6 curiosidades sobre o mundo do hardware
Por Renan da Silva Dores • Editado por Wallace Moté |

O mundo do hardware impressiona a cada ano, com novidades que parecem saídas de um filme ou série de ficção científica. Os celulares já são capazes de dobrar, temos notebooks muito potentes e completamente silenciosos e já existem placas de vídeo capazes de replicar o comportamento da luz em tempo real, tecnologias impensadas há alguns anos.
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Pensando nisso, o Canaltech reuniu neste artigo 6 curiosidades do mundo do hardware para celebrar a rápida evolução dos PCs e seus componentes, indo do primeiro computador, passando pelo primeiro processador e chegando ao computador mais rápido do mundo.
Qual é o maior armazenamento da atualidade?
Oficializado em março de 2018, o ExaDrive da empresa Nimbus Data é um SSD voltado para uso empresarial e militar disponível nos formatos SATA e SAS, e é atualmente o dispositivo de armazenamento com a maior capacidade do mundo, atingindo impressionantes 100 TB. Vale lembrar que muitos computadores e notebooks modernos são vendidos ao público com discos de 256 GB a até 4 TB.
Segundo a Nimbus, o ExaDrive foi desenvolvido para encarar "desafios intensos", como o transporte e a migração de dados, e oferece "capacidade, eficiência energética e durabilidade incomparáveis no mercado" graças a uma arquitetura própria. Além dos elevados 100 TB, o disco conta ainda com versões pensadas para empresas menores, em capacidades de 16 TB, 32 TB, 50 TB e 64 TB.
Qual é o computador mais rápido do mundo?
Desenvolvido através de uma parceria do instituto japonês de pesquisa Riken com a fabricante de eletrônicos Fujitsu, o Fugaku é um supercomputador dedicado a processamento de Inteligência Artificial e pesquisas médicas e é hoje considerado o computador mais rápido do mundo.
Uma de suas características mais curiosas é o processador utilizado nos múltiplos racks que o compõem — um A64FX de 48 núcleos, baseado na arquitetura ARM, mesma utilizada nos chips de celulares.
A máquina bateu um recorde no final de junho de 2021 ao atingir 442 petaFLOPs (PFLOPs) de poder computacional, o equivalente a 442 mil teraFLOPs (TFLOPs). Em comparação, um PlayStation 5 entrega 10,28 TFLOPs, um Xbox Series X atinge 12 TFLOPs e a Nvidia GeForce RTX 3090, placa de vídeo mais poderosa para games, oferece 35,5 TFLOPs.
Para atingir os 442 PFLOPs do Fugaku, seriam necessários quase 43 mil PS5, quase 37 mil Xbox Series X ou mais de 12 mil RTX 3090.
Qual é o menor computador do mundo?
Oficializado em 2018, o Michigan Micro Mote foi desenvolvido por um time de pesquisadores da Universidade de Michigan, após terem o título de menor computador do mundo tomado pela IBM. Uma evolução do Micro Mote original lançado em 2014, o dispositivo de 2018 mede apenas 0,3 mm x 0,3 mm, sendo minúsculo mesmo quando comparado a um grão de arroz.
Justamente devido às suas dimensões quase microscópicas, o M3, como também é conhecido, é alimentado por luz solar e não pode ser equipado com antenas, transmitindo assim os dados através da luz visível. Em 2021, o Micro Mote foi utilizado por pesquisadores para estudar o caso de uma espécie de lesma haitiana que sobreviveu a uma extinção em massa.
Um ponto curioso é que tanto o concorrente da IBM quanto o mais recente Michigan Micro Mote desafiam o conceito do que é um computador, já que ambos perdem todos os dados caso sejam desligados.
Como era o primeiro computador?
O Computador e Integrador Numérico Eletrônico, ou ENIAC na sigla em Inglês, é tido como o primeiro computador do mundo, ainda que outros projetos, que acabaram não se popularizando, tenham sido inventados antes. Oficializado em fevereiro de 1946, a máquina era muito diferente dos laptops e smartphones modernos, ocupando salas inteiras.
O ENIAC custou US$ 500 mil da época, o equivalente a US$7,2 milhões ou cerca de R$ 40 milhões na cotação de 2020, pesava 27 toneladas e se estendia por 24 metros, em uma área de 167 metros quadrados. Seus 18.800 tubos de vácuo consumiam 150 kW de energia, o equivalente à quantidade de energia gerada pelo motor de um carro elétrico como o Volkswagen ID.4.
