [...] de clientes nossos, de parceiros nossos, que fizeram muito sucesso na feira e pra ambos estávamos presentes. Então, no frigir dos ovos, [foi] uma participação bastante positiva pra MediaTek agora no ano de 2023. — Samir Vani, diretor de desenvolvimento de negócios da MediaTek para a América Latina

Outro ponto alto é a parceria com a Motorola e a Bullitt Group, que resultou no Defy 2 e no Defy Satellite Link. O primeiro é o mais recente lançamento de alta resistência da submarca da Lenovo cujo maior destaque é a inédita compatibilidade com o 5G NTN (Non-Terrestrial Network, ou Rede Não Terrestre, em tradução livre), enquanto o segundo é um dispositivo que habilita o acesso às redes NTN em qualquer celular usando Bluetooth, ambos os casos alimentados por uma das novas soluções da MediaTek.

O futuro com comunicação via satélite

A plataforma estreante da MediaTek responsável por fornecer a comunicação via satélite ao Motorola Defy 2 definitivamente foi o carro-chefe da marca na MWC, considerando o alto investimento que a empresa tem aplicado na tecnologia. Parte do pacote Release 17, publicado no final do ano passado pela 3GPP, o consórcio global responsável por estabelecer as normas de redes móveis, a tecnologia tem sido conhecida como 5G NTN e trabalha com satélites de baixa órbita (LEO) para transmitir dados de praticamente qualquer lugar do mundo.

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Ainda que não seja uma tecnologia totalmente inovadora, considerando que aparelhos com comunicação satelital já existem há décadas para uso por profissionais e socorristas que se arriscam em áreas críticas, é a primeira vez que estamos vendo a funcionalidade ser disponibilizada a usuários comuns. Mais do que isso, sua integração em celulares tradicionais é um marco para a indústria — os métodos antigos exigiam antenas enormes e grande quantidade de bateria para funcionar, algo que está sendo contornado com o 5G NTN.

Questionado sobre os desafios que as companhias enfrentaram para tornar essa solução de comunicação uma realidade, Samir relembra da tecnologia antiga, que dependia de uma infraestrutura maior e mais cara, e explica que a evolução foi de certa forma natural graças aos avanços graduais feitos em vários dos componentes utilizadas nos telefones.

[...] Era um serviço bastante caro e com um form factor [formato do dispositivo] difícil. Resulta que se passaram desde aquele início mais de vinte anos de desenvolvimento de produto, então ao longo desses 25 ou mais anos que foi havendo esse desenvolvimento nós tivemos evoluções incrementais [...] na parte de microchip [...], a gente produzia naquela época com 32 nm e hoje já temos vários produtos com 4 [nm] e vários produtos já estão abaixo de 10 [nm] [...]. — Samir Vani, diretor de desenvolvimento de negócios da MediaTek para a América Latina
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O diretor também destaca os diversos avanços feitos na área de radiofrequência, que envolve as ondas usadas nas redes móveis e na própria comunicação via satélite, e como eles permitiram que a transmissão seja hoje feita com as antenas tradicionais de celular.

[...] A gente também teve ao longo do processo, desses anos todos como indústria, uma melhora muito grande nos produtos de RF [radiofrequência]. Então, toda a parte de radiofrequência evoluiu bastante [...], e hoje [...] você tem toda a parte, vamos dizer assim, de microeletrônica feita com chips bastante pequenos [...] e toda a parte de radiofrequência e antenas, ele já consegue utilizar o conjunto de antenas do próprio celular [...]. — Samir Vani, diretor de desenvolvimento de negócios da MediaTek para a América Latina

Perguntado então sobre a importância do 5G NTN e qual seria o seu futuro, Samir reforça que ainda veremos se esta será uma moda passageira, mas afirma que a MediaTek está confiante de que a comunicação via satélite veio para ficar, especialmente pelas oportunidades que traz às fabricantes, operadoras e aos próprios consumidores.

[...] Eu acho que o tempo dirá se foi só uma daquelas modas momentâneas ou se é algo que veio pra ficar, mas no meu entendimento, nesse momento aqui, é que é uma funcionalidade que veio pra ficar porque proporciona às operadoras uma fonte de renda e uma maneira de se diferenciar. E os fabricantes também, da mesma maneira, conseguem enxergar [as] redes satelitais como algo diferente, algo que eles conseguem trazer valor pro consumidor e também pra um novo modelo de negócios feito pela operadora [...]. — Samir Vani, diretor de desenvolvimento de negócios da MediaTek para a América Latina
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O Wi-Fi 7 e a popularização dos dobráveis

Além das tecnologias de comunicação via satélite, a MediaTek também tem sido uma das empresas que mais trabalha no desenvolvimento e implementação do Wi-Fi 7. O protocolo de rede sem fio, cuja lista final de especificações deve ser fechada ainda em 2023, promete ganhos de velocidade de pelo menos 2,5 vezes frente ao Wi-Fi 6E ao expandir o uso da faixa de frequência de 6 GHz.

Ainda assim, conforme lembra Samir, a novidade deve ir além da velocidade ao integrar diversos recursos de otimização, redirecionando o sinal de maneira inteligente, desafogando os canais usados para transferir dados e até mesmo implementando Inteligência Artificial para gerenciar o tráfego de informações com maior eficiência.

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Perguntado então a respeito da visão que a companhia tem sobre os celulares dobráveis, o executivo dá destaque especial aos lançamentos apresentados na MWC equipados com chipsets Dimensity, especificamente o OPPO Find N2 Flip e o Tecno Phantom V Fold, ambos munidos do Dimensity 9000 Plus.

