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Por que o CGI de Mulher-Hulk parece tão ruim?

Por| Editado por Jones Oliveira | 18 de Maio de 2022 às 17h00

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Marvel Studios
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A divulgação do primeiro trailer de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis gerou uma repercussão mais negativa do que otimista para a nova série da Marvel no Disney+. Programada para chegar ao streaming no dia 17 de agosto, o seriado virou motivo de piada e preocupação principalmente por causa dos efeitos especiais usados para transformar a atriz Tatiana Maslany na heroína esmeralda. Mas por que o CGI incomodou tanto?

A verdade é que as críticas não são novas. Os fãs da Marvel já reclamam há algum tempo da qualidade dos efeitos aplicados em seus filmes e séries. Basta lembrar dos comentários feitos na batalha final de Pantera Negra ou mesmo da falta de refinamento em Cavaleiro da Lua e até em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.

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Só que, mesmo assim, Mulher-Hulk parece ser um caso que vai um pouco além dessa última gota de um problema que já persiste há mais tempo. Há algumas razões a mais que intensificam esse estranhamento na história da prima do Hulk — e que pode ser tanto a desgraça quanto a salvação da vindoura série.

O vale da estranheza

Fazer um CGI humano não é algo tão simples. Embora a gente sempre goste de dizer que a tecnologia avançou a níveis inacreditáveis e acreditar que iniciativas como a de rejuvenescer Mark Hamill para ele permanecer eternamente jovem serão o futuro do cinema, a verdade é que as coisas não estão tão avançadas assim.

Até porque computação gráfica é algo trabalhoso e, portanto, caro. São infinitos detalhes que as equipes responsáveis precisam trabalhar para garantir que a imagem fique o mais realista possível em tela. Textura da pele, efeitos de iluminação, movimentos dos músculos e do cabelo e expressões faciais — apenas para citar alguns. Isso sem falar daqueles micromovimentos que são praticamente impossíveis de replicar e que fazem com que o Luke Skywalker digital de The Book of Boba Fett pareça um boneco de cera.

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E essa é uma das principais razões para que a Mulher-Hulk pareça tão irreal em Defensora de Heróis. Repare no trailer como o rosto da personagem é liso como um boneco de videogame, sem qualquer tipo de imperfeição comum a qualquer pessoa. E quando ela faz caras e bocas quando dá match no Tinder, a movimentação dos músculos do rosto não é exatamente a mesma de uma pessoa de verdade, o que faz com que ela pareça muito mais o meme da boneca Momo do que a atriz Tatiana Maslany.

Esse vale da estranheza fica ainda mais evidente porque, ao contrário do que acontece com o Hulk, a heroína carrega um visual bem mais humano — e a gente sabe como um corpo humano funciona, se move e reage. Enquanto o Hulk e o Abominável são monstruosos e desproporcionais, o que garante uma mais liberdade poética para serem irreais, a Mulher-Hulk é, em resumo, a sua intérprete maior e mais verde.

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E é isso que permite que a gente compare e aponte o quão estranho tudo está. Isso fica ainda mais evidente pelo simples fato de a personagem ser a protagonista da trama e, portanto, ter muito mais destaque. Enquanto o Hulk aparecia aqui e ali em meio aos Vingadores, a sua prima vai ser a estrela da sua própria série e terá muito mais tempo de tela — ou seja, mais tempo para notarmos essas imperfeições técnicas.

Além disso, o trailer também traz a maioria das cenas de Jennifer Walters durante o dia, o que é um desafio a mais para o CGI. Já reparou como praticamente todos os filmes de heróis concentram suas cenas de ação no escuro? É uma solução artística para amenizar e disfarçar todas essas imperfeições, mas que não funciona quando a personagem é uma advogada que anda em sua forma colossal 24 horas por dia.

É quase como se um holofote fosse colocado em cima de todas essas limitações, evidenciando um problema que não é exclusivo da Mulher-Hulk, mas que ela passa a personificar por não conseguir driblá-lo.

