Derretimento de gelo da Antártida pode trazer desastres irreversíveis até 2060
Por Natalie Rosa • Editado por Patricia Gnipper |
O Ártico vem perdendo uma grande quantidade de gelo conforme o aquecimento da Terra se torna mais intenso, prejudicando a vida humana e animal. Porém, a região que mais nos traz ameaças é a Antártida, que conta com gelo terrestre em quantidade suficiente para aumentar o nível do mar em mais de 60 metros, o que representa cerca de 10 vezes a camada de gelo da Groenlândia.
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Os pesquisadores já sabem que a camada de gelo existente na Antártida conta com pontos físicos de inflexão, que podem acelerar a perda de gelo de uma forma fora de controle, mas agora, segundo um novo estudo publicado na revista científica Nature, a situação na Antártida pode atingir um ponto crítico nas próximas décadas.
De acordo com a pesquisa, se as emissões de gases de efeito estufa continuarem no mesmo ritmo que acontecem na atualidade, até o ano de 2060 a elevação do mar será crítica a ponto de se tornar irreversível, e em 2100 o nível deverá subir de forma constante, 10 vezes mais rápido do que hoje. Atualmente, a Antártida conta com plataformas de gelo protetoras que ajudam a diminuir o fluxo das geleiras terrestres até o mar. Porém, elas podem se diluir e quebrar quando em contato com a água quente que passa embaixo.
Então, conforme as plataformas de gelo são rompidas, penhascos de gelo podem acabar não conseguindo se manter em pé por muito tempo, correndo o risco de ruírem. Os cientistas explicam que existem duas possibilidades de instabilidade que podem acontecer. A primeira é que parte das camadas de gelo da Antártida que estão em um leito rochoso abaixo do nível do mar podem ser direcionadas ao centro do continente, com o aquecimento da água derretendo as suas bordas inferiores, se desfazendo. Já acima da água, a chuva e o derretimento da superfície podem criar rachaduras no gelo.
Para chegar nessas respostas, os pesquisadores usaram um modelo computacional baseado na física das camadas de gelo. Eles descobriram, então, que basta um aquecimento acima de 2°C para que a perda de gelo na Antártida saia do controle, e isso deve acontecer com a geleira Thwaites, responsável por drenar uma área de 160 quilômetros de comprimento. Infelizmente, as previsões atuais são de que o planeta irá, de fato, chegar a mais de 2°C de aquecimento.
Algumas projeções, por sua vez, não consideram a instabilidade dessa geleira gigante, estimando uma quantidade mais baixa de aumento do nível do mar. As duas possibilidades, no entanto, chegam em duas conclusões: de que o cumprimento das metas do Acordo de Paris podem reduzir a elevação do mar e que o derretimento de camadas de gelo podem provocar o aumento do nível do mar.
A nova pesquisa é uma das primeiras a trazer dados além do século atual, mostrando que se as emissões de hoje continuarem da mesma forma, o nível do mar irá aumentar em seis centímetros ao ano até 2150. Com isso, em 2300 o derretimento será 10 vezes maior do que o esperado pelas metas do Acordo de Paris, que planeja um crescimento da temperatura de 1,5°C a 2°C. Isso, contando com a ajuda da tecnologia para a remoção do dióxido de carbono do ar, esfriando o planeta. Até 2030, as emissões precisariam ser reduzidas em 50%, e a previsão com base nos esforços atuais é de apenas de 1%.
Fonte: Phys.org