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Quais foram os 10 maiores fiascos do mundo da Tecnologia em 2020?

Por| 24 de Dezembro de 2020 às 11h00

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Divulgação/CD Projekt Red
Divulgação/CD Projekt Red

Que 2020 foi um ano atípico para todos os padrões, isso não se discute. A pandemia da COVID-19 virou o planeta de cabeça para baixo, levando centenas de milhares de vidas e afetando economias mundo afora. E com a Tecnologia a situação não foi diferente, já que muitos setores mostraram grande crescimento, na esteira das novas demandas trazidas pelo coronavírus e que exigiam novas soluções.

Logo, diversas companhias tiveram um crescimento exponencial (como o Zoom e outras soluções de comunicação multimídia) e outras foram seriamente atingidas, como o Airbnb (e o setor de Turismo como um todo). Mas, de modo geral, o cronograma de lançamentos de novos produtos e tecnologias não foi afetado.

E como acontece em todo ano, se o setor de Tecnologia nos trouxe muitas coisas legais, os fiascos também apareceram. E das mais diversas formas: em brigas políticas, em soluções que mal chegaram ao mercado e já saíram, em entidades se metendo onde não deviam e até mesmo aquele produto que era amplamente esperado pelo público e que se mostrou um "fail" de proporções épicas.

Logo, listamos abaixo, os 10 maiores fiascos da Tecnologia em 2020, do "menos pior" para o pior. Confira!

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10º - O Procon e os carregadores do iPhone 12

Quando os iPhones 12 foram lançados em outubro, eles confirmaram o que a imprensa especializada já havia antecipado: os modelos não viriam com um carregador de parede, apenas com o cabo USB-C Lightining. O motivo apresentado pela Apple era de que ela queria reduzir o impacto ambiental de seus produtos e que os usuários da marca poderiam usar os carregadores dos modelos anteriores, plenamente compatíveis. Logo, a presença de mais um acessório do gênero seria desnecessário.

Ok, ainda que o pretexto ecológico da Apple não bata muito com a realidade (conforme você pode ler nessa matéria), o fato é que estamos em um livre mercado, inclusive aqui no Brasil. Logo, se o consumidor se sentir lesado por essa estratégia da Maçã, ele pode, simplesmente, optar por não comprar o iPhone12, correto?

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Bom, pelo menos é assim que deveria funcionar. Mas o Procon-SP não concordou muito com isso e, no começo de dezembro, a entidade resolveu meter o bedelho e anunciou que exigirá da Apple o fornecimento do acessório gratuitamente aos clientes que comprarem o iPhone 12 (e também de modelos anteriores, o que não faz sentido, já que os mesmos trazem o item).

Basicamente, a fundação de defesa do consumidor exigirá que o carregador seja disponibilizado para todos os compradores que solicitarem o acessório. A decisão deve ser válida para todo o estado de São Paulo. Caso a fabricante não cumpra a decisão, estará sujeita a multa após análise pela diretoria de fiscalização do órgão.

Em outras palavras, é o governo se intrometendo onde não deve e tratando o consumidor como um ser incapaz de pensar se vale a pena ou não comprar um determinado produto que não traga aquilo o que ele quer.

9º - Google vs. Timnit Gebru

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No dia 03 de dezembro, o Canaltech publicou uma entrevista com Ademir de Alvarenga Oliveira, engenheiro de software do Google, que falava sobre as ações da empresa para promover uma maior diversidade racial em seu quadro de funcionários. No entanto, parece que tais iniciativas ainda encontram certo desequilíbrio na companhia como um todo. Isso porque uma respeitada pesquisadora da empresa, Timnit Gebru, afirmou que foi demitida após criticar sua abordagem de contratação de minorias e os preconceitos embutidos nos atuais sistemas de inteligência artificial.

