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Formas misteriosas de vida são encontradas abaixo do gelo da Antártida

Por| 16 de Fevereiro de 2021 às 14h00

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Reprodução: Huw Griffiths/British Antarctic Survey
Reprodução: Huw Griffiths/British Antarctic Survey

O oceano profundo é repleto de mistérios, sendo extremamente escuro e contando com criaturas e microorganismos nunca vistos na superfície. Nas profundezas das águas da Antártida, segundo cientistas, a situação parece ser ainda mais inóspita. Sem luz e com temperaturas abaixo de zero, os pesquisadores conseguiram fazer uma descoberta inédita: a existência de criaturas classificadas como estacionárias e que vivem presas em um único lugar, como esponjas marinhas.

Para chegar à descoberta, os pesquisadores perfuraram uma plataforma de gelo longe da luz e do calor, encontrando uma rocha no fundo do mar que se tornou a casa de diversas espécies, muitas delas nunca vistas antes. Huw Griffiths, um dos responsáveis pela pesquisa, conta que a novidade é apenas uma das provas de que a vida marinha na Antártida é incrivelmente adaptada ao mundo congelado.

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As camadas de gelo na Antártida são permanentemente conectadas à principal massa de terra do continente, podendo ser surpreendentemente enormes. Ao todo, esse gelo forma plataformas de mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados, representando um terço da plataforma continental da região. Por ser um ambiente muito difícil de alcançar, há poucos estudos sobre suas características e os seres vivos que o habitam, e para tentar trazer respostas os pesquisadores precisam fazer a perfuração do gelo.

Segundo as pesquisas já feitas até então, descobrimos que a vida existente sob o gelo é composta de criaturas pequenas e que se movimentam, como peixes, águas-vivas, crustáceos e vermes. No entanto, pouco se esperava sobre a existência de criaturas paradas, como as esponjas marinhas, em locais distantes de regiões que permitem a fotossíntese.

Os cientistas fizeram a descoberta na plataforma de gelo Filchner, a 260 quilômetros da sua parte frontal, em 890 metros de gelo abaixo da superfície e em uma profundidade de 1.233 metros do fundo do mar. Lá, encontraram presos às rochas uma esponja em um caule, além de 15 esponjas sem caule e 22 organismos com caules sem identificação, que podem ser tanto esponjas quanto criaturas das classes ascídias, hidroides, cirripédias, cnidários ou poliquetas.

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Huw Griffiths diz que a descoberta acabou trazendo mais perguntas do que respostas. "O que eles estão comendo? Há quanto tempo estão lá? O quão comum são essas pedras cobertas com seres vivos? São as mesmas espécies que vemos na parte de fora da plataforma de gelo ou são espécies novas? E o que aconteceria a essas comunidades se toda a plataforma de gelo desabasse?", questiona o pesquisador.

Sobrevivência nas profundezas

Grande parte da vida na Terra depende do Sol para sobreviver, como nota o ScienceAlert, com plantas e algas precisando fazer a fotossíntese para produzir açúcares, servindo então de alimentos para outros organismos. Mas quando se está no escuro, onde a luz solar nunca chega, outra estratégia é usada pelos seres vivos. Em volta de fontes termais oceânicas, por exemplo, o calor e compostos químicos liberados ajudam as bactérias a fazerem a quimiossíntese para a produção de açúcar, criando uma cadeia de alimentação semelhante.

Estudos recentes anteriores já descobriram que os microorganismos vivendo embaixo das geleiras fazem o processo de quimiossintetização do hidrogênio, o que também podem depender do metano encontrado no oceano. Inclusive, em águas da Antártida, foi descoberta a existência de vazamento de metano.

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A rocha que foi analisada pela equipe de Griffiths está localizada entre 625 e 1,500 quilômetros da região de fotossíntese mais próxima, aumentando a possibilidade do processo de quimiossintetização para a sobrevivência, mesmo que as esponjas encontradas sejam do tipo carnívoro. Para chegar a uma conclusão definitiva, os cientistas devem fazer um estudo mais detalhado dos organismos e do ambiente em que vivem, o que será um grande desafio.

"Para responder às nossas questões, teremos que encontrar uma forma de nos aproximarmos desses animais e de seus ambientes, e isso é a 900 metros abaixo de gelo e a 250 quilômetros de distância dos navios onde estão nossos laboratórios", completa o líder da pesquisa sobre buscar novas formas de responder todas as questões existentes.

Fonte: ScienceAlert