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Predador gigante de meio bilhão de anos é achado na Groenlândia

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Robert Nicholls/BobNichollsArt/Science Advances
Robert Nicholls/BobNichollsArt/Science Advances

Foram encontrados, no norte da Groenlândia, fósseis de um novo grupo de predadores do passado, criaturas gigantes de meio bilhão de anos que podem estar entre os primeiros animais carnívoros a aterrorizar os mares do planeta, no início do Período Cambriano. É preciso colocar a descoberta em perspectiva, no entanto — a nova espécie era gigante para a sua época, chegando a 30 cm, o que, durante o Cambriano, realmente impressionava. O estudo sobre o bicho é de Jacob Vinther e equipe, da Universidade de Bristol.

O nome científico dado ao novo antigo animal é Timorebestia koprii, do latim “timor” — terror, medo ou temor — e “bestia” — besta ou monstro. A besta do terror ou besta terrorista habitou as colunas de água de mais de 518 milhões de anos atrás, ostentando barbatanas laterais e antenas compridas na cabeça. Sua mandíbula poderosa ficava escondida no interior da boca, e suas três dezenas de centímetros a deixavam entre as maiores criaturas que nadavam nos mares da época.

Pequenos grandes superpredadores

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Os cientistas já sabiam que os predadores dominantes no Cambriano (entre 542 milhões e 488 milhões de anos atrás) seriam artrópodes primitivos, como os curiosos anomalocaridídeos (“camarões estranhos”, em grego), mas o Timorebestia é bastante único. Ele é um parente distante no tempo mas próximo geneticamente dos quetognatas (Chaetognatha), ou vermes-flecha, predadores oceânicos muito menores que vivem atualmente se alimentando de zooplâncton.

Com a pesquisa, fica claro que os ecossistemas oceânicos eram bastante complexos, com uma cadeia alimentar permitindo diversos níveis de predadores. Na época, a chamada Explosão Cambriana viu uma enorme diversificação e espalhamento de espécies pelo mundo primitivo. Os Timorebestia estavam no topo da cadeia alimentar cambriana, se igualando aos predadores carnívoros marinhos mais eficientes do mundo moderno, como os tubarões e as focas.

Cientistas encontraram os restos de um artrópode comum no sistema digestivo da besta do terror, chamado Isoxys, que era fonte de alimento para diversos animais do período. Eles são muito comuns em Sirius Passet, sítio arqueológico da Groenlândia onde o fóssil estava. A espécie tinha uma espinha protetiva longa, se projetando para a frente e para trás, mas não foi o bastante para evitar o ataque do Timorebestia.

Os vermes-flecha estão entre os fósseis mais antigos do Cambriano, chegando a até 538 milhões de anos atrás, enquanto a maioria dos artrópodes só chega a até 529 milhões de anos. Estima-se que eles teriam dominado os oceanos antes dos artrópodes, reinando por cerca de 10 a 15 milhões de anos antes de serem superados por outras espécies mais bem-sucedidas.

As espécies modernas de verme-flecha têm as mandíbulas do lado de fora da cabeça, ao contrário de seus ancestrais, que também mostraram ter um sistema nervoso preservado no centro da barriga, onde havia um gânglio ventral. Essa característica é única aos quetognatos, e sua presença no animal primitivo ajudou os cientistas a confirmar os passos evolutivos do grupo.

Fonte: Science Advances: Paleontology