Review Realme 9 Pro Plus | Finalmente à altura da linha Galaxy A
Por Diego Sousa • Editado por Léo Müller |
O Realme 9 Pro Plus (ou Pro+) é o último lançamento Realme no mercado brasileiro e um dos celulares intermediários que eu mais gostei de usar em muito tempo. Se você ficou curioso para saber os motivos, confira todas as minhas impressões sobre ele neste review.
Construção e design
A primeira coisa que me surpreendeu positivamente no Realme 9 Pro Plus foi o seu design. Logo no unboxing, notei uma inspiração no Realme GT Master Edition por conta do módulo de câmeras de vidro e da tampa traseira que muda de tonalidade conforme a angulação sob a luz.
Segundo a Realme, esse novo tratamento na parte de trás foi feito com camadas fotocrômicas que distorcem as cores conforme os raios de luz atingem o painel, apresentando, assim, outras tonalidades.
A variante que o Canaltech recebeu para teste, na cor Sunrise Blue, é a que mais exibe esse efeito, mas infelizmente não será vendida no mercado brasileiro. Por aqui, ficaram somente com as opções Midnight Black (preto) e Aurora Green (verde).
De toda forma, estamos falando de um smartphone intermediário muito bem acabado e elegante. A pegada é excelente devido aos seus 7,99 mm de espessura e 182 gramas de peso, sem falar das laterais ligeiramente curvadas que promovem uma maior ergonomia.
O único detalhe que eu gostei menos do visual do Realme 9 Pro Plus foi bump de câmeras que poderia ser menos protuberante. Eu não costumo reclamar disso, mas me incomodou um pouco principalmente por não haver nenhum sensor grande o suficiente para justificar a espessura — pelo menos, a Realme envia uma capinha na caixa.
Além disso, o celular acumula bastante marcas de dedos, algo que também não deve ser um problema se você usar a capinha que vem na embalagem. Só é uma pena ter que esconder tamanha beleza embaixo de um acessório tão simples.
Antes de mudar de tópico, vale mencionar algumas sobre seu corpo: ele tem alto-falantes estéreos — falo mais sobre isso adiante — e entrada para fones de ouvido, o que é excelente. Infelizmente, não há informações sobre resistência a água e poeira, tampouco a proteção do vidro traseiro.
Além disso, ele não conta entrada para cartão microSD, portanto você terá que se contentar com a única versão de 128 GB de armazenamento interno à venda no Brasil.
O leitor de digitais, por sua vez, sai do botão de energia e se integra à tela. O sensor é óptico, método mais simples entre os disponíveis no mercado, mas o desbloqueio até que é rápido e preciso. Só gostaria que ele estivesse um pouco mais para cima para facilitar o acesso.
Tela
A tela do Realme 9 Pro Plus mantém basicamente as propriedades da geração passada, adicionando apenas alguns elementos que o mercado atual exige. Ou seja, temos o mesmo painel Super AMOLED de 6,4 polegadas, resolução Full HD e proporção de 20:9.
A “novidade” é a taxa de atualização mais alta, de 90 Hz. A navegação pelo sistema fica de fato um pouco mais fluida, mas a diferença não é tão perceptível pela interface Realme UI 3.0 não ser das mais leves entre as que conhecemos. Se fosse 120 Hz a experiência poderia ser melhor.
Mas, fora isso, o display do Realme 9 Pro Plus me agradou bastante. As imagens são bastante vivas, cortesia da tecnologia Super AMOLED, os pretos são profundos e o brilho é alto, alcançando 1.000 nits.
Alguns outros pontos positivos da tela do smartphone: o modo Always-on Display, o qual exibe informações como data, hora e porcentagem da bateria com a tela “desligada”; mais modos de cor; e o intensificador de vídeo, que utiliza IA para ampliar a gama de cores de um conteúdo.
Configurações e desempenho
O Realme 9 Pro Plus é um daqueles celulares intermediários que quase fazem você se questionar sobre a necessidade de comprar um celular topo de linha para jogar com qualidade.
Eu disse "quase" porque, apesar de ele conseguir rodar simplesmente qualquer jogo ou tarefa da Play Store com qualidade — e sua pontuação nos testes de benchmark só endossam isso —, tive alguns problemas pontuais que me incomodaram um pouco.
Por exemplo, não consegui jogar Dead By Daylight Mobile porque simplesmente fechava sozinho quando terminava de carregar. O Instagram, por sua vez, não se manteve na memória do aparelho por muito tempo e reiniciava rapidamente.
Também notei alguns engasgos ao navegar pela interface, mas acredito que seja mais falta de otimização da Realme UI 3.0 que falta de desempenho. Provavelmente, uma atualização de software deve corrigir isso.
