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Como eram feitos os sarcófagos e como alojavam os mortos?

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Wilfredo Rafael Rodriguez Hernandez/Domínio Público
Wilfredo Rafael Rodriguez Hernandez/Domínio Público

Os famosos caixões do antigo Egito são tão icônicos que viraram um sinônimo do termo usado para descrevê-los — sarcófago, na verdade, é uma palavra que significa qualquer caixa ou caixão. Mesmo a contenção de concreto posta sobre a acidentada usina de Chernobyl leva o nome de “sarcófago de concreto”.

De forma resumida, sarcófagos exercem a mesma função que um caixão moderno, protegendo e preservando os restos mortais dos falecidos. Em grego, sarco significa carne, e phagus, comedor, sendo então “aquele que come a carne”, referência à decomposição do cadáver em seu interior. Os egípcios, no entanto, descobriram como evitar isso — e iniciaram uma tradição milenar.

História e uso dos sarcófagos

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Antes do advento das caixas no formato dos mortos, que atualmente são praticamente sinônimos de “sarcófago”, os antigos egípcios simplesmente enterravam os corpos dos entes queridos na areia, onde o calor escaldante os dissecava e deixava preservados, muito antes dos caixões surgirem.

Em algum momento, eles começaram a guardar os corpos em caixas de madeira simples, onde acabavam se decompondo — e, eventualmente, decompondo também a madeira.

A mumificação (ou embalsamamento), então, para além dos seus propósitos rituais e religiosos, surgiu como uma maneira de evitar o apodrecimento dos corpos. Ao retirar os órgãos, ressecá-los junto ao corpo e conservá-los, de forma semelhante à natural feita pela areia, os restos mortais permaneciam intactos por um longo período, resolvendo o problema.

Do ponto de vista religioso, o sarcófago guarda o “ka” (força vital) do falecido, sendo sua casa para a eternidade. Quando o corpo se deteriorava, considerava-se que a pessoa havia realmente morrido, dando grande importância à mumificação.

Os egípcios acreditavam que o corpo serviria como veículo para a alma no futuro — ainda assim, não temiam que as múmias acordassem, como na cultura popular moderna. Os sarcófagos eram reservados aos mais abastados do Antigo Egito, como faraós, nobres e suas famílias, bem como sacerdotes.

Os mais pobres podiam comprar sarcófagos usados ou fabricar caixões de madeira mais simples. Para além das caixas, os egípcios começaram a proteger os corpos em tumbas grandes, conhecidas como mastabas, evoluindo até as enormes e famosas pirâmides.

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A cultura de decorar os sarcófagos evoluiu aos poucos, virando moda em torno do Primeiro Período Intermediário (entre 2134 a.C. e 2040 a.C), quando os adornos passaram a ser feitos para combinar com as pinturas das tumbas e ganharam entalhes com textos religiosos. Pouco depois, as tampas passaram a ser esculpidas com silhueta humana, ficando ainda mais popular no século seguinte.

É então que detalhes como o visual semelhante ao deus Osíris surgiram, como barba postiça, braços cruzados e olhos de Hórus (wedjat), criando a forma da tampa que vem à mente nos dias de hoje. Os sarcófagos abrigavam apenas o corpo dissecado dos mortos, após terem os órgãos retirados e serem ressecados por uma espécie de salmoura por alguns dias.

Os órgãos também ficavam nas tumbas, em jarros canópicos, marcados com deuses protetores. Com tudo isso preservado, acreditava-se que o falecido pudesse passar para o além-vida e lá "viver sua morte", sendo julgado para saber onde passaria a eternidade. Muitas vezes, páginas de feitiços úteis do Livro dos Mortos — para evitar perigos do pós-morte — eram colocadas para ajudar o morto.

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Uma curiosidade é que diversos animais também eram mumificados, em geral pela sua importância divina — isso inclui crocodilos, lagartos, babuínos e gatos, muitas vezes postos junto aos mortos nas tumbas. As descobertas de tumbas seguem firmes no Egito — em 2024, uma tumba ainda lacrada foi encontrada no país, e, nos últimos anos, centenas de múmias surgiram em diversas partes do país.

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