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Lagarto teiú produz o próprio calor para se aquecer

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Tania Malréchauffé/Unsplash
Tania Malréchauffé/Unsplash

Espécie de lagarto bastante popular no Brasil, o teiú (Salvator merianae) consegue produzir o próprio calor e manter o corpo aquecido, sem depender de agentes externos, durante o período reprodutivo. A habilidade única entre os répteis foi descoberta por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), após analisar por anos o comportamento do animal.

Para gerar o próprio calor, o lagarto teiú não precisa tremer, algo já observado em cobras. Segundo os cientistas brasileiros, o corpo é aquecido a partir de uma maior produção de mitocôndrias nos músculos. É o que revela o estudo publicado na revista Acta Physiologica.

Em 2016, outro estudo da Unesp já tinha observado que os lagartos da espécie apresentavam uma temperatura corporal mais alta do que a das tocas onde se abrigavam durante a noite, período em que não poderiam ter sido esquentados pelo sol. Entretanto, ainda não se sabia a origem dessa habilidade tão rara e aparentemente inédita entre os répteis.

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Répteis regulam a própria temperatura?

“De modo geral, apenas aves e mamíferos são conhecidos pela capacidade de regular sozinhos a própria temperatura", afirma Livia Saccani Hervas, primeira autora do estudo e pesquisadora da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp, para a Agência Fapesp.

Devido à habilidade de produzir o próprio calor, os mamíferos e as aves são classificados como endotérmicos. "Os répteis e outros animais, por sua vez, são considerados ectotérmicos, pois dependem da temperatura externa para regular a de seus corpos”, acrescenta a cientista Hervas.

Agora, a recém-descoberta pode mudar entendimentos considerados clássicos na biologia. Até então, os únicos répteis conhecidos por serem capazes de aumentar a temperatura corporal de forma autônoma eram duas espécies de pítons. Novamente, o comportamento é associado à reprodução, já que as cobras fazem isso para chocar os ovos.

Produção de calor do lagarto teiú

Sem precisar tremer e agitar os músculos para gerar calor, os pesquisadores passaram a monitorar 10 teiús ao longo de três anos. Durante o verão (fevereiro) e a primavera (setembro e outubro), a equipe colheu biópsias do músculo esquelético dos répteis. Em seguida, os tecidos passavam por análises bioquímicas e por um calorímetro (aparelho que mede o calor).

Segundo os autores, na fase reprodutiva, o músculo de machos e de fêmeas de teiú produzia mais mitocôndrias (tipo de organela que gera energia dentro das células). O grupo também identificou, nessas mitocôndrias, maiores concentrações da proteína ANT. Esta é conhecida por participar de um processo bioquímico que gera calor em aves. Ambos os achados explicam essa habilidade única da espécie entre os répteis.

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Fonte: Acta Physiologica, Agência Fapesp