Review Doogee V30T | Robusto e poderoso
Por Felipe Junqueira • Editado por Léo Müller |
O Doogee V30T é um celular chamado de ‘rugged’, com certificação contra água e poeira e também contra acidentes. Ele aposta neste design robusto e na alta capacidade de bateria para chamar atenção. E consegue ir um pouco além.
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Com processador intermediário, o V30T entrega experiência excelente a um preço razoável. É um celular excelente não só para usar em ambientes com alto risco de acidentes, mas também no dia a dia. Suas câmeras não decepcionam, e o desempenho é muito bom.
Tudo isso tem um preço um pouco alto: seu peso e tamanho excessivos. Você vai entender — por conta própria — se vale a pena a troca na análise do Doogee V30T a seguir.
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Design, construção, tela e som
- Dimensões: 178,4 x 83,1 x 17,8 mm;
- Peso: 376 gramas;
- Tela: IPS LCD de 6,58 polegadas;
- Resolução: Full HD (1080 x 2408 pixels), 120 Hz.
O primeiro grande diferencial do Doogee V30T é o seu design. Ele é um celular que chamamos de ‘rugged’, ou seja, tem construção muito mais resistente que smartphones mais comuns. E, como tudo na vida, isso traz benefícios e algumas desvantagens.
Vamos aos pontos fracos, primeiro, que se resumem no tamanho e peso do aparelho. Apesar de ter tela de 6,58 polegadas, o celular é maior que o Galaxy S23 Ultra. Consideravelmente maior. Além disso, sua espessura é quase o dobro, com 17,8 mm. Somando a isso o peso, de 376 gramas, fica difícil carregar o Doogee V30T no bolso.
Mas tudo isso é um preço pequeno a se pagar pela resistência. Ele é registrado com certificações IP68/IP69K em proteção contra água e poeira. O aparelho suporta submersão em até 1,5 metro de água por 30 minutos. E tem certificação militar MIL-STD-810H. É uma proteção contra acidentes bem robusta.
Ou seja, o Doogee V30T foi projetado para uso em ambientes bastante perigosos, como construções, depósitos e centros de distribuição. Enfim, é um celular muito mais para uso profissional em condições de alto risco, porque aguenta o tranco.
Outro ponto é o botão personalizável no lado esquerdo. Você pode programá-lo para abrir um app específico ou realizar tarefas como acender a lanterna, gravar áudio, tirar um print e até abrir a câmera embaixo da água. São até três funções, com um, dois ou três cliques.
A tela tem um bom tamanho, traz resolução Full HD e taxa de atualização que aumenta a percepção de fluidez das animações. Não é um display excepcional, mas cumpre seu papel e tem boa visibilidade, apesar de o brilho máximo não ser dos melhores para usar em dias ensolarados. O som é estéreo e tem boa potência.
Configuração, desempenho e usabilidade
- Sistema operacional: Android 12;
- Plataforma: MediaTek Dimensity 1080 (6 nm);
- Processador: Octa-core (2x 2,6 GHz Cortex-A78 + 6x 2,0 GHz Cortex-A55);
- GPU: Mali-G68 MC4;
- RAM e armazenamento: 12/256 GB.
Não se engane pelo uso de um chip da MediaTek no Doogee V30T. O aparelho tem bom desempenho, digno de um intermediário veloz. Eu usei bastante o aparelho, especialmente durante os testes, e não reparei nada de anormal. Ele consegue executar não apenas as tarefas do dia a dia, mas também alguns processos mais exigentes.
Além disso, o fato de ter 12 GB de memória RAM e 256 GB de armazenamento interno é um bom ponto forte. Dá para aproveitar multitarefas, seja com troca de telas em excelente fluidez, seja com a divisão da tela em dois para ter dois apps trabalhando simultaneamente.
Também não senti problemas nos jogos mais comuns da Play Store, entre eles Asphalt 9, COD Mobile, Subway Surfers, Genshin Impact e Free Fire.
Resultado no AnTuTu
A pontuação de benchmark do Dimensity 1080 no Doogee V30T foi semelhante à do Galaxy A54. Foram 513 mil pontos no total, sendo que ficou um pouco abaixo do celular da Samsung em CPU e GPU. O Doogee compensou em memória, principalmente, e UX.
Em termos mais simples, o Doogee V30T tem bom desempenho, e a memória extra faz bastante diferença.
Software e conectividade
A Doogee não dá um nome para sua interface, que não é muito parecida com o Android “puro”. As mudanças são pequenas, e pensando bem, parece bastante com celulares de marcas mais “alternativas” que eu já testei.
A única mudança significativa no software é a presença do botão extra na lateral esquerda, sobre o qual eu já expliquei no tópico design e construção. Fora isso, acho um pouco estranho o aparelho ainda rodar o Android 12, sem previsão de receber o Android 13.
