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Destaques da NASA: fotos astronômicas da semana (05/12 a 11/12/2020)

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NASA/ESA/J. Hester/P. Scowen/Kevin Saragozza/Georges Attard
NASA/ESA/J. Hester/P. Scowen/Kevin Saragozza/Georges Attard
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Nesta semana, os destaques da NASA trazem uma recordação triste. É que a agência espacial trouxe para o site APOD (Astronomy Picture of the Day) o vídeo da queda da cúpula suspensa do Observatório de Arecibo sobre seu prato refletor. O telescópio foi destruído em um acidente trágico para a astronomia, uma grande perda para a ciência.

Mas também há imagens espetaculares, e a grande protagonista dessa semana é a nossa amada Lua. Ela aparece três vezes, em diferentes abordagens. Também há nebulosas — as queridinhas de muitos admiradores da astronomia — e um curioso fenômeno meteorológico de nosso planeta.

Sábado (05/12) — Oceano das Tormentas

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Esta imagem da Lua parece um close muito próximo? Bem, pode ser muito mais aproximada do que a maioria das fotografias que vemos, mas ainda está tão longe que não podemos ver a nave chinesa Chang’e 5. Ela está em algum lugar dessa região, próximo da formação conhecida como Mons Rumker, um complexo de cúpulas vulcânicas com 70 km de largura e 1100 metros de altura.

O Mons Rumker está no lado esquerdo da imagem e fica dentro dessa área lisa e enorme, chamada Oceanus Procellarum, ou Oceano das Tormentas. A luz do dia alcançou essa área no final do mês passado, por isso ainda vemos a sombra ali perto — a foto foi tirada durante a lua crescente do dia 27 de novembro.

Essa região foi escolhida pelos chineses para o pouso da Chang’e 5 porque é um local relativamente fácil de realizar uma alunissagem segura. Os dois módulos que pousaram juntos na Lua se separaram no dia 3 de dezembro para que o módulo de subida carregasse consigo as amostras lunares até a órbita da Lua, onde ele se encontrou com a nave que permanecia por lá, aguardando. Após o encontro, o módulo de subida foi destruído em um arremesso intencional na superfície lunar, enquanto a nave volta para a Terra com o material coletado.

Domingo (06/12) — Pilares da Criação

Pode até ser um clichê da astronomia, mas a foto “Pilares da Criação” continua sendo uma das imagens mais icônicas já capturadas pelo Telescópio Espacial Hubble. Tanto é que já apareceu algumas vezes no site APOD, e provavelmente aparecerá novamente no futuro. E, convenhamos, é sempre interessante dar uma olhada novamente nessas colunas fascinantes.

Essa estrutura era uma parte da Nebulosa da Águia, localizada a cerca de 6.500 a 7.000 anos-luz da Terra. Ao todo, a nebulosa tem 55 a 70 anos-luz de diâmetro, mas os “Pilares da Criação” abrangem apenas uma parte que se estende por cerca de “apenas” 4 a 5 anos-luz. O nome da imagem se deve tanto ao formato que lembra colunas (pilares) e a “função” desses aglomerados de gás e poeira. É que ali estava um enorme berçário de estrelas, ou seja, todo este material eram ingredientes para a formação de inúmeros “sóis”.

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Estamos nos referindo aos pilares no passado porque é bem provável que eles não existam mais. O que o Hubble viu ao fotografá-los em 1995 era sua luz, que levou 7.000 anos para viajar pelo espaço até atingir o espelho do telescópio. Imagens mais recentes tiradas com o telescópio espacial Spitzer mostraram uma nuvem quente em torno dos pilares da criação, o que para muitos cientistas foi uma onda de choque gerada por uma supernova, que teria explodido há cerca de 6.000 anos, devastando as três colunas.

Segunda-feira (07/12) — Mammatus

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Você já viu nuvens como estas? As nuvens mammatus são bem intrigantes, e muitos já fotografaram este fenômeno da atmosfera sem saber exatamente do que se trata. Não é à toa, nuvens mammatus chamam bastante a atenção e merecem o destaque. Elas surgem a partir da dinâmica de fluidos e estão relacionadas à física das nuvens, mas ainda há algum mistério no que diz respeito à formação delas.

O termo "mammatus" deriva de mamma, devido à associação dessas nuvens ao formato de seios. O que se sabe é que elas são formadas em ar descendente, ao contrário das nuvens "normais", que se formam em ar ascendente. Normalmente, asa nuvens mammatus estão associadas a uma nuvem cumulonimbus (um tipo de nuvem que tem desenvolvimento vertical e cujo formato lembra uma bigorna) e são observadas mais frequentemente depois de uma tempestade forte. Cada lobo mammatus mede cerca de um quilômetro.