No mais, tudo abriu relativamente rápido e, fora esses probleminhas citados acima, não vi nada tão grave que pudesse ser mencionado aqui. O Realme 9 Pro Plus é um aparelho que não deve te abandonar por um bom tempo.
Nos materiais de divulgação, a Realme informa que o aparelho vem com 8 GB de memória RAM, mas a verdade é que ele possui 6 GB. Os 2 GB extras são por conta da função Extensão de RAM, a qual utiliza parte do armazenamento interno para aumentar a quantidade de RAM utilizável.
Por padrão, essa funcionalidade vem habilitada e consome pouco mais de 2 GB do armazenamento interno total do aparelho, ou seja, não interfere em quase nada. É possível estender a memória RAM para até 11 GB, sendo 5 GB pelo recurso. Eu só não notei nenhuma diferença na usabilidade, então fica à critério a sua utilização.
Software e interface
Uma ótima notícia do Realme 9 Pro Plus é que ele já vem com Android 12 rodando a nova Realme UI 3.0.
Eu gostei muito da nova versão da interface da chinesa porque traz a opção Personalizações com muito mais opções de customização, como alterar as cores proeminentes do sistema e a iluminação da borda.
Também senti a interface um pouco mais fluida que a Realme UI 2.0 e a MIUI 13, mas ainda um pouco atrás da One UI 4.0, da Samsung, e da nova My UI, da Motorola, quando o assunto é rapidez. Em algumas ocasiões, principalmente quando há muitos apps abertos, a navegação é um pouco arrastada.
A Realme UI 3.0 também vem com uma aba chamada Laboratório Realme, cujo objetivo é testar alguns recursos que estão sendo avaliados pela empresa. Entre as novidades está a medição de frequência cardíaca, a qual utiliza o sensor de digitais para fazer a medição.
Como o sensor é do tipo óptico, e também considerando que a funcionalidade está em fase de testes, não dá para dizer que ele seja preciso, mas até que funciona relativamente bem se você quiser algo rápido.
Segundo a Realme, o smartphone intermediário receberá atualizações geracionais do Android por dois anos, ou seja, até o futuro Android 14. Não é um suporte muito amplo se considerarmos os novos Galaxy A que ganharão updates por quatro anos, porém já é melhor que todos os Moto G.
Câmeras
A Realme deu bastante atenção para o conjunto fotográfico do Realme 9 Pro Plus e acredito que o resultado foi o melhor que a empresa pôde oferecer. Sinceramente, curti muito o trabalho da chinesa por aqui, até mesmo na lente macro de 2 MP, a mais básica.
A câmera principal é uma Sony IMX766, a mesma presente em aparelhos topos de linha como o Oppo Find X5. Em boas condições de luz, ela oferece cores extremamente vivas e alcance dinâmico equilibrado, mas o pós-processamento tende a elevar um pouco os níveis de saturação e contraste.
Sinceramente, é uma modificação que eu gosto bastante e que também pode ser encontrado nos smartphones intermediários da Samsung. Para quem curte fotos chamativas a apenas um clique, sem precisar editá-las antes, o Realme 9 Pro Plus é uma boa alternativa aos Galaxy A.
O modo retrato do celular da Realme é um dos melhores que eu já usei em um intermediário. Independentemente da posição, o software faz um recorte perfeito e um desfoque de fundo natural. A coloração, por sua vez, se mantém chamativa.
A câmera ultrawide de 8 MP também é muito competente e o software tenta se aproximar um pouco dos resultados da principal em reprodução de cores, sendo bom porque as imagens não apresentam muita diferença.
Dependendo do cenário e da condição de luz, o contraste pode destoa um pouco, resultando em fotos um pouco mais esbranquiçadas, e a nitidez pode parecer exagerada, principalmente em imagens de plantas. Mas ainda assim o saldo é positivo.
A última câmera é uma macro de apenas 2 MP, a qual já imaginava uma qualidade bastante inferior em relação às outras. Para minha surpresa, consegui imagens utilizáveis se considerarmos a sua baixa resolução, e o principal mérito foi do software.
Claro, você não terá fotos bem definidas por conta dos 2 MP, mas o smartphone consegue reduzir bastante os níveis de ruído como se houvesse um filtro de embelezamento de rosto. E dá para aproveitar as imagens até quando tiradas de ambientes mais desafiadores.
As cores, por outro lado, poderiam manter o aspecto chamativo das outras lentes, mas, sinceramente, não dá para exigir muito de um sensor tão pequeno. Nunca pensei que diria isso, mas a Realme entregou uma boa câmera macro de 2 MP.