As críticas estavam inseridas em e-mail enviado no último dia 1º de dezembro a um grupo que incluía funcionários do Google. Ela disse seus conflitos foram iniciados a partir do tratamento que a empresa deu a um artigo que ela havia escrito com seis outros pesquisadores - quatro deles do próprio Google - e que apontava essas falhas do IA em uma nova geração de tecnologia de linguagem, incluindo um sistema construído pelo Google que sustenta o mecanismo de busca da empresa.

Após o envio do artigo para uma conferência acadêmica, um gerente do Google exigiu que ela retirasse material o evento ou removesse seu nome e os nomes de outros funcionários da empresa. Ela se recusou a fazer isso e, no e-mail enviado no dia 1º de dezembro, disse que renunciaria ao seu cargo após um período apropriado, se o Google não pudesse explicar por que queria que ela retirasse o documento e respondesse a outras questões.

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A empresa respondeu ao seu e-mail, disse ela, dizendo que não poderia atender às suas demandas e que sua renúncia foi aceita imediatamente. Seu acesso ao e-mail do Google e outros serviços foi revogado e a companhia não abriu espaço para mais conversas.

O fato gerou um motim na equipe de IA na gigante das buscas. Um grupo de pesquisadores da divisão enviou uma lista abrangente de demandas à gerência da empresa, pedindo novas políticas e mudanças de liderança. A nota gira em torno da saída da especialista à exigência do afastamento de Megan Kacholia, vice-presidente da unidade, e que teria excluído o chefe direto de Gebru da decisão de demiti-la. A confusão vem envolvendo até mesmo políticos norte-americanos, como a congressista democrata Yvette Clarke, a senadora Elizabeth Warren (que não morre de amores pelas Big Techs) e sete outros membros do Congresso, que pediram mais esclarecimentos acerca da demissão de Gebru.

E o Google? Bom, preferiu não se manifestar. Don´t be evil, Google? Sei...


8º - Apple x Epic Games

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Criadora do ultrapopular Fortnite, a Epic Games resolveu fazer o que muitas desenvolvedoras têm vontade: desafiar o modelo de negócios da App Store, a loja de aplicativos da Apple, que cobra uma (pesada) taxa de 30% dos aplicativos que realizam vendas dentro do seu ecossistema.

Na ocasião, a Epic ofereceu descontos na compra dos V-Bucks (a moeda virtual de Fortnite) para quem adquirisse o item diretamente em sua plataforma, sem intermediação da App Store.

A Apple, claro, ficou fula da vida e baniu Fortnite da sua loja, sob a justificativa de que a sua criadora burlou as regras de uso da plataforma. Isso porque conteúdos digitais para dispositivos iOS, como é o caso dos V-Bucks, só poderiam ser comprados dentro da App Store. Com isso, os usuários de iPhone ficaram sem acesso às atualizações de Fortnite e sem poder comprar itens para o jogo - que, aliás, é a principal fonte de receita da Epic.

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E o resultado disso tudo qual foi? As duas empresas foram para a Justiça, claro. De um lado, a Apple alega que a taxa de 30% cobrada na App Store é uma garantia de segurança, ou seja, os usuários poderão adquirir apps e outros itens sem a preocupação de cair em golpes na plataforma. E isso seria, claro, bom também para os desenvolvedores, que podem construir seus apps e jogos em um ambiente confiável. Além disso, a Maçã afirma que a Epic sabia das regras e resolveu burlá-las assim mesmo.

Do lado da Epic, a desenvolvedora afirma que a taxa é abusiva e que a sua cobrança não vale para todos. Microsoft e Amazon, por exemplo, têm produtos dentro da App Store que não pagam os 30%. Além disso, ela diz que o bloqueio do jogo causaria danos irreparáveis a seus usuários e pede que o seu jogo volte a ser liberado dentro da loja da Apple - esse pedido já foi negado pela Justiça dos EUA. Ah sim, ela acusa ainda a Apple de monopólio, ao não permitir que usuários de iPhones comprem apps e jogos em outras plataformas.

