Ferrari | 5 motivos para assistir ao filme de Adam Driver
Por Felipe Demartini • Editado por Durval Ramos |
Ferrari estreia nesta quinta-feira, 22 de fevereiro, nos cinemas brasileiros. O longa de Michael Mann (Tokyo Vice) traz para as telas um trecho da história de Enzo Ferrari, fundador da marca que se tornou um mito do automobilismo e dos carros de luxo. Aqui, ele é interpretado por Adam Driver (História de um Casamento).
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Na história, estamos em 1957, ano em que a Ferrari completa 10 anos de sua fundação e se encontra em um momento complicado, à beira da falência. Enquanto isso, o próprio Enzo enfrenta um inferno pessoal, lidando com a morte recente do filho que dilacerou seu casamento com Laura (Penélope Cruz) ainda mais do que seu relacionamento extraconjugal.
Como normalmente acontece nas tramas sobre carros, uma corrida decisiva parece trazer todas as resoluções necessárias para a história. Mas Ferrari vai bem além de ser um longa sobre automobilismo, com alguns dos motivos para assistir ao filme mostrando o porquê.
5. Recorte fora do comum
Apesar do título e até da própria divulgação, Ferrari é um filme que trata muito mais das pessoas do que dos carros. Apesar de a marca estar sempre nos holofotes, os veículos em alta velocidade aparecem menos do que se poderia esperar de um longa desse tipo, já que o foco está sobre os personagens e seus dramas pessoais.
O tom, aliás, é sisudo e sério o tempo todo, e mesmo os momentos que deveriam ser de paz e celebração assumem contornos bem mais soturnos. Estamos em um momento em que a Ferrari ainda não era o ícone que conhecemos e estava à beira de quebrar, com o fundador vendo a possibilidade de seu sonho ser vendido para marcas maiores, incluindo a americana Ford, um negócio visto como uma desonra para os italianos tradicionais.
Seria muito fácil para Mann criar um longa que enaltecesse a história da marca, seus feitos nas pistas e como ela chegou à glória, mas isso também seria contar algo que todo mundo já conhece. Ferrari, então, acaba lançando luz sobre um momento bem particular, tanto do protagonista quanto do automobilismo, o que faz com que ele nem mesmo possa ser considerado um filme biográfico no sentido mais comum.
4. Penélope Cruz, apenas
Esse foco nos personagens, claro, faz com que as interpretações dos atores sejam o principal destaque de Ferrari. E, 3.entre todas as boas atuações, a de Penélope Cruz (Assassinato no Expresso do Oriente) é a que mais brilha, com um olhar de profunda tristeza e falas pesadas que demonstram toda a dor de sua personagem.
Laura Ferrari se vê, ao mesmo tempo, em um casamento destroçado e tendo de lidar com a perda recente do filho, Dino. Enquanto isso, seu marido busca conforto em um relacionamento extraconjugal que faz com que não apenas ela, mas a memória de seu primogênito, soem substituíveis. Sua única cartada é o controle que tem sobre a Ferrari, algo que vê sendo igualmente ameaçado pelo machismo da época e a necessidade de salvação da falência.
É, sem dúvida, uma das atuações mais fortes da carreira da atriz e uma clara falha do Oscar 2024, que nem mesmo a indicou para a categoria.
3. É do Brasil
Ferrari também é uma ótima oportunidade de ver o ator Gabriel Leone (Eduardo e Mônica) ao volante antes de um desafio dos grandes. Afinal de contas, ele será Ayrton Senna em uma produção original da Netflix, que ainda está em desenvolvimento e não tem data de estreia marcada.
No longa de Mann, ele interpreta Alfonso de Portago, piloto espanhol que é uma das apostas de Ferrari para vencer a Mille Miglia, antiga corrida de resistência que cortava a Itália. Ele é parte do time de quatro corredores inscritos por Enzo para a prova e também um dos que mais trazem atenção à equipe, devido ao seu relacionamento com a atriz Linda Christian (Sarah Gadon).
Uma oportunidade de marketing que, acima da pilotagem, também soou bem interessante para Enzo. O tiro, porém, quase saiu pela culatra, por motivos que você terá de assistir ao filme para entender.
2. 1.000 milhas pelo interior da Itália
A própria Mille Miglia, aliás, merece destaque aqui. A prova que representa o ápice dos anseios e esperanças de Ferrari ocupa toda a porção final do longa e serve como o seu clímax, com uma representação crua não somente da competição em si, mas também da fragilidade dos carros e da falta de segurança do automobilismo da época.
Os pilotos, nos anos 1950, nem mesmo usavam cintos de segurança enquanto rodavam a mais de 150 km/h por estradas que não foram feitas para corridas, trajando apenas um capacete simples e jaquetas de couro. Esse é, inclusive, outro trunfo de Ferrari, que torna as cenas de corrida mais uma torcida para que todo mundo chegue vivo no final do que pela vitória dos carros vermelhos em si.
1. A volta de Michael Mann
Ferrari também marca a volta de Michael Mann após mais de oito anos longe das câmeras. Seu último trabalho no cinema havia sido Hacker, de 2015, baseado na história real do vírus Stuxnet e com Chris Hemsworth (Thor: Amor e Trovão) no papel principal. É claro, ele não deixou de trabalhar durante todo esse tempo, acumulando créditos de produção em longas como Ford Vs Ferrari e Inimigos Públicos, mas é sempre bom tê-lo de volta na cadeira de diretor.
2023, aliás, foi o ano dessa retomada, já que ele dirigiu não apenas Ferrari, como também o episódio piloto de Tokyo Vice, série baseada em fatos reais sobre uma investigação jornalística sobre a Yakuza. Vale a pena, ainda, conhecer outros trabalhos estrelados de Mann, como Colateral, O Informante e O Último dos Moicanos, que rendeu a ele o Oscar de melhor diretor em 1992.