Testei o aparelho em maio, com pacote de segurança do Android de fevereiro. O pacote da Google Play Store estava mais atual, de abril de 2023.
Câmeras
- Principal: 108 MP, abertura f/1.8;
- Ultrawide: 16 MP, abertura f/1.8;
- Visão noturna: 20 MP, abertura;
- Selfies: 32 MP, abertura f/2.0;
- Vídeos: até 4K a 30 fps.
Apesar de câmera não ser uma prioridade para quem busca um celular robusto, a Doogee não economizou nos sensores do V30T. O aparelho tem três câmeras traseiras, sendo uma principal de 108 MP, uma ultrawide de 16 MP e uma câmera infra-vermelha de visão noturna.
O celular tira boas fotos, mas achei que a faixa dinâmica ficou devendo um pouco. Ainda mais considerando o sensor com tantos megapixels (que se juntam para uma foto de 12 MP). As cores são bastante precisas, e não reparei em diferença muito grande com a função IA ativada ou não.
O aparelho se destaca pelo bom nível de texturas, tanto na câmera principal quanto na ultrawide e na frontal. Não são fotos incríveis, mas está em um nível excelente para um smartphone intermediário.
Outro diferencial é a câmera de visão noturna. Ela consegue tirar fotos de cenários completamente sem luz, pois funciona com um infravermelho. Não capta cores, mas consegue enxergar bem o cenário.
Bateria e carregamento
- Capacidade de carga: 10.800 mAh;
- Recarga: até 66 W com fio.
E chegamos a mais um diferencial do Doogee V30T. Com bateria de 10.800 mAh, o celular promete “vários dias de uso normal”. De fato, o resultado deste modelo no teste de bateria do Canaltech foi o melhor desde que padronizamos o experimento, com apenas 16% de consumo em seis horas.
Isso significa 37,5 horas de uso ininterrupto, com um tempo de tela em cerca de 60%. Ou seja, para um usuário normal, dá para imaginar que o Doogee V30T dure mais de dois dias com bastante tranquilidade, já que passamos cerca de 8 horas do dia dormindo. E não é tão comum alguém passar 60% do tempo acordado no celular.
O resultado está mais ou menos dentro do esperado, se compararmos com os 26% consumidos pelo Redmi Note 12 Pro, que tem o mesmo Dimensity 1080. Aí entram na conta tamanho de tela e tipo de painel, otimização do sistema. Um consumo de 16% não está tão ruim, apesar de não achar absurdo se você esperasse resultado melhor.
Eu ainda acho que, pela espessura e peso do aparelho, o mínimo seria entregar uma semana longe da tomada. E não parece que o Doogee V30T consiga chegar a tanto. Está bom, mas podia ser ainda melhor.
A recarga é bastante veloz com o carregador de 66 W que vem na caixa. A empresa não dá uma expectativa do tempo de recarga. Eu coloquei o aparelho na tomada com 64% e demorou cerca de 50 minutos para chegar a 100%. Considerando que isso significa uma carga de quase 5.000 mAh, é um tempo muito bom — poucos celulares carregam tanto nesse tempo.
Concorrentes diretos
Não há celulares robustos à venda oficialmente no Brasil. O Canaltech já testou alguns, a maioria da própria Dooggee. O V30 é um antecessor do V30T e se destacou pela boa câmera noturna. O S98 e o S98 Pro não possuem 5G.
Se o seu objetivo é um bom intermediário, sem tanto foco no design robusto, pode apostar no Galaxy A54. O celular da Samsung tem excelentes câmeras e traz certificação IP68, então não vai lhe deixar na mão em acidentes aquáticos. E custa mais ou menos o preço do V30T sem frete e taxas: por volta de R$ 2.000.
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Doogee V30T: vale a pena?
O Doogee V30T custa menos de R$ 2.000 no AliExpress. Soma-se a isso frete e taxa alfandegárias, e o aparelho pode ultrapassar os R$ 3.000. Não é tão caro, se você considerar que é um intermediário com boa potência, muita bateria e design robusto e durável.
Lembrando que o aparelho vai além disso. Tem um bom desempenho para intermediário, traz muita memória, boa duração da bateria, recarga veloz e um conjunto de câmeras decente.
Porém, só vale a pena pagar tudo isso se você convive com o perigo de acidentes constantes. Ou se cansou de trocar tela ou de celular por causa de quedas. Aí, é uma boa gastar cerca de R$ 3.000 em um celular que dificilmente vai precisar passar por manutenção e nem precisa de capinha.
Mas, se você toma bastante cuidado com o celular e seu dia a dia não lhe expõe a situações potencialmente perigosas, acho mais válido economizar em um bom Galaxy A54 ou algo semelhante. É um dinheiro mais bem gasto, e você ainda tem suporte e garantia no Brasil, no caso de optar pelo modelo da Samsung.