Em resumo: o caso ainda está rolando na justiça e só será resolvido em algum ponto de 2021 e nenhuma das duas empresas parece disposta a ceder. E quem perde com tudo isso, claro, é o usuário de Fornite que tem apenas dispositivos Apple.

7º - Intel e os atrasos de seus chips de 7 nanômetros

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É fato que Intel domina com certa folga o mercado de processadores para PCs há muitos anos. E talvez seja por causa disso que a empresa esteja meio relapsa quanto as datas de seus próximos lançamentos. Só que esses atrasos estão começando a ficar bem embaraçosos. Isso porque seus chips produzidos em litografia de 7 nanômetros (nm) deverão chegar apenas no final de 2022, talvez, começo de 2023 - quando a chegada desses componentes estava prevista para o segundo semestre DESTE ANO.

A justificativa da empresa para esse gigantesco atraso está relacionado a problemas no processo de fabricação dos componentes, cuja qualidade não correspondia com o esperado pela marca. Segundo Bob Swan, CEO da Intel:

"Identificamos um modo defeituoso em nosso processo de 7nm que resultou em degradação do rendimento. Identificamos a raiz do problema e acreditamos que não existam obstáculos fundamentais a serem superados, mas também investimos em planos de contingência para proteger o cronograma de outras incertezas".
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E sabe quem está sorrindo de orelha a orelha com tudo isso? Sim, a AMD, principal concorrente da Intel.

Isso porque a empresa já conta com chips de 7nm disponíveis no mercado - CPUs e GPUs - e deve se consolidar sozinha nesse mercado por, pelo menos, dois anos. Além disso, a AMD promete lançar processadores com litografia de 5 nanômetros - arquitetura Zen 4 "Genoa" - em 2022. Ou seja, a Intel não apenas chegará atrasada em dois anos para a "festa do 7nm", como já chegará com uma geração defasada se o roadmap da AMD se concretizar.

Não por acaso a AMD está ganhando mercado a olhos vistos.


6º - Falhas de segurança em todo lugar

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Com a pandemia da COVID-19, boa parte da população precisou ficar em casa, inclusive trabalhando sob o já popular regime de home office. E parece que isso despertou os criminosos virtuais, que acharam um sem número de falhas de segurança para explorar. E o pior: muitas dessas brechas estavam em empresas gigantes de Tecnologia. E também órgão públicos.

Um dos casos mais famosos é o Zoom. Com a pandemia, a plataforma de videoconferência, que até então era mais conhecida apenas no meio B2B, explodiu em popularidade entre os usuários B2C. Mas isso jogou um holofote gigante sobre suas falhas de segurança. Houve invasão de sala de conferências para exibição de conteúdos pornográficos, compartilhamento indevido de dados com o Facebook, URLs que permitiam criar endereços personalizados, mas eram adulterados para a instalação de malwares, entre outros. Os problemas eram tão graves que o Zoom precisou interromper o lançamento de novos recursos por alguns meses para resolver apenas os bugs de segurança.

Outra brecha das grandes que ganhou o mundo foi o do Twitter. No dia 15 de julho, uma grave falha de segurança comprometeu contas de personalidades como Bill Gates, Elon Musk, Jeff Bezos e Barack Obama. O ataque foi considerado o maior na história da rede social e foi praticado por Grahan Clark, um jovem de apenas 17 anos. E o pior: ele conseguiu acesso aos perfis ao obter as credenciais dos funcionários do Twitter, com um simples telefonema, dizendo ser do departamento de TI da empresa para ter os dados.

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E não podemos esquecer também o vazamento de dados de funcionários e documentos sigilosos da Embraer após ataque hacker; ou o ataque DDoS junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia das eleições municipais pelo coletivo de criminosos cibernéticos CyberTeam e que culminou na divulgação de dados pessoais de funcionários do tribunal. Ou um dos mais recentes, uma ofensiva em larga escala sofrida pelo governo dos EUA que atingiu as redes e diferentes setores da administração pública do país e cujo epicentro seria, supostamente, uma fornecedora de tecnologia chamada SolarWinds.

