Plataforma de gelo que era estável desmorona na Antártida

Uma plataforma de gelo na parte mais fria da Antártida desmoronou após uma onda anormal de calor atingir o continente. Conhecida como plataforma de gelo Conger, esse grande bloco congelado ficava em uma área até então considerada estável, longe dos efeitos do aquecimento global — até agora.

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Com 1.191,3 quilômetros quadrados, a plataforma Conger, embora maior do que a cidade de Nova York, é relativamente pequena, mas esse é a primeira vez que a desintegração do bloco de gelo é registrada na história da Antártida Oriental, sinalizando que algo não está certo.

O glaciologista Peter Neff, Universidade de Minnesota, explicou que essa região da Antártida é onde existem os pontos mais altos, mais secos e mais frios do continente. Observar o colapso dessa plataforma foi algo inesperado.

O bloco de gelo começou a se fragmentar na semana passada, quando as temperaturas na região subiram de maneira assustadora. Segundo a cientista planetária Catherine Walker, foi em algum momento entre os dias 14 e 16 que a plataforma entrou em colapso.

Antártida ameaçada

No dia 18 de março, diversas estações meteorológicas da Antártida registraram temperaturas máximas recordes — cerca de 30 °C acima da temperatura média. À medida que a temperatura média global sobe, massas de ar quente conseguem avançar sobre o continente.

Nesse caso específico, uma coluna estreita de ar úmido — os chamados rios atmosféricos — levou o calor dos trópicos para a Antártida. Além disso, um sistema de alta pressão acima do continente prendeu o calor e umidade sobre a região. O resultado foi a onda de calor inédita.

Quanto mais gases de efeito estufa (como o dióxido de carbono), a humanidade lançar à atmosfera, maisa temperatura global aumentará. As primeiras vítimas dessas mudanças são os polos: bem antes da onda de calor, a cobertura de gelo marinho da Antártida atingiu sua menor extensão.

A plataforma de Conger começou a encolher na década de 1970, mas a partir de 2020 seu derretimento se tornou mais intenso. Seu colapso demonstra que nem mesmo as regiões até então consideradas a salvo do aquecimento global estão livres da crise climática.

Fonte: Via ScienceAlert