Dragão de Komodo: conheça o maior lagarto do mundo e seu potencial mortal
Por Lillian Sibila Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |

Muita gente, na infância, deve ter se surpreendido ao descobrir que dragões de fato existem — só para ver, em seguida, que eles não passavam de lagartos muito grandes. Eles são os dragões-de-komodo (Varanus komodoensis), a maior espécie de lagarto do mundo, carnívoros e perigosos.
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Descobertos pela ciência ocidental apenas em 1910, esses lagartos se tornaram uma exibição famosa em zoológicos, tanto pelo tamanho quanto pela fama de ferozes. Mesmo assim, o dragão-de-komodo é, atualmente, uma espécie considerada em perigo pela União Internacional pela Conservação da Natureza (UICN), e ganhou o Parque Nacional de Komodo para ajudar em sua proteção.
O maior lagarto do mundo
Em uma das ilhas nativas, que leva seu nome — Komodo —, os grandes lagartos são conhecidos pelo nome “ora, buaya darat” (crocodilo da terra) ou “biawak raksasa” (monitor gigante). Eles são, como o nome indica, da família Varanidae, composta por lagartos-monitores de várias espécies. Os maiores chegam a ter 40 cm de altura e ficam entre 2 e 3 metros de comprimento, chegando a 166 kg.
Os cientistas acreditam que seu tamanho impressionante tenha sido resultado de gigantismo insular: isso quer dizer que, por viver em ilhas, a espécie não tenha competição entre os animais carnívoros locais, preenchendo o nicho e se tornando superpredadores. Seu baixo metabolismo também ajuda nesse quesito, digerindo devagar e aguentando longos períodos sem comer.
Onde vive o dragão de Komodo?
Os dragões-de-komodo são endógenos das ilhas indonésias de Komodo, Rinca, Gili Motang e Flores. Eles possuem uma aparência robusta e têm um aspecto de dinossauro, tendo sido descritos como crocodilos terrestres no passado. As fêmeas ocupam ninhos abandonados de pássaro para botarem seus ovos, variando de 15 a 35 por vez.
Eles demoram de três a cinco anos para chegar à maturidade sexual, e, durante esse período, escalam em árvores para se protegerem de predadores, incluindo dragões-de-komodo maiores, já que a espécie possui costumes canibais. Como outros répteis, eles possuem sangue frio, ou seja, são ectotérmicos. Eles são solitários e só se encontram para acasalar ou comer.
Eles podem viver até os cinquenta anos, em média, e possuem alguns parentes que também estão entre os maiores lagartos do mundo — o terrestre varano-do-deserto (Varanus griseus), entre 1 a 2 metros de comprimento, e o varano-do-nilo (Varanus niloticus), entre 1,5 a 2 metros de comprimento, com hábitos anfíbios, ou seja, passando a maior parte da vida na água.
O dragão de Komodo é perigoso?
Como superpredadores carnívoros, os dragões-de-komodo se alimentam de praticamente todos os animais que puderem encontrar. Em geral, sua dieta inclui javalis, cabras, veados, cavalos, macacos, búfalos, insetos e outros dragões-de-komodo menores. Embora seja menos comum, eles podem, sim, se alimentar de humanos, com alguns casos reportados.
Quando em cativeiro, os lagartos podem tornar-se dóceis, e algumas pessoas reportam ficar próximas a eles sem problemas, mas eles ainda são potencialmente perigosos devido à sua dieta. Anteriormente, acreditava-se que eles se alimentavam apenas de carniça, e que sua boca continha “bactérias mortais”, cultivadas ao deixar que carne podre se decompusesse no local para mantê-las se reproduzindo.
Pesquisas recentes, no entanto, mostraram que eles são higiênicos e gostam de manter a boca limpa — o processo de alimentação inclui a regurgitação de uma massa contendo chifres, pelos e dentes, que eles não digerem. Após isso, os lagartos limpam o rosto e a boca na poeira ou nos arbustos das redondezas, tirando o muco malcheiroso que vem com a regurgitação.
Veneno
Os dragões-de-komodo atacam rápida e violentamente as juntas ou as partes vitais das presas, que costumam morrer da perda de sangue e dos danos dilacerantes de sua mordida, devido aos afiados e perigosos dentes. Sua saliva contém veneno, fazendo o sangue das presas coagular e reduzindo sua pressão sanguínea, causando choque e facilitando a predação.
Curiosidades sobre a maior espécie de lagarto do mundo
Assim como outros répteis, os dragões-de-komodo usam a língua para detectar sabor e cheiro, tendo o que se chama de sentido vomeronasal — através do órgão de Jacobson — para ajudar se orientar na escuridão. Quando há vento favorável e com a ajuda do balançar de sua cabeça enquanto anda, esses lagartos conseguem detectar carcaças de animais a até 9,5 km de distância.
Apesar do seu canal auditivo ser bastante visível, o animal possui uma audição fraca, só ouvindo sons entre 400 e 2.000 hertz (nós, humanos, ouvimos entre 20 e 20.000 hertz). Sua visão tem um alcance de 300 metros, mas como só possui cones nas retinas, acredita-se que sua visão noturna seja bem ruim.
Como as mandíbulas são pouco articuladas, o crânio é flexível e o estômago consegue se expandir bastante, eles preferem engolir presas pequenas (como cabras ou filhotes de bovinos) inteiras, com ajuda de lubrificação da saliva. Para evitar o sufocamento, respiram por um tubo pequeno embaixo da língua, ligado ao pulmão.
Como a deglutição é lenta, no entanto, eles costumam acelerar o processo batendo a carcaça contra árvores para empurrá-la boca adentro, por vezes derrubando a planta no processo. Um costume mórbido já visto é o de dragões-de-komodo assustarem veados fêmeas de propósito, com o intuito de causar um aborto espontâneo, apenas para se alimentarem do feto.
Conseguem comer até 80% do próprio peso corporal em uma só refeição, ficando expostos ao sol para ajudar com a digestão. Como o metabolismo é lento, os dragões-de-komodo conseguem comer pouco, chegando a apenas 12 refeições por ano.
Pelo costume de escavar covas rasas para se alimentar de cadáveres humanos, a população de Komodo passou a mudar os cemitérios de regiões arenosas para solo argiloso, também empilhando rochas sobre os túmulos para evitar a atividade. Em dois casos em cativeiro, já foi vista a reprodução da espécie por partenogênese, ou seja, nascimento a partir de um ovo não fecundado por um macho.
Esses animais não possuem diafragma, então não conseguem sugar nem lamber água. Eles, então, enchem a boca e levantam a cabeça para descer o líquido pela garganta. A ausência do órgão também impossibilita que utilizem o olfato pelo nariz, deixando que a língua faça o trabalho.
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Fonte: Biological Sciences