Review Xiaomi 13 Lite | Um intermediário na série flagship
Por Bruno Bertonzin • Editado por Léo Müller |
O Xiaomi 13 Lite foi apresentado oficialmente no mercado brasileiro em maio de 2023, alguns meses após o lançamento global do aparelho. Ele chegou como uma aposta da marca com foco no público que quer um celular da linha flagship, mas não quer pagar o preço alto dos modelos topos de linha.
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Dessa forma, ele possui alguns cortes no hardware, mas ainda tenta entregar um bom desempenho. Isso inclui um chipset intermediário e um conjunto mais modesto de especificações, ao passo que traz uma câmera frontal dupla e um conjunto triplo na traseira.
Mas será que ele vale a pena no dia-a-dia ou é melhor já optar por algum dos modelos intermediários da marca — como os da linha Redmi Note 12 — ou até mesmo concorrentes? Eu testei o Xiaomi 13 Lite nos últimos dias e agora trago a minha opinião sobre o aparelho.
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Design, construção, tela e som
- Dimensões: 159,2 x 72,7 x 7,23 mm;
- Peso: 171 gramas;
- Tela: AMOLED, 6,55 polegadas, 120 Hz, 1080 x 2400 pixel, Gorilla Glass 5.
Apesar de ter poupado gastos no hardware do Xiaomi 13 Lite, a Xiaomi não foi tão modesta quanto à sua construção e o modelo tem uma construção razoável. Nele, tanto a tela quanto a traseira são feitas em vidro, apesar de as laterais serem feitas de plástico em vez de metal.
De qualquer forma, é um celular um tanto quanto elegante. Ele tem as bordas traseiras e frontais levemente curvas, o que confere ao smartphone uma pegada mais confortável. O fato de ele ser consideravelmente leve também ajuda bastante neste aspecto.
O quadro que agrupa o conjunto trio de câmeras traseiras — além do flash — é saltado, como de costume, mas é mais discreto do que outros modelos e não chega a incomodar.
Já a tela é um painel AMOLED com boa qualidade de exibição. Ela tem um nível de brilho bem alto e permite enxergar as coisas com bastante conforto, mesmo sob uma luz solar bem intensa. A taxa de atualização é de 120 Hz, o que permite aproveitar conteúdos com frequência alta de quadros, como jogos fps, e ela ainda tem suporte para reprodução de vídeos em Dolby Vision e HDR10+.
Ela é recortada por um furo em formato de “pílula”, que abriga a dupla de câmeras frontais e tem proteção Gorilla Glass 5. Sé é uma pena a ausência de proteção contra água, algo que é comum em celulares da Xiaomi, mas seria bem vindo em um aparelho dessa categoria.
O sistema de áudio é outro aspecto decepcionante no Xiaomi 13 Lite. Apesar de ter suporte para Dolby ATMOS, ele só tem uma saída de áudio. Ela é até potente, mas não chega ao nível de modelos com pelo menos duas saídas. Dá para assistir séries com bastante qualidade de áudio e ele quebra o galho para músicas, mas é só isso.
Configuração, desempenho e usabilidade
- Chipset: Qualcomm Snapdragon 7 Gen 1
- Memória: 8 GB
- Armazenamento: 128 GB / 256 GB
O desempenho do Xiaomi 13 Lite é digno de um celular intermediário e, dentro desse segmento, ele não deixa a desejar. Não chega ao nível dos modelos topos de linha, mas aguenta bastante no dia-a-dia.
Para apps cotidianos, como redes sociais, mensageiros ou serviços de streaming — tanto de séries quanto de músicas — ele tem um ótimo desempenho, executando tudo com bastante agilidade.
Em jogos ele também oferece uma boa performance e consegue executar praticamente qualquer título disponível na Play Store sem muita dificuldade. Em alguns cenários, talvez seja preciso reduzir um pouco a qualidade gráfica para ter um desempenho melhor, mas ainda assim ele se sai bem.
Eu testei ele com CoD Mobile e não tive problemas para jogar. Só notei um engasgo quando iniciei uma partida no modo multiplayer, mas foi um caso isolado e, no geral, ele não teve nenhum problema durante o game.
