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Quais foram os 10 maiores fiascos do mundo da Tecnologia em 2020?

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Divulgação/CD Projekt Red
Divulgação/CD Projekt Red

Que 2020 foi um ano atípico para todos os padrões, isso não se discute. A pandemia da COVID-19 virou o planeta de cabeça para baixo, levando centenas de milhares de vidas e afetando economias mundo afora. E com a Tecnologia a situação não foi diferente, já que muitos setores mostraram grande crescimento, na esteira das novas demandas trazidas pelo coronavírus e que exigiam novas soluções.

Logo, diversas companhias tiveram um crescimento exponencial (como o Zoom e outras soluções de comunicação multimídia) e outras foram seriamente atingidas, como o Airbnb (e o setor de Turismo como um todo). Mas, de modo geral, o cronograma de lançamentos de novos produtos e tecnologias não foi afetado.

E como acontece em todo ano, se o setor de Tecnologia nos trouxe muitas coisas legais, os fiascos também apareceram. E das mais diversas formas: em brigas políticas, em soluções que mal chegaram ao mercado e já saíram, em entidades se metendo onde não deviam e até mesmo aquele produto que era amplamente esperado pelo público e que se mostrou um "fail" de proporções épicas.

Logo, listamos abaixo, os 10 maiores fiascos da Tecnologia em 2020, do "menos pior" para o pior. Confira!

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10º - O Procon e os carregadores do iPhone 12

Quando os iPhones 12 foram lançados em outubro, eles confirmaram o que a imprensa especializada já havia antecipado: os modelos não viriam com um carregador de parede, apenas com o cabo USB-C Lightining. O motivo apresentado pela Apple era de que ela queria reduzir o impacto ambiental de seus produtos e que os usuários da marca poderiam usar os carregadores dos modelos anteriores, plenamente compatíveis. Logo, a presença de mais um acessório do gênero seria desnecessário.

Ok, ainda que o pretexto ecológico da Apple não bata muito com a realidade (conforme você pode ler nessa matéria), o fato é que estamos em um livre mercado, inclusive aqui no Brasil. Logo, se o consumidor se sentir lesado por essa estratégia da Maçã, ele pode, simplesmente, optar por não comprar o iPhone12, correto?

Bom, pelo menos é assim que deveria funcionar. Mas o Procon-SP não concordou muito com isso e, no começo de dezembro, a entidade resolveu meter o bedelho e anunciou que exigirá da Apple o fornecimento do acessório gratuitamente aos clientes que comprarem o iPhone 12 (e também de modelos anteriores, o que não faz sentido, já que os mesmos trazem o item).

Basicamente, a fundação de defesa do consumidor exigirá que o carregador seja disponibilizado para todos os compradores que solicitarem o acessório. A decisão deve ser válida para todo o estado de São Paulo. Caso a fabricante não cumpra a decisão, estará sujeita a multa após análise pela diretoria de fiscalização do órgão.

Em outras palavras, é o governo se intrometendo onde não deve e tratando o consumidor como um ser incapaz de pensar se vale a pena ou não comprar um determinado produto que não traga aquilo o que ele quer.

9º - Google vs. Timnit Gebru

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No dia 03 de dezembro, o Canaltech publicou uma entrevista com Ademir de Alvarenga Oliveira, engenheiro de software do Google, que falava sobre as ações da empresa para promover uma maior diversidade racial em seu quadro de funcionários. No entanto, parece que tais iniciativas ainda encontram certo desequilíbrio na companhia como um todo. Isso porque uma respeitada pesquisadora da empresa, Timnit Gebru, afirmou que foi demitida após criticar sua abordagem de contratação de minorias e os preconceitos embutidos nos atuais sistemas de inteligência artificial.

As críticas estavam inseridas em e-mail enviado no último dia 1º de dezembro a um grupo que incluía funcionários do Google. Ela disse seus conflitos foram iniciados a partir do tratamento que a empresa deu a um artigo que ela havia escrito com seis outros pesquisadores - quatro deles do próprio Google - e que apontava essas falhas do IA em uma nova geração de tecnologia de linguagem, incluindo um sistema construído pelo Google que sustenta o mecanismo de busca da empresa.

Após o envio do artigo para uma conferência acadêmica, um gerente do Google exigiu que ela retirasse material o evento ou removesse seu nome e os nomes de outros funcionários da empresa. Ela se recusou a fazer isso e, no e-mail enviado no dia 1º de dezembro, disse que renunciaria ao seu cargo após um período apropriado, se o Google não pudesse explicar por que queria que ela retirasse o documento e respondesse a outras questões.