Comparando seu poder de processamento a computadores atuais, o enorme aparelho seria inferior a uma calculadora de bolso. Ainda assim, sua criação representou um enorme avanço para a realização de cálculos complexos de maneira rápida. Como é possível imaginar, o processo de programar e executar tarefas não era nada fácil, e exigia o esforço de dezenas de pessoas.
Por ser uma profissão pouco valorizada em uma época em que as mulheres ainda não haviam conquistado seus direitos, cabia a elas assumirem o posto. As programadoras precisavam conectar e desconectar cabos o tempo inteiro para poder rodar os programas do ENIAC. Diante disso, programar algo novo levava dias, enquanto o processo de busca por falhas, hoje conhecido por debug, durava semanas.
Devido à complexidade, o ENIAC apresentava falhas duas vezes ao dia no início. Conforme materiais de melhor qualidade foram sendo desenvolvidos, a taxa de problemas diminuiu aos poucos, caindo para uma vez a cada dois dias. Para facilitar a troca dos componentes danificados, o computador era modular, permitindo assim que trechos inteiros fossem removidos facilmente para manutenção.
Qual foi o primeiro processador?
Em 1969, a japonesa Busicom, conhecida na época como Nippon Calculating Machine Corporation, procurou a Intel para a fabricação de chips de processamento para a Busicom 141-PF, calculadora de impressão da companhia. Diante do pedido, os engenheiros da Intel sugeriram o desenvolvimento de quatro chips, incluindo uma CPU. O conjunto desenvolvido ficou conhecido como MCS-4, liderado pelo chip 4004.
Dois anos depois, em 1971, a Intel comprou os direitos dos componentes da Busicom e lançou em 15 de novembro de 1971 o Intel 4004, considerado o primeiro processador programável de uso geral do mundo. O componente foi a base que incentivou o desenvolvimento de novas CPUs, e teve como slogan "Anunciando uma Nova Era na Eletrônica Integrada".
Apesar de possuir dimensões próximas às de uma unha, segundo a gigante de Santa Clara, o Intel 4004 já possuía poder computacional equivalente ao do ENIAC. O chip continha 2.300 transistores e era fabricado em um processo de 10 micrômetros, ou 10 mil nanômetros.
Em comparação, o A15 Bionic, processador do iPhone 13, conta com 15 bilhões de transistores, um aumento de 6,5 milhões de vezes, e é fabricado em um processo de 5 nanômetros, uma redução de 2 mil vezes.
Qual foi o primeiro notebook?
Assim como outras invenções, incluindo o ENIAC, há discussões sobre qual teria sido o primeiro notebook. O conceito de um computador portátil, por exemplo, já havia sido discutido pelo cientista da computação Alan Kay, da divisão de pesquisa e desenvolvimento da Xerox, a Xerox PARC, em 1968. Ainda assim, historiadores creditam o desenvolvimento do primeiro notebook ao autor e desenvolvedor Adam Osborne.
Com ajuda do ex-engenheiro da Intel Lee Felsenstein, Osborne fundou sua própria empresa e lançou em 1981 o Osborne 1, o primeiro notebook do mundo. A máquina pesava 10 kg e possuía visual bem diferente dos laptops modernos, assemelhando-se mais a uma mala. O processamento contava com chip Z80A, rodando a 4 MHz, acompanhado de 64 KB de RAM e 4 KB de armazenamento.
Inicialmente, o dispositivo precisava ser conectado a uma tomada, até receber um pack de bateria, que oferecia autonomia de uma hora. Com preço de US$ 1.795, o que equivaleria a US$ 4.945 em 2019, o Osborne 1 foi um sucesso de vendas e estava prestes a ganhar um sucessor, o Osborne Vixen, tendo como novidades o suporte ao MS-DOS e certificação IBM Compatible.
No entanto, a Compaq acabou sendo a primeira a lançar um computador portátil IBM Compatible, o que levou a uma queda brusca nas vendas e consequente falência da Osborne. A situação levou ao surgimento do termo Efeito Osborne no mundo dos negócios.
Fonte: Times of India, Nimbus Data, NIKKEI Asia, Fujitsu, Universidade de Michigan (1, 2), New Atlas, Intel, The Centre for Computing History, History Computer