Enfim...2020 também não foi um ano fácil para os especialistas de segurança dos departamentos de TI das empresas.

5º - WhatsApp Pay: mal chegou e já saiu

Lançado no Brasil no dia 15 de junho, o WhatsApp Pay chegou cheio de expectativas, para os usuários, empresas, fintechs e administradoras de cartões. Mas o Banco Central (BC) não compartilhou desse mesmo entusiasmo e suspendeu o serviço de pagamentos e transferências do mais popular aplicativo do país em pouco mais de uma semana.

Oficialmente, o BC afirmou "que a motivação para a decisão é preservar um adequado ambiente competitivo, que assegure o funcionamento de um sistema de pagamentos interoperável, rápido, seguro, transparente, aberto e barato. E que o eventual início ou continuidade das operações sem a prévia análise do regulador poderia gerar danos irreparáveis ao Sistema de Pagamentos Brasileiro, notadamente no que se refere à competição, eficiência e privacidade de dados".

Já em meados de julho, o próprio BC afirma que "foi pego desprevenido com lançamento do WhatsApp Pay, não havia determinado como lidar com o modelo de pagamento proposto e afirmou nunca ter recebido uma solicitação formal de lançamento".

O fato é que depois disso, não se sabe quando o WhatsPay voltará a funcionar por aqui, apesar dos rumores de que isso estaria próximo. O serviço não conta com a empolgação de alguns dos maiores bancos do país, apesar de ter na Visa e Mastercard como aliados. Além disso, a plataforma se tornaria um concorrente do Pix, o sistema de transferências e pagamentos desenvolvido pelo próprio BC e lançado em meados de novembro - e que conta com a adoção de quase mil instituições financeiras do Brasil.

Mas considerando que o WhatsApp Pay é uma função primordial para que o mensageiro comece a se tornar um superapp, é fato que o Facebook não deve desistir de lançar o seu serviço tão facilmente.

4º - O descaso com os entregadores de apps

A pandemia da COVID-19 jogou os holofotes sobre uma categoria de trabalhadores até então pouco percebida pela população: os entregadores de aplicativos. Com tantas pessoas trancadas em casa por causa da quarentena, a demanda por pedidos de refeições, compras de supermercados, remédios e outros serviços explodiu e fez com que esses profissionais se tornassem essenciais - e precisassem trabalhar muito mais.

Esta até seria uma boa notícia se não fosse por um "detalhe": a esmagadora maioria dos entregadores, que presta serviços para apps como Rappi, iFood, Uber Eats, Loggi, entre outros, trabalha sob condições precárias, por longas horas e sem o suporte adequado dessas empresas, em termos de segurança, alimentação e equipamentos de proteção contra o coronavírus. E, para piorar: segundo muitos dos entregadores, apesar do volume de trabalho ter aumentado, o pagamento pelas entregas diminuiu.

Com isso, esses profissionais resolveram se organizar e promoveram paralisações das entregas, levantando hashtags como a #BrequeDosApps. Entre as suas exigências, estão aumento no valor mínimo da corrida, seguro de roubo e acidente, aumento do valor por km percorrido e auxílio-pandemia. Os apps fizeram movimentos tímidos para melhorar a situação e pouco ajudaram.

Menos mal é que o movimento chamou a atenção dos políticos, que vêm criando diversos projetos de lei que preveem direitos aos entregadores.

Em 2021, cenas dos próximos capítulos. Estaremos atentos.

3º - O (caríssimo) "sincericídio" de Jack Ma 

Já diz um velho - e sábio - ditado: "O peixe morre pela boca". E foi por causa disso que Jack Ma, o lendário fundador do grupo Alibaba, precisou bater em retirada e adiou por tempo indeterminado a Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês) de ações do Ant Group, a gigantesca fintech do Alibaba e considerada a startup mais valiosa do mundo. Apenas no primeiro dia da venda dos papeis da companhia nas bolsas de Xangai e Hong Kong era esperado que ela levantasse US$ 37 bilhões, se tornando o maior IPO da história.