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A empresa respondeu ao seu e-mail, disse ela, dizendo que não poderia atender às suas demandas e que sua renúncia foi aceita imediatamente. Seu acesso ao e-mail do Google e outros serviços foi revogado e a companhia não abriu espaço para mais conversas.

O fato gerou um motim na equipe de IA na gigante das buscas. Um grupo de pesquisadores da divisão enviou uma lista abrangente de demandas à gerência da empresa, pedindo novas políticas e mudanças de liderança. A nota gira em torno da saída da especialista à exigência do afastamento de Megan Kacholia, vice-presidente da unidade, e que teria excluído o chefe direto de Gebru da decisão de demiti-la. A confusão vem envolvendo até mesmo políticos norte-americanos, como a congressista democrata Yvette Clarke, a senadora Elizabeth Warren (que não morre de amores pelas Big Techs) e sete outros membros do Congresso, que pediram mais esclarecimentos acerca da demissão de Gebru.

E o Google? Bom, preferiu não se manifestar. Don´t be evil, Google? Sei...


8º - Apple x Epic Games

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Criadora do ultrapopular Fortnite, a Epic Games resolveu fazer o que muitas desenvolvedoras têm vontade: desafiar o modelo de negócios da App Store, a loja de aplicativos da Apple, que cobra uma (pesada) taxa de 30% dos aplicativos que realizam vendas dentro do seu ecossistema.

Na ocasião, a Epic ofereceu descontos na compra dos V-Bucks (a moeda virtual de Fortnite) para quem adquirisse o item diretamente em sua plataforma, sem intermediação da App Store.

A Apple, claro, ficou fula da vida e baniu Fortnite da sua loja, sob a justificativa de que a sua criadora burlou as regras de uso da plataforma. Isso porque conteúdos digitais para dispositivos iOS, como é o caso dos V-Bucks, só poderiam ser comprados dentro da App Store. Com isso, os usuários de iPhone ficaram sem acesso às atualizações de Fortnite e sem poder comprar itens para o jogo - que, aliás, é a principal fonte de receita da Epic.

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E o resultado disso tudo qual foi? As duas empresas foram para a Justiça, claro. De um lado, a Apple alega que a taxa de 30% cobrada na App Store é uma garantia de segurança, ou seja, os usuários poderão adquirir apps e outros itens sem a preocupação de cair em golpes na plataforma. E isso seria, claro, bom também para os desenvolvedores, que podem construir seus apps e jogos em um ambiente confiável. Além disso, a Maçã afirma que a Epic sabia das regras e resolveu burlá-las assim mesmo.

Do lado da Epic, a desenvolvedora afirma que a taxa é abusiva e que a sua cobrança não vale para todos. Microsoft e Amazon, por exemplo, têm produtos dentro da App Store que não pagam os 30%. Além disso, ela diz que o bloqueio do jogo causaria danos irreparáveis a seus usuários e pede que o seu jogo volte a ser liberado dentro da loja da Apple - esse pedido já foi negado pela Justiça dos EUA. Ah sim, ela acusa ainda a Apple de monopólio, ao não permitir que usuários de iPhones comprem apps e jogos em outras plataformas.

Em resumo: o caso ainda está rolando na justiça e só será resolvido em algum ponto de 2021 e nenhuma das duas empresas parece disposta a ceder. E quem perde com tudo isso, claro, é o usuário de Fornite que tem apenas dispositivos Apple.

7º - Intel e os atrasos de seus chips de 7 nanômetros

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É fato que Intel domina com certa folga o mercado de processadores para PCs há muitos anos. E talvez seja por causa disso que a empresa esteja meio relapsa quanto as datas de seus próximos lançamentos. Só que esses atrasos estão começando a ficar bem embaraçosos. Isso porque seus chips produzidos em litografia de 7 nanômetros (nm) deverão chegar apenas no final de 2022, talvez, começo de 2023 - quando a chegada desses componentes estava prevista para o segundo semestre DESTE ANO.

A justificativa da empresa para esse gigantesco atraso está relacionado a problemas no processo de fabricação dos componentes, cuja qualidade não correspondia com o esperado pela marca. Segundo Bob Swan, CEO da Intel:

"Identificamos um modo defeituoso em nosso processo de 7nm que resultou em degradação do rendimento. Identificamos a raiz do problema e acreditamos que não existam obstáculos fundamentais a serem superados, mas também investimos em planos de contingência para proteger o cronograma de outras incertezas".
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E sabe quem está sorrindo de orelha a orelha com tudo isso? Sim, a AMD, principal concorrente da Intel.

