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Paisagem escondida por 14 milhões de anos é encontrada sob o gelo da Antártida

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Dave Pape/Blue Marble/Domínio Público
Dave Pape/Blue Marble/Domínio Público

Investigações via satélite e radar revelaram um ambiente antártico escondido sob a Plataforma de Gelo do Leste Antártico (PGLA), onde ficou por pelo menos 14 milhões de anos. A paisagem primitiva mostra que as camadas mais subterrâneas da Antártida permaneceram imutáveis por diversas eras geológicas, cenário que pode, no entanto, mudar devido ao aumento desenfreado nas temperaturas globais.

Os dados de satélite serviram para os pesquisadores identificarem ondulações na superfície da plataforma de gelo que caracterizam o terreno abaixo. Técnicas de eco com ondas de rádio, então, fizeram um imageamento da paisagem sob o gelo, cobrindo uma área de 32.000 km². Segundo contou o autor principal do estudo, Stewart Jamieson, em comunicado à imprensa, o terreno abaixo da PGLA é menos conhecido do que a superfície de Marte.

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À ciência, isso é problemático, já que a paisagem do continente controla a maneira com que o gelo antártico flui, definindo a resposta passada, presente e futura da superfície congelada às mudanças climáticas.

Como é a paisagem antártica sob o gelo?

A pesquisa revelou três rios esculpidos nos blocos de terreno mais alto na nova camada antártica, separados por vales profundos em forma de “U”. É provável que as vias fluviais que formaram a paisagem fluíram durante e após a separação do supercontinente da Gondwana, antes do surgimento dos primeiros glaciares e sua ajuda na erosão dos vales a uma profundidade de cerca de 800 metros.

Como a região foi criada antes do gelo, concluiu-se que não houve grandes mudanças por muito tempo. Mais especificamente, os cientistas estimam que a paisagem ficou “presa” no gelo por pelo menos 14 milhões de anos. Durante o período, as temperaturas mais quentes ocorreram há cerca de três milhões de anos, em meados da idade Placenciana, embora os modelos mais confiáveis da plataforma de gelo sugiram que a PGLA não tenha retrocedido até a camada onde o antigo ambiente fluvial fica.

É possível que o cenário tenha se formado há até mesmo 34 milhões de anos, quando a PGLA apareceu pela primeira vez, durante a transição entre o Eoceno e o Oligoceno, ou seja, de um período quente para um glacial. Não se sabe se a plataforma de gelo retrocedeu o suficiente na época para expor e alterar os três vales fluviais, que ficam a cerca de 350 km da beirada da PGLA.

Segundo os autores, estamos a caminho de chegar às condições atmosféricas semelhantes às que prevaleceram entre 34 milhões e 14 milhões de anos atrás, o que pode acontecer entre os dias de hoje e 2100 caso continuemos a queimar combustíveis fósseis indiscriminadamente. Caso isso não seja parado, a longa estabilidade da PGLA poderá ser uma coisa do passado.

Fonte: Scimex, Nature Communications