Quando a noite cai, o Realme 9 Pro Plus tem à disposição a tecnologia de imagem ProLight, que basicamente utiliza o sistema de estabilização óptica do sensor para reduzir os borrões, sem contar os recursos de IA para diminuir a incidência de ruídos.
Mais uma vez, o software de câmera faz um ótimo trabalho e temos boas imagens em condições de luz mais precárias. Os ruídos realmente ficam mais controlados, mas a nitidez pode ser um pouco exagerada em fotos de paisagens ou plantas. Para fotos de pessoas à noite, o sensor mantém a coloração da pele e do ambiente intactas.
Som
O Realme 9 Pro Plus vem com dois alto-falantes estéreos, mas a qualidade sonora fica um pouco abaixo de outros intermediários.
Só por trazer uma experiência de som estéreo, ele é melhor que muitos celulares de mesma categoria com apenas uma saída de som porque você consegue ouvir vocal e instrumentação separadamente e com boa qualidade.
Mas ainda assim senti graves um pouco limitados, provavelmente devido à redução da espessura do aparelho. Além disso, no volume máximo todas as informações ficam congestionadas.
Pelo menos, o smartphone ainda não abandonou a entrada para fones de ouvido, o que pode ser uma ótima notícia para quem ainda usa fones com fio.
Bateria e carregamento
Com 4.500 mAh, a bateria do Realme 9 Pro Plus é boa, porém não se destaca frente a outros smartphones com 5.000 mAh ou até 6.000 mAh, como o Poco X4 Pro e os Redmi Note 11.
No nosso teste padrão de Netflix, com três horas de reprodução de vídeos, brilho e volume em 50%, e conectado apenas ao Wi-Fi, o aparelho foi de 100% para 78%, resultando em uma estimativa de uso de aproximadamente 13 horas.
No dia a dia, consegui um pouco mais de um dia de uso, chegando ao segundo dia com cerca de 20% de carga restantes. Eu consumi bastante rede social, jogos e vídeos tanto no YouTube como na Netflix. Resumindo, você não deve ter problema caso esqueça do carregador em um dia de trabalho.
No carregamento, o Realme 9 Pro Plus oferece 60 W de potência, velocidade incrível e ainda pouco utilizada em um celular intermediário. Na prática, somente 45 minutos foram necessários para encher completamente o tanque do aparelho.
Concorrentes diretos
O Realme 9 Pro Plus compete diretamente com o Galaxy A53 5G no Brasil. Os dois foram lançados pelo mesmo preço sugerido de R$ 3.499, mas devem valer a pena mesmo só quando puderem ser encontrados na faixa dos R$ 2.500.
Em relação ao conjunto, o smartphone da Realme também fica muito próximo do novo Galaxy A53 5G, o que já considero uma vitória. Ambos possuem ótimo desempenho, tela Super AMOLED de qualidade e câmera principal com OIS.
O celular da Samsung, no entanto, deve se sobressair na interface e no display mais fluidos, já que traz 120 Hz de taxa de atualização. A bateria dele também é superior, mas o carregamento é mais lento. Os outros sensores fotográficos do A53 são mais competentes, sem falar do corpo resistente a água e poeira.
Também dá para citar o Moto G200 como concorrente do Realme 9 Pro Plus, mas você terá que escolher entre desempenho e conjunto equilibrado porque o celular da Motorola investiu tudo no chipset Snapdragon 888 Plus em detrimento de boas câmeras, tela e construção.
Já o Realme 9 Pro Plus perde em força bruta, mas compensa com uma ótima tela AMOLED, um visual único e uma excelente câmera principal.
Vale a pena comprar o Realme 9 Pro Plus?
Eu não exagerei quando disse que o Realme 9 Pro Plus foi um dos celulares intermediários que eu mais gostei de usar nos últimos meses. Tirando os modelos mais completos da linha Galaxy A, que ainda são referência no segmento aqui no Brasil, a nova aposta da Realme é a que mais se aproxima dos rivais sul-coreanos.
O aparelho me conquistou em muitas frentes: o design belíssimo, a tela Super AMOLED de qualidade, o desempenho intermediário ótimo para qualquer tarefa, e as câmeras extremamente competentes, com destaque para o sensor principal com OIS.
Claro, há alguns pontos de melhoria, como a interface Realme UI, que apesar de estar melhor ainda fica atrás da One UI em fluidez. E a bateria, que foi destaque nas gerações passadas, é apenas boa por aqui.
Mas, no conjunto da obra, fiquei muito feliz com o que a Realme fez com esse smartphone intermediário. Mesmo não recomendo-o agora por ainda estar muito perto do lançamento, vale considerá-lo quando estiver entre R$ 2.300 e R$ 2.500.
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