Isso porque a empresa já conta com chips de 7nm disponíveis no mercado - CPUs e GPUs - e deve se consolidar sozinha nesse mercado por, pelo menos, dois anos. Além disso, a AMD promete lançar processadores com litografia de 5 nanômetros - arquitetura Zen 4 "Genoa" - em 2022. Ou seja, a Intel não apenas chegará atrasada em dois anos para a "festa do 7nm", como já chegará com uma geração defasada se o roadmap da AMD se concretizar.

Não por acaso a AMD está ganhando mercado a olhos vistos.


6º - Falhas de segurança em todo lugar

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Com a pandemia da COVID-19, boa parte da população precisou ficar em casa, inclusive trabalhando sob o já popular regime de home office. E parece que isso despertou os criminosos virtuais, que acharam um sem número de falhas de segurança para explorar. E o pior: muitas dessas brechas estavam em empresas gigantes de Tecnologia. E também órgão públicos.

Um dos casos mais famosos é o Zoom. Com a pandemia, a plataforma de videoconferência, que até então era mais conhecida apenas no meio B2B, explodiu em popularidade entre os usuários B2C. Mas isso jogou um holofote gigante sobre suas falhas de segurança. Houve invasão de sala de conferências para exibição de conteúdos pornográficos, compartilhamento indevido de dados com o Facebook, URLs que permitiam criar endereços personalizados, mas eram adulterados para a instalação de malwares, entre outros. Os problemas eram tão graves que o Zoom precisou interromper o lançamento de novos recursos por alguns meses para resolver apenas os bugs de segurança.

Outra brecha das grandes que ganhou o mundo foi o do Twitter. No dia 15 de julho, uma grave falha de segurança comprometeu contas de personalidades como Bill Gates, Elon Musk, Jeff Bezos e Barack Obama. O ataque foi considerado o maior na história da rede social e foi praticado por Grahan Clark, um jovem de apenas 17 anos. E o pior: ele conseguiu acesso aos perfis ao obter as credenciais dos funcionários do Twitter, com um simples telefonema, dizendo ser do departamento de TI da empresa para ter os dados.

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E não podemos esquecer também o vazamento de dados de funcionários e documentos sigilosos da Embraer após ataque hacker; ou o ataque DDoS junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia das eleições municipais pelo coletivo de criminosos cibernéticos CyberTeam e que culminou na divulgação de dados pessoais de funcionários do tribunal. Ou um dos mais recentes, uma ofensiva em larga escala sofrida pelo governo dos EUA que atingiu as redes e diferentes setores da administração pública do país e cujo epicentro seria, supostamente, uma fornecedora de tecnologia chamada SolarWinds.

Enfim...2020 também não foi um ano fácil para os especialistas de segurança dos departamentos de TI das empresas.

5º - WhatsApp Pay: mal chegou e já saiu

Lançado no Brasil no dia 15 de junho, o WhatsApp Pay chegou cheio de expectativas, para os usuários, empresas, fintechs e administradoras de cartões. Mas o Banco Central (BC) não compartilhou desse mesmo entusiasmo e suspendeu o serviço de pagamentos e transferências do mais popular aplicativo do país em pouco mais de uma semana.

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Oficialmente, o BC afirmou "que a motivação para a decisão é preservar um adequado ambiente competitivo, que assegure o funcionamento de um sistema de pagamentos interoperável, rápido, seguro, transparente, aberto e barato. E que o eventual início ou continuidade das operações sem a prévia análise do regulador poderia gerar danos irreparáveis ao Sistema de Pagamentos Brasileiro, notadamente no que se refere à competição, eficiência e privacidade de dados".

Já em meados de julho, o próprio BC afirma que "foi pego desprevenido com lançamento do WhatsApp Pay, não havia determinado como lidar com o modelo de pagamento proposto e afirmou nunca ter recebido uma solicitação formal de lançamento".

O fato é que depois disso, não se sabe quando o WhatsPay voltará a funcionar por aqui, apesar dos rumores de que isso estaria próximo. O serviço não conta com a empolgação de alguns dos maiores bancos do país, apesar de ter na Visa e Mastercard como aliados. Além disso, a plataforma se tornaria um concorrente do Pix, o sistema de transferências e pagamentos desenvolvido pelo próprio BC e lançado em meados de novembro - e que conta com a adoção de quase mil instituições financeiras do Brasil.

A CD Projekt Red promete diversas atualizações ao longo dos próximos meses que prometem corrigir todos os bugs e melhorar jogabilidade do game. No entanto, o estrago já está feito.

Eles mereceram o nosso "prêmio".