O primeiro segue o formato Flip e tem chamado atenção por contar com alguns recursos que o tornam superior ao maior rival, o Galaxy Z Flip 4, incluindo uma tela externa significativamente maior e bateria com uma das maiores capacidades da categoria, enquanto o segundo marca a estreia da Tecno no mercado de dobráveis com um projeto ambicioso para antagonizar o Galaxy Z Fold 4, embarcando telas de 120 Hz, software otimizado para a tela flexível, grande bateria de 5.000 mAh com recarga de 45 W e dobradiça projetada para reduzir o vinco no painel.

O diretor enfatiza como as tecnologias relacionadas a esse tipo de celular, como os painéis flexíveis, têm ficado mais acessíveis, ponto que deve levar a uma popularização dos dispositivos dobráveis. Além disso, apesar de não confirmar especificamente que veremos mais dobráveis com processadores MediaTek, Samir afirma que a empresa está preparada para atender esse mercado.

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Dimensity 7000 assume posto de chip de entrada 5G

A MediaTek aproveitou o período da MWC para trazer uma novidade muito interessante à sua linha de chips para smartphone: o Dimensity 7200. Ainda sem uma janela muito precisa para quando veríamos os primeiros celulares equipados com a plataforma, o lançamento chama atenção por combinar alguns dos núcleos e GPU mais recentes da ARM, trazer Wi-Fi 6E Tri Band e Bluetooth 5.3, e ser compatível com gravações em 4K HDR, sendo inclusive mais moderno que o mais avançado Dimensity 8200 em alguns aspectos.

Perguntado sobre como exatamente esse componente se posiciona no portfólio de soluções da MediaTek, Samir revela um detalhe importante — este é um dos novos processadores de entrada da gigante para a era do 5G. Ainda que devam existir simultaneamente por mais alguns anos, a ideia é que essa novidade assuma o posto ocupado pela série Dimensity 700, integrando uma mudança no sistema de nomes da empresa, que agora utilizará 4 dígitos.

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[...] A MediaTek está nomeando as suas linhas de produtos com 4 dígitos agora. A nossa linha de entrada do 5G, que era a linha 700, está virando 7000. Pros produtos que foram lançados, nós não iremos mudar essa nomeação, mas você pode entender o novo [Dimensity] 7200, por exemplo, como o produto que vai entrar já pra brigar no mercado de entrada do 5G. Então [Dimensity] 7000 seria um mercado de entrada do 5G, o [Dimensity] 8000, uma linha mid [intermediária] vamos dizer assim, e a linha [Dimensity] 9000 é uma linha mais premium. Então todo produto que você for ver agora com a linha 7000, independente da terminação dele, é um produto que está buscando atender o mercado de entrada de 5G, que é um mercado que nós acreditamos que deve crescer bastante também nos próximos anos, dado que vai existir uma transição do 4G pro 5G, e é esse público que nós estamos [...] observando. — Samir Vani, diretor de desenvolvimento de negócios da MediaTek para a América Latina

A notícia é extremamente bem-vinda diante da ficha técnica do Dimensity 7200 que, ao menos no papel, deve simbolizar um salto significativo de performance e eficiência frente aos seus antecessores da série 700, oferecendo ainda recursos até então vistos apenas em celulares mais caros, como os próprios Wi-Fi 6E e suporte a gravações em 4K HDR.

A missão de democratizar a tecnologia

Encerramos a entrevista perguntando a Samir o que os usuários podem esperar da MediaTek para os próximos anos, ao passo que o executivo destacou como a marca tem investido cada vez mais em Pesquisa e Desenvolvimento para as inúmeras tecnologias que devem surgir em breve. Um dos pontos mais interessantes citados pelo diretor é que a gigante já está pensando nos próximos 10 anos, incluindo inovações já conhecidas como a rede 6G e até mesmo o Wi-Fi 8.

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[O que] todo mundo pode esperar da MediaTek para os próximos anos é o mesmo comprometimento de trazer novas tecnologias, então a empresa vem reinvestindo uma quantia realmente considerável de recursos em Pesquisa e Desenvolvimento. Nós temos muita Pesquisa e Desenvolvimento, e aí eu já estou falando de coisas como o Wi-Fi 8, eu estou falando de coisas como 6G. Enfim, a gente já está olhando pra próxima década [...] — Samir Vani, diretor de desenvolvimento de negócios da MediaTek para a América Latina

Apesar desse olho no futuro, e de um compromisso de começar a atender cada vez mais entusiastas e usuários que buscam por novidades, o executivo faz questão de lembrar que a MediaTek manterá o foco em sua missão de democratizar o acesso à tecnologia.

[A MediaTek] vai continuar trazendo produtos também premium ao mercado, mas sem largar mão do que é uma das grandes fortalezas da empresa, que é entender a democratização da tecnologia como fundamental. A empresa entende que nós temos sim que trazer soluções de uma boa tecnologia pra uma grande camada da população, e ao mesmo tempo buscamos trazer sempre as últimas tecnologias com bastante pesquisa, com bastante desenvolvimento [...]. Temos uma série de linhas de produtos, outras que ainda não chegaram ao mercado que a gente não pode falar, e é isso que a gente tá buscando, trazer e estar cada vez mais presentes na vida do consumidor final. — Samir Vani, diretor de desenvolvimento de negócios da MediaTek para a América Latina