Terça-feira (08/12) — Conjunção planetária

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Esta conjunção fantástica entre Júpiter, Saturno e a Lua é apenas uma prévia do que virá no dia 21 de dezembro. Aqui, os dois maiores planetas do Sistema Solar estão formando um triângulo quase perfeito ao redor do Farol Antigo do Cabo Murro di Porco em Siracusa, Sicília, Itália. A foto foi tirada em novembro, e os planetas estão agora muito mais próximos um do outro, e você já pode observá-los durante a noite.

Esse alinhamento é um evento relativamente raro, acontecendo uma vez a cada 20 anos. Contudo, dessa vez, nós teremos a chance de contemplar uma aproximação ainda maior entre os dois planetas — a última vez em que eles estiveram tão próximos no céu foi na Idade Média, num fenômeno que, popularmente, muitos chamam de "Estrela de Natal".

A partir do dia 16 de dezembro e até o dia do Natal, o cenário cósmico estará bem interessante de se observar. Você poderá ver os planetas separados por menos do que o diâmetro de uma Lua cheia, a partir de qualquer parte do globo terrestre — embora os habitantes do hemisfério Sul tenham o privilégio de prestigiar o evento por mais tempo. Outra boa notícia é que não será necessário ficar acordado até de madrugada para observar a conjunção.

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Quarta-feira (09/12) — R.I.P. Arecibo

O Observatório de Arecibo foi peça fundamental para a comunidade internacional de astrônomos por mais de 50 anos. No dia 1° de dezembro, sua cúpula suspensa despencou de 110 metros de altura sobre o gigantesco prato refletor, destruindo boa parte da estrutura. Por muito tempo, ele foi o maior radiotelescópio do mundo, e se tornou icônico ao aparecer como cenário de alguns filmes, como 007 Contra GoldenEye e Contato.

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Projetado inicialmente para estudar a ionosfera terrestre, o observatório foi rapidamente aproveitado pelos astrônomos devido às suas incríveis capacidades de observação. Foi usado para projetos de detecção de ondas gravitacionais, na busca por planetas potencialmente habitáveis, e foi responsável pela detecção do primeiro pulsar binário.

Foi também através do Arecibo que os cientistas detectaram as primeiras rajadas rápidas de rádio repetitivas (FRBs), um mistério que se arrasta há mais de dez anos. Este observatório também é insubstituível no estudo de pequenos objetos perto da Terra. Os cientistas usavam o Arecibo para analisar planetas rochosos, asteroides e satélites naturais, incluindo a Lua, obtendo com os instrumentos da instalação medições precisas dos objetos, melhorando assim a previsão da órbita de um asteroide, por exemplo.

Quinta-feira (10/12) — Nebulosa do Espaguete

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A supernova Simeis 147, também conhecida como Sharpless 2-240, ou ainda “Nebulosa do Espaguete”, é uma estrutura cheia de filamentos intrincados. Na verdade, trata-se do remanescente de uma supernova que tem mais de 40 mil anos. Em outras palavras, uma estrela explodiu em supernova há mais de 40 mil anos e um dos resultados foi esta bola de filamentos coloridos de gás e poeira. Da estrela que explodiu, também restou uma estrela de nêutrons giratória — um pulsar.

Localizada entre as constelações de Touro e Auriga, a nebulosa cobre um espaço equivalente a 6 luas cheias no céu — o que é muito, por sinal. Sabendo que ela está a 3 mil anos-luz de distância, os astrônomos calculam que ela mede cerca de 150 anos-luz de diâmetro. Ou seja, ela é tão grande que para atravessar sua extensão seria necessário viajar à velocidade da luz durante 150 anos.

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Sexta-feira (11/12) — Crateras Messier

Essas crateras de formato peculiar estão em uma região da Lua conhecida como Mare Fecunditatis, e foram causadas pelo impacto de algum objeto que voava em um ângulo muito raso antes de colidir contra a superfície lunar. As crateras se chamam Messier (à esquerda) e Messier A (à direita), e medem cerca de 15 km de largura. Pois é, parecem pequenas, mas seria necessária uma boa caminhada para percorrê-las.

As cores estranhas desta imagem não são um defeito. É que ela foi projetada para ser visualizada com um par de óculos 3D (daqueles com uma lente vermelha e outra azul, para dar um efeito de profundidade). A dupla de crateras recebeu o nome em homenagem a Charles Messier, astrônomo e caçador de cometas do Séc XVIII, nascido na França. Ele descobriu 16 cometas e criou o famoso catálogo de "objetos de céu profundo", popularmente conhecido como Catálogo Messier. Por isso o nome do astrônomo costuma aparecer na nomenclatura de muitos outros objetos do cosmos.

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Fonte: APOD