E por que isso aconteceu? Bom, basicamente porque Ma realizou um ataque público violento contra os bancos e fiscalizadores financeiros da China. E com isso, as autoridades do país asiático aumentaram o escrutínio em cima do Ant Group.


Em uma reunião de cúpula realizada em Shangai, ele afirmou "que o sistema regulatório chinês estava sufocando a inovação e deve ser reformado para fomentar o crescimento". Ma disse ainda que os bancos chineses operavam com uma mentalidade de “casa de penhores”. O detalhe: essas palavras foram ditas diante do establishment financeiro, regulatório e político da China.

Só que quem conhece o mínimo do modus operandi do governo chinês sabe que eles são bem generosos na hora de investir, mas não são exatamente receptivos com críticas. E isso vale até mesmo para magnatas do porte de Jack Ma.

E o que se viu na sequência foi uma cadeia de eventos que acabou por torpedear a cotação da Ant Group. Mordidos pelo ataque do executivo, os reguladores chineses e funcionários do Partido Comunista começaram a supervisionar de perto o império financeiro de Ma. Eles começaram a compilar relatórios, incluindo um sobre como a fintech havia usado produtos financeiros digitais como o Huabei, um serviço de cartão de crédito virtual, para incentivar os pobres e os jovens a acumular dívidas.

Outros altos funcionários políticos chineses pediram aos reguladores, incluindo o banco central do país e o principal regulador bancário da China, uma revisão completa dos negócios do Ant Group. Os cães de guarda do sistema financeiro, que há anos queriam controlar o império fintech de Ma, agiram rápido depois de receber instruções por escrito de autoridades, incluindo o vice-premiê Liu He, um conselheiro econômico de confiança do presidente Xi Jinping.

Resultado: o Ant Group precisou suspender seu IPO dois dias antes da ansiosamente aguardada estreia nos mercados de Xangai e Hong Kong. E Jack Ma deixou de adicionar, pelo menos, US$ 27 bilhões ao seu patrimônio líquido.

2º - Donald Trump

Se tem alguém que rendeu pauta para os veículos de Tecnologia no mundo todo (até agradecemos por isso), esse é Donald Trump. O presidente norte-americano travou uma guerra comercial e tecnológica com a China ao longo de todo o seu mandato, mas escolheu 2020 para infernizar diversas empresas de TI do país asiático com mais força. E o pior de tudo: com acusações de espionagem que nunca foram provadas.

A que mais sofreu, claro, foi a Huawei. Por um lado, Trump usou a fabricante chinesa como alvo principal e criou uma série de sanções para sufocar a companhia. Primeiro, vem fazendo pressão junto aos países aliados dos EUA para que eles possam banir a Huawei de suas infraestruturas de rede 5G, onde a empresa é líder de mercado e em termos de tecnologia. E até mesmo o Brasil pode entrar nesse balaio.

Além do 5G, Trump também colocou a Huawei em uma lista suja, impedindo que empresas americanas negociem com a fabricante. E isso inclui gigantes como o Google (que fornece licenças do Android para os smartphones da marca) e a Microsoft (que vende licenças do Windows para os seus notebooks). Além disso, as sanções impedem que fabricantes de processadores de outros países, mas que usam tecnologia norte-americana em seus componentes, também vendam seus produtos para a Huawei. Com isso, a companhia chinesa teve o lançamento de novos celulares totalmente comprometido nesse ano. E ainda corre o risco de perder a segunda colocação no mercado para Apple e Xiaomi.


Mas não foi apenas a Huawei que sofreu. O ultrapopular TikTok também entrou na alça de mira de Trump em 2020. Sob a alegação de que a rede social de vídeos curtos enviava dados de cidadãos norte-americanos para o governo chinês (sempre lembrando: sem provas de que isso ocorra), o mandatário dos EUA fez de tudo para banir o aplicativo do país. E isso só não ocorreu porque os tribunais impediram.