Limitações orçamentárias

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Como dito, trabalhar com um bom CGI é algo trabalhoso e que, por isso mesmo, é bastante caro. É por essa razão que filmes como Vingadores: Ultimato têm um orçamento estratosférico.

Por isso mesmo é que as séries de TV sempre foram mais comedidas no uso de efeitos visuais. Enquanto o cinema trata esses gastos como investimentos pensando em um retorno em bilheteria, as produções para TV costumam ter um orçamento mais modesto que quase nunca permitiam grandes exageros visuais.

Há exceções, como foi com Game of Thrones, mas o mais comum são casos como os seriados da CW, que usavam personagens digitais ou faziam um desbunde de poderes só em ocasiões muito especiais ao longo de suas temporadas.

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Esse é o outro ponto que ajuda a entender por que as coisas estão tão estranhas com Mulher-Hulk: Defensora de Heróis. Por mais que a Walt Disney Company jorre dinheiro, o bolso do Mickey não é infinito e não há como comparar o orçamento da série de uma personagem quase desconhecida do público com as grandes estreias do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU, na sigla original) nos cinemas.

Há tempo para mudança?

Para ser bem realista, as chances de vermos uma grande mudança na qualidade da Mulher-Hulk são bem baixas. Faltam apenas três meses para a estreia de Defensora de Heróis e é difícil acreditar que haverá tempo hábil de refazer todos os modelos digitais. Até porque isso é caro.

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Embora o caso do Sonic tenha enchido o coração dos fãs de que basta pressionar os estúdios para que eles se dobrem ao apelo popular, o caso do ouriço teve um preço. Refazer o design do personagem fez Sonic: O Filme custar US$ 35 milhões a mais do que se projetava inicialmente para uma história de 1h40. Então quanto custaria fazer o mesmo para uma série de nove episódios?

Ignorando o fato que isso poderia fazer o seriado atrasar meses para dar conta do retrabalho, esse novo investimento praticamente selaria o destino da Mulher-Hulk. Supondo que a Disney aceite desembolsar mais alguns milhões para melhorar o visual da heroína, isso faria o custo de produção disparar para um retorno que pode não valer muito a pena. Em outras palavras, poderia ser o caminho para um prejuízo que decretaria a morte de Jennifer Walters.

A volta por cima da Mulher-Hulk

Apesar de todas as críticas e piadas em cima da Mulher-Hulk — algo que até a concorrência fez, com a HBO Max a comparando com a Fiona, de Shrek —, pode ser que esse visual meio vagabundo possa ser usado dentro da própria série como elemento de humor e quebra de quarta parede. É o tipo de solução que não ameniza o trabalho meia-boca apresentado pela Marvel, mas que pode ser revertido para destacar aquilo que há de mais interessante na personagem: o bom-humor.

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Muito antes de Deadpool sequer existir, a Mulher-Hulk já conversava com o leitor de quadrinhos em suas revistas e até brincava com a diagramação das páginas e brigava com o próprio autor por causa de algumas situações. Em uma das passagens mais icônicas da fase de John Byrne, por exemplo, Jennifer Walters rasga o desenho e sai de trás dos quadros para protestar contra a preguiça do artista na hora de desenhar.

E isso poderia ser facilmente replicado dentro do MCU para explorar essa característica da personagem. Já imaginou se a Mulher-Hulk vai tirar satisfação com Kevin Feige sobre o baixo orçamento da sua série e o fato de ela estar parecendo a Lu do Magalu? É o tipo de piada que funciona dentro do estilo de história da heroína e que casa bem com o humor da Marvel. Isso sem falar que os filmes e séries já vêm há algum tempo ensaiando brincadeiras com a quarta parede, o que pode ser mais desenvolvido em Defensora de Heróis.

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Mas, de novo: isso seria muito mais uma forma de tirar proveito de um problema do que uma justificativa real para esse visual estranho. Ainda assim, é uma boa saída para nos lembrar que o conteúdo é mais importante do que a forma.

Mulher-Hulk: Denfesora de Heróis estreia no Disney+ no dia 17 de agosto de 2022.