Presas da cobra ajudam a prever a rapidez de um ataque
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
As presas de uma cobra podem ajudar a prever a rapidez com que o ataque será realizado. A descoberta vem de pesquisadores da Cornell University e foi apresentada na conferência SICB 2024, que aconteceu entre os últimos dias 2 e 6.
- Rara cobra de duas cabeças é encontrada na África do Sul; veja fotos!
- Cobras podem se reconhecer através de sentidos químicos, segundo estudo
Segundo os pesquisadores, a forma, a posição e o tamanho dos dentes são fatores que possibilitam prever a velocidade e a direção do ataque. Ao combinar observações anatômicas com resultados comportamentais, o grupo pôde ver como o sistema funciona de forma diferente em cobras com diferentes estratégias de alimentação.
Os cientistas viram que algumas espécies de cobra apresentavam dentes verticais longos e finos, enquanto outras tinham dentes mais curtos, robustos e curvos. Para ter uma visão mais detalhada das diferenças, os autores do estudo fizeram radiografias 3D e análises estruturais das mandíbulas superiores e inferiores e dos dentes de quase 70 cobras de 13 espécies.
O grupo percebeu que as cobras mais aptas ao ataque tinham maior variação dentária, com dentes altos, delgados e retos na frente da mandíbula inferior, e dentes progressivamente mais curtos e mais largos na parte de trás que se curvavam em direção à garganta.
Presas de cobra revelam informações
Os cientistas também alegam que a curvatura permite que a presa deslize facilmente para dentro da boca, mas a prende se ela tentar escapar.
Assim, o artigo reconhece que faz sentido que os dentes da frente sejam especializados para diferentes tipos de comportamento de ataque, uma vez que fazem o primeiro contato.
“Tendemos a simplificar demais e dizer que é apenas um golpe, mas onde a cobra atinge, o formato do dente afeta a força e a velocidade e, portanto, as chances de sucesso da cobra em capturar diferentes tipos de presas", apontam os pesquisadores, em comunicado divulgado pela revista Science.
Com isso, o grupo espera que uma melhor compreensão dos ataques de cobras também inspire aplicações práticas de engenharia. Já vimos, por exemplo, um robô inspirado em cobra que pode percorrer areia, neve e até lava.