No entanto, a pressão de Trump fez a Byte Dance - controladora chinesa do TikTok - vender 20% da rede social para Oracle e Walmart, bem como aceitar uma direção majoritariamente norte-americana, com cinco assentos no conselho do recém-criado TikTok Global. Além disso, outra parte da plataforma deve ir para as mãos de outras empresas norte-americanas tão logo a companhia passe a vender suas ações na bolsa dos EUA.

E Trump também quis expulsar o WeChat, o superapp da Tencent, dos EUA junto com o TikTok. No entanto, com essa plataforma, o buraco seria mais embaixo. Isso porque banir o aplicativo do país afetaria empresas norte-americanas que têm negócios com a China. Banir o WeChat impediria que 228 milhões de iPhones ativos no país asiático usassem o app e, consecutivamente, consumissem dentro das mini lojas de companhias como Tesla, Starbucks e Walmart. E claro, a Apple também seria duramente atingida, já que os chineses preferem abrir mão do iPhone a ter de deixar de usar o WeChat. Mas, assim como aconteceu com o TikTok, os tribunais norte-americanos impediram o banimento do aplicativo.

E não foram apenas os chineses que sofreram com as sandices de Donald Trump. Ao ter algumas de suas publicações marcadas como 'potencialmente enganosas" no Twitter e Facebook, o presidente ameaçou as redes sociais com o endurecimento de uma lei federal (Seção 230), que, há muito tempo, as protege de serem responsabilizadas pelo material publicado pelos seus usuários. Por sorte, algum assessor mais sábio de Trump o alertou de que essa medida não teria qualquer efeito legal e ele deixou o assunto para lá. Afinal, ele tinha uma pandemia para (não) cuidar e uma eleição para (não) vencer.

E o Fiasco do Ano vai para...

1º - Cyberpunk 2077 / CD Projekt Red

Com tudo o que você leu acima, Donald Trump era amplo favorito para vencer como o "Fiasco do Ano" no setor de Tecnologia em 2020. No entanto, a desenvolvedora polonesa CD Projekt Red e o seu aguardadíssimo jogo, Cyberpunk 2077, atropelaram na reta final e levaram o prêmio.

O game - que se passa em um mundo aberto futurista, no melhor estilo GTA - teve um desenvolvimento conturbado ao longo dos anos e seu lançamento adiado diversas vezes. E só por isso, já mereceria um sinal de alerta. Mas, mesmo assim, quando finalmente chegou às lojas, no dia 10 de dezembro, o seu hype era gigantesco. E a frustração com título veio na mesma proporção.

Isso porque Cyberpunk 2077 - principalmente nas versões para Xbox One e PlayStation 4 - apresentou tantos bugs que tornou o game quase impossível de se jogar. Além disso, o título roda extremamente mal nos consoles, com queda absurda de quadros, tornando os gráficos bem aquém do esperado. Sem contar a Inteligência Artificial extretamente falha, que fazia os personagens do jogo realizar as mais diversas bizarrices - o que inclui até mesmo a exibição de suas partes íntimas.

Com tudo isso, o mundo desabou em cima da CD Projekt Red. A mídia especializada malhou o jogo de forma impiedosa, suas ações na Bolsa chegaram a cair quase pela metade e os diretores da empresa foram questionados pelos seus desenvolvedores sobre a pressa em lançar algo que, claramente, não estava pronto. E, claro, tantos bugs fizeram milhões de usuários mundo afora pedirem o reembolso pela compra do título, o que fez a Sony remover Cyberpunk 2077 da sua loja virtual, a PlayStation Store - uma ação que nunca havia ocorrido antes. Ah sim, de quebra, a publisher polonesa ainda pode sofrer um processo coletivo de consumidores fulos da vida.

A CD Projekt Red promete diversas atualizações ao longo dos próximos meses que prometem corrigir todos os bugs e melhorar jogabilidade do game. No entanto, o estrago já está feito.

Eles mereceram o nosso "prêmio".