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Nvidia desiste de comprar a ARM

Por| Editado por Wallace Moté | 08 de Fevereiro de 2022 às 10h52

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Divulgação/NVIDIA
Divulgação/NVIDIA

Através de nota em seu site oficial, a Nvidia confirmou ter desistido nesta semana de concluir a compra da ARM, frente aos inúmeros desafios regulatórios que a transação vinha enfrentando nos últimos meses. Caso fosse concluída, a aquisição seria uma das maiores da história da indústria de tecnologia, estando avaliada em mais de US$ 40 bilhões, algo próximo dos R$ 210 bilhões.

Nvidia desiste de compra da ARM

No comunicado, divulgado na noite desta segunda-feira (7), a Nvidia confirmou que, em acordo com o SoftBank Group (SBG), atual proprietário da ARM, a compra da companhia seria encerrada. Segundo as empresas, a decisão foi tomada diante dos "desafios regulatórios significativos" que a transação enfrentava, "apesar da boa vontade de ambas as partes".

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Mesmo com a desistência, as gigantes devem seguir colaborando fortemente no desenvolvimento de novas tecnologias, como afirmou o CEO da Nvidia, Jensen Huang, que destacou que a empresa manterá o licenciamento de propriedade intelectual da ARM que possuía antes do anúncio da aquisição, em setembro de 2020.

"A ARM está no centro de uma importante dinâmica na computação. Ainda que não nos tornemos uma companhia, continuaremos a ter uma parceria próxima com a ARM. Os investimentos significativos que Masa [CEO da SoftBank, Masayoshi Son] tem feito posicionaram a ARM para haver uma expansão das CPUs ARM da Client Computing para a supercomputação, nuvem, IA e robótica. Prevejo que a ARM será a arquitetura de CPU mais importante da próxima década", afirmou Huang.

ARM deve voltar à bolsa de valores

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Em seu próprio site, a SoftBank também divulgou um comunicado anunciando a desistência mútua, e revelou o que o futuro reserva para a ARM agora — uma oferta pública de ações na bolsa de valores, o chamado IPO. Rumores já haviam sugerido que este seria o destino da empresa caso a aquisição fosse impedida de ser concluída, e que o governo do Reino Unido, onde a base de operações da ARM é situada, teria pressionado a SoftBank para isso acontecer.

"A Arm está se transformando em um centro de inovação não apenas na revolução da telefonia mobile, como também na computação em nuvem, automobilismo, Internet das Coisas e Metaverso, e entrou em uma segunda fase de crescimento" explica o CEO da SoftBank, Masayoshi Son. "Aproveitaremos essa oportunidade e começaremos a nos preparar para tornar a ARM pública, e progredir ainda mais".

Ainda de acordo com o anúncio, a oferta de ações deve acontecer no ano fiscal vigente da ARM, cujo encerramento foi estipulado para 31 de março de 2023. Vale destacar que, antes de ser adquirida pelo SBG em 2016, a ARM era uma empresa independente, e possuía ações ofertadas na bolsa na época.

Entenda o caso

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Em setembro de 2020, a Nvidia surpreendeu o mercado ao oficializar a intenção de compra da ARM, após acordo com o SBG. A transação, avaliada em US$ 40 bilhões de dólares, envolveria um depósito antecipado de US$ 1,25 bilhão (~R$ 6,6 bilhões), com o restante do valor oferecido em dinheiro e ações posteriormente, após a aprovação dos órgãos regulatórios.

De grande impacto, a compra sofreu forte pressão de concorrentes como Qualcomm e Intel, que argumentavam que por também desenvolver produtos baseados na arquitetura ARM, a Nvidia poderia protagonizar um conflito de interesses e afetar assim as negociações da ARM com seus licenciados. As acusações levaram a múltiplas investigações de órgãos regulatórios dos EUA, Reino Unido, China e outros países.

Como contra-argumentos, Nvidia e SoftBank garantiram que a ARM se manteria independente, honrando os acordos com clientes, e chegaram a afirmar que AMD e Intel, que utilizam a arquitetura rival x86, "eram ótimas no que faziam", e consequentemente era necessário que a compra fosse aprovada para que a ARM recebesse melhor suporte para crescer e competir com ambas. Apesar disso, as dificuldades persistiram, levando assim à desistência.

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O comunicado revela que o depósito de US$ 1,25 bilhão não será devolvido, ponto que havia sido estabelecido pelo contrato, sendo então registrado como lucro pela ARM para o quarto trimestre do ano fiscal de 2021. Em contrapartida, a Nvidia manterá a licença da arquitetura ARM, vigente por 20 anos, que possuía anteriormente.

Fonte: Nvidia, Android Authority