Google DeepMind usa IA contra 5 problemas da crise climática
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Não há dúvidas de que a Inteligência Artificial ajudará a resolver parte dos problemas causados pela crise climática, marcada pelo aumento dos eventos meteorológicos extremos e aquecimento do planeta. Esta é a aposta do Google DeepMind, o braço de pesquisa em IA da empresa de serviços online e software, que trabalha em soluções para pelo menos cinco grandes desafios.
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“As mudanças climáticas são um problema multifacetado, sem solução única”, afirma Sims Witherspoon, cientistas do clima e pesquisadora do Google DeepMind, durante Ted Talk. “Precisamos ir além da discussão sobre o que podemos fazer e começar a nos concentrar em como podemos fazer isso”, acrescenta.
Para colocar a mão na massa, o Google DeepMind trabalha em cinco frentes para combater os efeitos da crise climática, através de aplicações com IA, como veremos a seguir:
1. Geração de dados para IA
Não existe IA sem dados e, quando se pensa nas informações disponíveis sobre os efeitos das mudanças climáticas, ainda há enormes lacunas, especialmente em países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos. Então, uma das etapas mais básicas do Google DeepMind, é descobrir quais são os dados necessários para pensar novas soluções, através das redes neurais artificiais.
Em parceria com a ONG Climate Change, os pesquisadores dessas organizações buscam desenvolver uma lista abrangente de quais conjuntos de dados são necessários para promover novas soluções com IA a fim de combater a crise climática.
2. Compreender as mudanças climáticas
"A IA pode nos ajudar a compreender as mudanças climáticas e os problemas que enfrentamos, através de melhores modelos de previsão e monitorização”, explica Witherspoon, para a revista Wired. Inclusive, o Google DeepMind já desenvolveu um modelo que prevê chuvas com horas de antecedência, considerado mais preciso que outras ferramentas tradicionais.
A partir dessa experiência prévia, a pesquisadora do clima explica que é possível construir modelos para prever, com horas ou dias de antecedência, fenômenos meteorológicos mais complexos, como ondas de calor extremo. Estas foram recorrentes no último verão do Hemisfério Norte, onde quedas no asfalto “fervendo” foram relacionadas com queimaduras e o mar ficou tão quente que foi comparado a uma banheira de hidromassagem.
3. Reduzir a pegada de carbono
Para impedir que a crise climática se acentue e a temperatura média do planeta suba, os especialistas alertam para a necessidade de reduzir a emissão de gases poluentes, como o gás carbônico (CO2). Neste ponto, a IA pode ajudar no processo de adaptação das indústrias e dos processos de produção atuais, reduzindo a pegada de carbono, enquanto tecnologias verdadeiramente verdes não estão prontas.
Entre as aplicações possíveis, está o desenvolvimento de estratégias que reduzam o elevado consumo de energia associado às atuais infraestruturas de informática, incluindo a IA, por causa da necessidade de resfriamento. Nesse caso, Witherspoon explica que, nos data centers, foi possível “melhorar a eficiência energética e alcançar uma economia de energia de 30%”. Em larga escala, isso pode ajudar a combater a crise climática.
4. Monitoramento da fauna e preservação
Existem diferentes pesquisas em desenvolvimento pelo Google DeepMind para auxiliar na preservação de espécies da fauna e da flora. Entre os cases, há uma ferramenta de IA para o reconhecimento facial de tartarugas marinhas no Serengeti, uma região na África Oriental conhecida pela diversidade de espécies. Segundo os responsáveis, monitorar a população das tartarugas ajudará a entender o quão bem preservado está sendo o local.
Em outra frente, é desenvolvido um sistema com IA para identificar espécies de pássaros através do canto na Austrália. Novamente, monitorar quais sons são escutados na floresta ajudará a entender o tamanho das populações de aves, além de possíveis alterações nos comportamentos dos animais. Aqui, é importante destacar que a vida selvagem será igualmente ou mais impactada pelo aquecimento global, como estudos já estão demonstrando.
5. Energia limpa com fusão nuclear
Por fim, uma das grandes apostas do Google DeepMind é na geração de energia limpa, sem emissão de CO2 e gerando o menor número possível de resíduos radioativos, o que pode ser feito com o uso da fusão nuclear — algo bem diferente da fissão nuclear que, normalmente, envolve o uso de urânio e das usinas nucleares.
A questão é que essa tecnologia, que envolve o uso de plasma de hidrogênio, ainda não está pronta para o uso, mas a IA tem acelerado as descobertas que, um dia, poderão tornar viável essa nova forma de obter energia, considerada ilimitada. Neste momento, a humanidade terá dado um dos mais importantes passos no controle da crise climática.
Fonte: Google DeepMind, TED (Youtube) e Wired