AMD lança CPUs Ryzen Z1 e Z1 Extreme para portáteis de alto desempenho
Por Renan da Silva Dores • Editado por Wallace Moté |
Aproveitando a divulgação dos primeiros detalhes oficiais do ASUS ROG Ally, a AMD anunciou a família de processadores Ryzen Z1, desenvolvida especificamente para consoles/PCs portáteis como o Steam Deck. Composta do Z1 e Z1 Extreme, a linha utiliza as novas arquiteturas Zen 4 para CPU e RDNA 3 para GPU, junto de otimizações de voltagem e consumo, para oferecer até 8,6 TFLOPs de poder computacional, o que poderia posicioná-los muito próximos ao PlayStation 5, ao menos em teoria.
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Dos dois modelos anunciados, o Ryzen Z1 Extreme é o mais interessante, trazendo CPU de 8 núcleos e 16 threads com 24 MB de cache total (L2 + L3), arquitetura Zen 4 — a mesma dos chips Ryzen 7000 — e GPU de 12 Unidades Computacionais (CUs), ou 768 núcleos, com a arquitetura RDNA 3 vista nas placas de vídeo Radeon RX 7000. A AMD deu grande foco aos gráficos no anúncio, já que a solução poderia oferecer até impressionantes 8,6 TFLOPs de poder computacional.
Isso colocaria o Z1 Extreme muito mais próximo de um PS5 e seus 10,28 TFLOPs do que do chip customizado do Steam Deck, hoje um dos principais portáteis e responsável por reacender a onda de consoles de mão, que atinge 1,6 TFLOPs. Dito isso, é preciso ter em mente que tanto o PlayStation quanto o dispositivo da Valve utilizam RDNA 2, não sendo exatamente correto comparar o número de TFLOPs desses aparelhos com a nova GPU RDNA 3, já que há diferenças significativas no funcionamento dessa nova arquitetura.
O ponto mais óbvio é que, ao se usar o cálculo padrão para chegar ao poder computacional (2 vezes o número de núcleos da GPU vezes a frequência em que ela opera), chegaríamos na verdade aos 4,3 TFLOPs. O que muda é que os núcleos de GPUs RDNA 3 trabalham de forma casada, quase como se tívessemos o dobro deles, permitindo assim que os componentes dobrem seu poder computacional. Em meio a essa salada de informações, o melhor é olhar para os benchmarks em games.
Segundo o time vermelho, o chip mais robusto Z1 Extreme atinge médias de 60 FPS em games AAA avançados como Red Dead Redemption 2 e Far Cry 6, chegando a respeitáveis 215 FPS em títulos mais leves, como CS:GO. Nesse ponto há aspectos mistos: as configurações gráficas estão definidas para o preset do Low em resolução 1080P e rodando nativamente em 720P, adotando o Radeon Super Resolution (RSR) para fazer o upscaling da imagem.
Ainda assim, os números foram obtidos em cenários reais usando o ROG Ally, e como estamos falando de um chip detinado a consoles com Windows que, no fundo, são PCs, os usuários devem ter liberdade de aumentar a qualidade gráfica e ajustar a taxa de quadros como preferirem. Talvez mais curioso seja o Ryzen Z1 padrão, que traz CPU de 6 núcleos e 12 threads e uma GPU bastante modesta de apenas 4 CUs, ou 256 núcleos, prometendo oferecer 2,8 TFLOPs (o que curiosamente se traduziria em 1,4 TFLOPs pelo cálculo tradicional).
Alguns dos números, como os de CS:GO (149,8 FPS) e Red Dead Redemption 2 (41,8 FPS) são significativamente mais baixos, mas outros títulos também pesados em gráficos como Far Cry 6 e Forza Horizon 4 praticamente não apresentam quedas de desempenho frente ao Z1 Extreme. Segundo disse ao The Verge o gerente de marketing técnico da AMD, Don Woligroski, isso seria culpa da largura de banda da memória do sistema.
"Eu acho que o que está acontecendo aqui [é o seguinte]: não são as CUs o fator limitante, é a [RAM] LPDDR5" afirmou Don Woligroski. "Memórias mais velozes é, na maioria desses casos, o que esses games realmente estão pedindo". A aposta do executivo bate com o que analistas têm visto desde a linha Ryzen 6000 e suas GPUs RDNA 2, e com o salto de geração, a situação deve realmente ficar mais delicada. Interessados nos portáteis que trarão os novos chips devem ficar de olho nas configurações de RAM para terem certeza que há bom aproveitamento.
Também colabora para essa teoria os números divulgados pela gigante para alguns dos títulos rodando em 1080P nativo e, com exceção dos games mais pesados em processamento gráfico, alguns dos números surpreendem. Far Cry 6 e Shadow of the Tomb Raider, por exemplo, chegam muito próximo da casa dos 60 FPS, enquanto jogos como Forza Horizon 4 e CS:GO ultrapassam com facilidade os 100 FPS.
Outro ponto extremamente importante é o consumo: todos os números foram obtidos no modo turbo do ROG Ally, que permite aos processadores atingir até 30 W, o dobro dos 15 W de energia com os quais o Steam Deck trabalha. É preciso aguardar para vermos como a linha Z1 vai se comportar em 15 W, e mais ainda, a autonomia de bateria que os tanques bastante limitados dos portáteis vão entregar — nesse ponto, Woligroski diz que há inúmeras otimizações para tornar os chips mais eficientes.
Olhares mais atentos de entusiastas e usuários ligados nas notícias de hardware também devem notar as similaridades do Z1 e Z1 Extreme com o Ryzen 5 7640HS e Ryzen 9 7940HS, ambos munidos de ficha técnica praticamente idêntica. Para essa questão, o gerente de marketing técnico afirma haver "otimizações de consumo e voltagem na linha Z1, entre diversas outras diferenças, que não estão presentes na família Ryzen 7000".
Independente disso, o esforço em lançar chips dedicados para consoles portáteis é louvável e deve intensificar ainda mais o segmento após o sucesso estrondoso do Steam Deck. Os novos Ryzen Z1 e Z1 Extreme chegam primeiro ao ROG Ally, em 11 de maio, mas a AMD garante que outros dispositivos utilizarão essas — e futuras soluções da linha, que teria "chegado para ficar" — em breve.