No teste de desempenho padrão, ele marcou mais de 632 mil pontos gerais no AnTuTu Benchmark. A pontuação da CPU foi de 252 mil, da placa gráfica foi de 84 mil, da memória foi 149 mil e da interface, 147 mil.
Como efeito de comparação, essa marca fica entre o Pixel 6a e Pixel 6 Pro, que possuem um chip topo de linha do Google e marcaram, respectivamente, cerca de 623 mil e 653 mil pontos. No entanto, fica bem abaixo do Motorola Edge 40, por exemplo, que atingiu 737 mil pontos.
Quanto à interface, o Xiaomi 13 Lite chegou para mim com a MIUI 14 instalada sob o Android 12, mas logo na sequência recebeu dois updates e foi atualizado para o Android 13.
A MIUI é uma interface bem customizada e isso pode agradar ou desagradar os usuários — depende bastante do gosto. Eu, particularmente, gosto de alguns recursos do software, como o Centro de Controle separado da área de notificações, mas me incomodo com alguns detalhes, como a quantidade de apps pré-instalados e as configurações gerais da UI.
Câmera
O Xiaomi 13 Lite conta com um conjunto triplo de câmeras traseiras, com um sensor principal de 50 MP, um ultrawide de 8 MP e um macro de 2 MP. Na frente, há uma dupla de sensores: um principal de 32 MP e um de profundidade de 8 MP.
Câmeras traseiras
No conjunto traseiro, tanto a câmera ultrawide quanto a principal tiram fotos igualmente boas, com bastante qualidade — mas de acordo com um modelo intermediário, pode deixar a desejar se você comparar com modelos topo de linha, como o próprio Mi 13 ou Xiaomi 13 Pro.
As imagens, tanto da câmera principal quanto da auxiliar com ângulo de visão maior, têm uma riqueza em detalhes e consegue balancear bem o nível de branco em locais bem iluminados, com bastante interferência solar.
A intensidade das cores é muito boa e, na maioria dos casos, consegue representar com fidelidade o cenário real. Em outros, porém, achei que o software trabalhou demais para deixar a coloração mais intensa, principalmente no céu. Nas imagens abaixo, mostro dois exemplos de fotos feitas na mesma hora com bastante diferença nas cores.
A primeira é mais fiel à realidade: um céu aberto, poucas nuvens e uma coloração real. Já a segunda tem um tom de azul bem mais forte — é uma imagem bonita, mas que não representou bem o cenário no momento.
Já sobre a câmera macro, eu repito o que sempre falo em reviews com um sensor desse tipo: é desnecessária. A macro do Xiaomi 13 Lite, assim como de outros modelos, tem uma resolução muito baixa e, com isso, entrega fotos de uma qualidade bem inferior. Além disso, em alguns casos é até difícil tirar uma fotografia que não saia tremida ou borrada.
É preciso muita paciência — ou usar um tripé — para conseguir uma boa estabilização. Com muito esforço, eu consegui tirar fotos razoáveis, as quais você pode ver na galeria mais abaixo, mas ainda mantenho a opinião de que essas câmeras poderiam ser extintas dos celulares para dar lugar para outros sensores. Para imagens bem aproximadas — como é a proposta da macro — os sensores híbridos de ultrawide+macro já se provaram muito mais eficientes para este propósito.
Câmera frontal
O conjunto frontal é outro exagero que, para mim, é desnecessário. Ele tem uma câmera principal de 32 MP, que é muito boa, e uma de profundidade com 8 MP, para auxiliar no modo retrato.
A câmera, no modo normal, consegue captar selfies muito bem definidas e com qualidade razoável, dentro do padrão que é esperado. O controle do branco é ótimo e o celular consegue compensar bem a iluminação. Quando ativado o modo retrato, isso é perdido um pouco. O céu fica um pouco estourado e a qualidade da imagem cai um pouco.
Eu critiquei aqui o uso de uma câmera de profundidade auxiliar na frontal porque qualquer smartphone minimamente decente faz fotos iguais no modo retrato. O recorte feito pelo software é igualmente competente sem precisar de uma lente para isso.
