Mais de 40% das espécies de anfíbios estão desaparecendo do planeta
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 11 de Outubro de 2023 às 15h42
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Na sexta extinção em massa do planeta, o principal alvo parecem ser os anfíbios, segundo pesquisa internacional publicada na revista Nature. Após analisar mais de 8 mil espécies de anfíbios da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), incluindo sapos e salamandras, os cientistas estimam que 40,7% delas estão ameaçadas de extinção e caminham para o desaparecimento completo. Entre os biomas de maior risco, está a Mata Atlântica no Brasil.
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De forma mais simples, é possível dizer que dois em cada cinco anfíbios estão ameaçados de extinção no planeta. O maior risco de desaparecimento é para as espécies de salamandras. Três em cada cinco estão ameaçadas.
Quando o número de espécies de anfíbios em risco de extinção é comparado com os de outros grupos de vertebrados, o problema fica ainda mais evidente. Por exemplo, entre os mamíferos, a porcentagem é de 26,5%. A estimativa cai ainda mais para os répteis (21,4%) e as aves (12,9%).
O que causa a extinção?
Até os anos 2000, os principais fatores que justificavam o declínio dos anfíbios na natureza eram as doenças e a perda de habitat — neste caso, é principalmente como consequência da expansão da agricultura e da agropecuária. Entre as doenças que ainda afetam esse grupo, estão os fungos quitrídios, que já dizimaram espécies na América Latina, na Austrália e nos Estados Unidos
Com o novo levantamento, os pesquisadores descobriram que as mudanças climáticas já afetam negativamente cerca de 39% das espécies, o que ainda pode estar subnotificado.
Para a maioria dos anfíbios, o calor extremo, as secas e os incêndios florestais são fatais. Isso porque eles não conseguem migrar facilmente de uma região para outra, além de serem altamente sensíveis ao nível de umidade e à desidratação.
Anfíbios já extintos
Cabe destacar que, nos últimos 150 anos, é possível estimar que cerca de 222 espécies de anfíbios conhecidos tenham sido extintas. Em um recorte mais recente — desde 2004 —, já é possível afirmar que algumas espécies desapareceram também, como:
- Atelopus chiriquiensis, da Costa Rica;
- Taudactylus acutirostris, da Austrália;
- Craugastor myllomyllon, da Guatemala;
- Pseudoeurycea exspectata, da Guatemala.
Só que nem tudo está perdido. Na contramão do risco ou da extinção dos anfíbios, os pesquisadores observaram que cerca de 120 mudaram, positivamente, o seu status na Lista Vermelha desde 1980. Desse montante, a maioria dos casos envolve ações de proteção ao habitat natural.
Importância dos anfíbios
“Os anfíbios estão desaparecendo mais rápido do que podemos estudá-los, mas a lista de razões para os proteger é longa”, afirma a ecologista Kelsey Neam, pesquisadora do projeto Re:wild e uma das autoras do estudo, em nota.
Embora sejam pouco reconhecidos, os anfíbios exercem papéis importantes na área de pesquisa médica para o desenvolvimento de novos remédios, no controle de pragas — incluindo mosquitos que transmitem a dengue e a malária —, na avaliação das condições ambientais e de preservação, além de tornarem o planeta mais bonito, como lembra Neam.
“Como comunidade global, é hora de investirmos no futuro dos anfíbios, o que é um investimento no futuro do nosso planeta”, completam os pesquisadores no artigo.
Fonte: Nature e Universidade de Stellenbosch