O que é a onda de calor que atinge o planeta?
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Com o verão no Hemisfério Norte, temperaturas recordes e que ultrapassam os 50 °C — valor considerado perigoso para o organismo humano — já foram registradas, causando centenas de mortes oficiais. Esta onda de calor extremo tem se espalhado por diferentes países, como Estados Unidos, China e Japão, além da Europa.
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Por causa do calor extremo em alguns pontos do globo, o mês de julho registrou a maior temperatura global média por três dias consecutivos na história dos monitoramentos, segundo a plataforma Climate Reanalyzer. Os valores exatos ainda precisam ser confirmados, mas dão dimensão do quão quente tem sido este mês globalmente. Até mesmo no Ártico, os efeitos da onda de calor são sentidos com o derretimento de geleiras. Se a tendência permanecer, este será o ano mais quente da história recente.
Entenda o que é uma onda de calor
Aqui, vale explicar que, embora exista a ideia de uma grande onda de calor, os níveis recordes de calor no Hemisfério Norte são resultado de inúmeras ondas de calor. É um movimento descentralizado, mas que está cada vez mais comum, segundo estudo interno da iniciativa World Weather Attribution (WWA).
Pensando especificamente em uma onda de calor, esta pode ser definida como um período de alguns dias ou mesmo semanas em que as temperaturas máximas superam o que era normalmente esperado e registrado para aquela época do ano em uma localidade específica.
Por causa da diversidade de regiões e dos aspectos climáticos, não existe um patamar mínimo para definir o que é uma onda de calor, como termômetros marcando mais de 40 °C. Este é um parâmetro que só faz sentido quando se considera o histórico de determinada localidade.
Independente da definição, as ondas de calor são consideradas um dos perigos naturais mais mortais do globo, especialmente para idosos e crianças, onde o risco de desidratação é maior. Os riscos para ataque cardíaco (infarto) e Acidente Vascular Cerebral (derrame cerebral) também aumentam significativamente.
Estar diretamente exposto aos dias mais quentes, sem a devida proteção e nem mesmo protegido por uma sombra pode ser complicado. Há relatos recentes de pessoas que se queimaram ao cair na rua na cidade de Phoenix, no Arizona (EUA). No dia mais quente, a temperatura chegou a 48 ºC, mas são semanas de temperaturas elevadas.
Com as ondas de calor, o risco de incêndios florestais — por causas “quase” naturais — também cresce exponencialmente nas áreas mais afetadas devido ao baixo nível de umidade do ar.
Impacto das ondas de calor pelo mundo
Olhando apenas para os termômetros deste mês histórico de julho, o Vale da Morte, na Califórnia, atingiu o pico de 53 °C, além do longo período de calor em Phoenix. Enquanto isso, no Oeste da China, a temperatura chegou a 52 °C. Na Catalunha, na Espanha, os termômetros marcaram 45,3 °C.
Em decorrência das ondas de calor, inúmeras mortes já foram registradas. Por exemplo, no México, já são mais de 200 óbitos. EUA, Espanha, Itália, Grécia, Chipre, Argélia e China também registraram mortes. A questão é que o número deve aumentar nos próximos dias. Afinal, no momento, a maior parte da população italiana e espanhola, além de 100 milhões de norte-americanos ao sul do país, estão sob alerta de calor extremo.
O que causa as ondas de calor?
Embora o planeta Terra possa sofrer variações naturais de temperatura, os especialistas da WWA afirmam que as ondas de calor estão mais frequentes, nos últimos anos, “como resultado do aquecimento causado pelas atividades humanas”, como a emissão de gases poluentes e do efeito estufa.
Na análise, as ondas de calor atuais são mais comuns na América do Norte, na Europa e na China. Elas já são esperadas uma vez a cada 15 anos nos EUA e no México. No sul da Europa, a tendência é que ocorram uma vez a cada 10 anos. Na China, o movimento tende a se repetir a cada 5 anos.
"Sem a mudança climática induzida pelo homem, esses eventos de calor seriam extremamente raros. Na China, teria sido um evento a cada 250 anos, enquanto o calor máximo como em julho de 2023 teria sido praticamente impossível de ocorrer na região dos EUA e do México e no sul da Europa”, pontua o grupo. Agora, se a temperatura média global subir 2 °C, a previsão é que as ondas de calor se tornem recorrentes, acontecendo em intervalos de 2 a 5 anos.
Para evitar a piora dos efeitos provocados pelas mudanças climáticas, os cientistas reforçam a importância do controle no uso de combustíveis fósseis. Em paralelo, as regiões mais afetadas devem investir em planejamento urbano, o que poderá reduzir o impacto das altas temperaturas, quando registradas.
Fonte: Com informações de WWA