Gravação de vídeo
A gravação de vídeo do Xiaomi 13 Lite é bem razoável. O celular filma com resolução máxima de 4K a 30 fps no conjunto traseiro, sendo possível reduzir a definição para aumentar a frequência de quadros para até 60 fps. Já a frontal filma em até 1080p a 60 fps.
Em ambos os casos, o nível de estabilidade é bom e o balanço das cores também. Em alguns momentos o céu estoura um pouco quando está muito ensolarado, mas nada que atrapalhe muito a qualidade da imagem.
Bateria e carregamento
A bateria do Xiaomi 13 Lite me decepcionou um pouco durante o uso. Não por ser ruim — ao contrário, ela até aguenta um dia de uso tranquilamente — mas por ficar abaixo do que eu esperava.
O aparelho possui bateria de 4.500 mAh — 500 mAh a menos do que a maioria dos aparelhos apresenta — e gastou cerca de 34% da sua carga no nosso teste de desempenho padrão. Com isso, é estimado que ele dure cerca de 17 horas no total. Neste mesmo cenário, muitos celulares ficam abaixo dos 30%. O Redmi Note 12 Pro Plus, por exemplo, tem 5.000 mAh, mas gastou 25% da carga.
De qualquer forma, como dito, o Xiaomi 13 Lite ainda consegue passar um dia longe das tomadas com um uso mediano, então se esse for o seu padrão de uso do celular, você não precisará carregá-lo mais de uma vez ao dia.
Quanto ao carregamento, ele tem suporte para carga de 67 W — com carregador incluso no kit — e leva cerca de 45 minutos para ter a bateria totalmente enchida, isto é, de 0 a 100%.
Concorrentes diretos
O Galaxy A54 e o Moto G73 são os principais concorrentes do Xiaomi 13 Lite. Os três são equipados com um chipset bem equivalente: enquanto o Xiaomi tem o Snapdragon 7 Gen 1, o Samsung conta com o Exynos 1380 e o Motorola, o MediaTek Dimensity 930.
Em termos de desempenho, os três componentes são bem equivalentes e se saem igualmente bem em várias tarefas. As semelhanças continuam com a quantidade de memória: os três contam com RAM de 8 GB.
A bateria do A54 se mostra mais competente, tanto nas especificações — já que possui 5.000 mAh — quanto na prática. No nosso teste padrão, ele gastou apenas 28% da carga, contra 34% do Xiaomi e 40% do Motorola.
Já a faixa de preço é bem diferente e, mais uma vez, o Samsung se mostra mais vantajoso. Ele é encontrado em uma faixa de preço entre R$ 1.600 e R$ 1.700 para a versão de 128 GB. Essa é a mesma variação do Moto G73, na versão única de 128 GB. Mas, se quiser o A54 de 256 GB, é possível encontrar por menos de R$ 2 mil.
O Xiaomi 13 Lite, por sua vez, custa entre R$ 2.900 e R$ 3.200 na versão de 256 GB. É possível encontrar ofertas melhores se for importar, mas aí corre o risco de ter taxas e impostos ao trazer para o Brasil — além da tradicional espera para chegar.
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Xiaomi 13 Lite: é bom, mas não o bastante
O Xiaomi 13 Lite é um ótimo aparelho intermediário, com especificações bem atraentes e um funcionamento igualmente bom. O conjunto de câmeras é bom, apesar das falhas, e o celular oferece um ótimo desempenho com o chip Snapdragon 7.
A bateria deixa um pouco a desejar, mas isso é esperado de um modelo com apenas 4.500 mAh. Em resumo, ele é um ótimo celular, mas não o bastante para bater de frente com a concorrência — principalmente o Galaxy A54.
Com um preço bem mais acessível, o modelo da Samsung se mostra muito mais atraente, com um conjunto de especificações bem parecido. Mas, na prática, o modelo sul-coreano ganha por oferecer um conjunto de câmeras ainda mais eficiente e uma bateria bem mais duradoura.
Não que o Xiaomi seja ruim, mas talvez só não seja o seu momento. Quando o preço cair e ficar por volta de R$ 2.000, ele se tornará uma opção bem atraente, em nível de igualdade com o rival.